A Rádio Transamérica entrevistou, nesta segunda-feira (11), Laiz Perrut (PT), na série com os vereadores eleitos em Juiz de Fora. Ela vai para o segundo mandato, após receber 4.809 votos.
Transamérica: Em quem a senhora pretende votar para a Mesa Diretora da Câmara?
Laiz Perrut: Essa é uma conversa que a gente já vem tendo há muito tempo. Vou votar no Garotinho novamente, que fez um bom trabalho à frente da Casa Legislativa, com muito diálogo com a nossa bancada, então a bancada do PT está fechada com o Garotinho.
Transamérica: Você já tem uma pauta para esse próximo mandato?
Laiz Perrut: Sim, a gente quer continuar. Acho que o segundo mandato é um mandato de continuidade. Não vamos romper com nada que a gente tenha defendido, que tenha feito. Todos os projetos de lei que eu quis aprovar, eu aprovei. Foram 45. Na verdade, quase todos. Tem um que eu não aprovei, que é o que veda homenagens a escravocratas, membros da ditadura e pessoas que violam direitos humanos. (… ) A gente quer continuar, lógico, com a pauta das mulheres, a pauta da juventude, da cultura, que é muito fundamental. Mas pretendo alcançar outros voos. A pauta racial tem se tornado muito fundamental no nosso mandato, junto com a pauta dos povos de terreiro, da diversidade religiosa como um todo. Uma coisa mais palpável, acho que é regulamentar as leis que a gente fez, que muitas ainda não estão regulamentadas. Ainda não estão em vigor, vamos pôr assim. Está só no papel. Queremos tirar as nossas leis do papel.
Transamérica: O projeto citado foi rejeitado em dois anos. Como você pretende fazer para aumentar esse diálogo com os parlamentares para buscar essa aprovação?
Laiz Perrut: Eu acho que não faltou diálogo. Fiz concessões de poder ter alguma emenda aditiva, substitutiva que a gente pudesse ter, apesar de eu não querer a transformação do projeto. Mas colocaram emendas e mesmo assim votaram contra. Então acho que, na verdade, é um ponto de vista mesmo dos vereadores que estavam ali. No entanto, também é o meu ponto de vista querer que esse projeto seja aprovado e achar importante. Eu, como historiadora, acho muito importante que a gente não homenageie pessoas que foram muito ruins para o nosso país, para a nossa cidade. Porque quando a gente vê uma homenagem, um busto, uma rua, a gente pensa que essa pessoa foi boa para o país, para a cidade. São exemplos. Vamos pôr, por exemplo, Dona Isabel, que faleceu hoje. É uma pessoa que possivelmente pode ser uma homenageada da nossa cidade. E não pessoas que fizeram tanto mal para a nossa cidade. Por isso que eu vou bater nessa tecla, vou entrar com esse projeto de novo. Já em janeiro esse projeto volta e ele vai voltar do jeitinho que ele foi porque eu quero mostrar que é importante. Agora, se os vereadores vão entender que ele é, eu já não sei.
Transamérica: Você acha a nova composição da Câmara mais conservadora?
Laiz Perrut: Eu não sei se está mais conservadora, mas a gente tem outros atores e atrizes conservadoras voltando e entrando para a Câmara. Como a questão das mulheres. A gente tem cinco mulheres, em 2020 já havia sido o recorde, agora é o recorde novamente. Mas não são cinco mulheres que defendem a pauta que eu defendo, a pauta de direito para as mulheres. Então eu não acredito que tenha melhorado em números. Porque também a gente não fala que quer mais mulheres na política. Não. A gente quer mais mulheres na política que dialogam com a classe trabalhadora, com as minorias que a gente precisa defender, com os nossos direitos que a gente ainda precisa ampliar. Então ainda é muita coisa para pensar, eu ainda estou fazendo essa análise. O que eu estou falando aqui ainda são coisas superficiais, porque a gente ainda está analisando bem. Eu acho que o contexto político e a eleição, tem que dar uma esfriada para poder analisar, ver como vão ser os arranjos dentro da Câmara. Com certeza, Margarida continua tendo a maior base ali da Câmara, proporcionalmente. Então vamos ver como é que vai ser ano que vem.
Transamérica: Justamente sobre essa questão que a senhora cita de mulheres que não seguem os seus posicionamentos. Em quem que enxerga isso na Câmara e como faz essa constatação?
Laiz Perrut: Hoje a gente tem eu, Cida (PT) e Tallia (PSOL), e agora a gente tem na nova composição, eu, Cida e Letícia (PT), que somos pessoas comprometidas prioritariamente com essa causa. A Kátia (PSB) se mostrou nesse tempo também, uma pessoa que é impactada com isso, fez projeto de lei junto com a gente. Mas a Roberta (PL) não, ela fala claramente que ela tem pavor das feministas, ela fala isso. Eu ainda não sei como vai ser lidar com isso. O primeiro contato que eu tive com ela, semana passada, na Câmara, foi um bom contato. Nos cumprimentamos, conversamos um pouquinho.
Transamérica: Você tem pretensão de ser deputada?
Laiz Perrut: Essa é a pergunta de milhões. A gente tem um grupo político. Eu sou muito direcionada mesmo, a gente é muito organizado. Então se o meu grupo político achar que é importante eu ser candidata em 2026, eu serei. Se o meu grupo político achar que não é importante não serei, continuarei aqui na cidade, mas obviamente a gente tem sonhos, a gente quer mudar o mundo e para isso eu falo que a gente planta sementinhas hoje para colher. Obviamente a gente quer ocupar vários espaços, a gente quer estar para frente sempre, porque a gente acredita que aqui é importante, outras legislaturas são importantes. Então ainda não sei como serão os próximos anos, mas o futuro a Deus pertence. E tudo depende do nosso grupo político também.