O secretário de Desenvolvimento Social, Abraão Ribeiro, é a primeira baixa após a troca no comando da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), na última sexta-feira (6), após a posse do prefeito Antônio Almas (PSDB), herdeiro da vaga de Bruno Siqueira (MDB). No fim da tarde desta segunda (9), a Prefeitura confirmou a exoneração de Abraão, que teria acontecido a partir de um pedido do próprio ex-secretário, e a efetivação de Tammy Claret, que vinha atuando como secretária de Desenvolvimento Social interina nas últimas semanas. A oficialização será publicada nos atos do Governo do Diário Oficial Eletrônico do Município desta terça. Outra troca também foi confirmada. Previamente conhecida ainda quando Bruno ainda ocupava a cadeira, a saída de João Matos do comando da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo (Seddetur) foi publicada no último sábado, um dos últimos atos do emedebista. Por ora, a pasta será chefiada pelo Superintendente da Funalfa, Rômulo Veiga, que irá acumular as duas funções. Há, no entanto, a expectativa de que outro nome de perfil semelhante do de João, ligado ao setor empresarial da cidade, possa ser convidado.
Pessoas próximas ao novo comando da PJF, informaram que Almas comunicou a Abraão a decisão pelo rompimento nesta segunda, quando o agora ex-titular da SDS retornou de um período de férias. A exoneração do ex-secretário não chega ser uma surpresa. Burburinhos de um possível afastamento foram recorrentes nas últimas semanas. O secretário vinha sendo criticado por setores ligados à assistência social na cidade. O desgaste se deu após o lançamento de 16 editais de chamamento público, para definir quais entidades serão responsáveis pela assistência social na cidade a partir do segundo semestre deste ano. Um dos editais chegou a ser marcado por muitas polêmicas após a Adra – entidade de Belo Horizonte e braço da Igreja Adventista que atua com participação em 130 países – ter sido declarada a vencedora todos os 22 lotes para a prestação de serviços de desenvolvimento de convivência e fortalecimento de vínculos. Tal resultado inicial foi questionado por entidades que já prestam o serviço na cidade e acabou revisto – ao menos em parte -, após a criação de uma comissão para avaliar os recursos apresentadas por organizações da sociedade civil insatisfeitas com o resultado.
A saída de Abraão não vai mudar a disposição de quadros partidários no primeiro escalão do Governo municipal. Em meio a perfis técnicos e escolhas pessoais do ex-prefeito Bruno Siqueira (MDB), quadros políticos integram o secretariado, em uma composição acertada com até seis partidos. O próprio Abraão Ribeiro, que é pastor da Casa da Bênção, se adéqua a esta característica. Ele ingressou no Governo em abril de 2016, na vaga deixada por Flávio Cheker, que se desincompatibilizou da pasta para disputar as eleições daquele ano, tentando retornar à Câmara pelo PT. Na ocasião, Abraão foi indicado pelo PR, com o apoio do deputado federal Lincoln Portela (PR). Ao longo dos dois anos em que se manteve na pasta, contou também com o aval do presidente da Câmara, Rodrigo Mattos (PHS). De acordo com fontes próximas à Prefeitura, a efetivação de Tammy Claret como secretária de Desenvolvimento Social foi chancelada por diferentes setores do tucanato juiz-forano. A nova secretária é socióloga e ocupava a subsecretaria de Gestão do Sistema Único de Assistência Social (Suas) e Inclusão Socioprodutiva desde janeiro de 2017.
Em seu primeiro ato no gabinete de prefeito, em entrevista exclusiva concedida à Tribuna na última sexta-feira, que foi publicada na edição do último domingo, Antônio Almas afirmou que não pretende fazer grandes mudanças no secretariado – ao menos, em um primeiro momento, de forma a evitar qualquer tipo de açodamento. Mas outras alterações são especuladas. Há especulações, no entanto, de que José Armando da Silveira, que é considerado próximo do deputado federal Isauro Calais (MDB), também teria anseio pessoal de deixar a pasta, o que forçaria Almas a fazer mais uma troca compulsória.
Também há rumores de que possam incidir mudanças na secretaria de Governo, com o atual secretário José Sóter de Figueirôa, quadro político do MDB – sendo remanejado para outra função na Administração. Tais especulações colocam o nome do atual diretor jurídico da Câmara, Gustavo Vieira, como uma possível alternativa. Gustavo é filiado ao PSDB e muito próximo do grupo político encabeçado pelo ex-prefeito Custódio Mattos (PSDB) e pelo presidente da Câmara, Rodrigo Mattos, que acertou sua saída das hostes tucanas e assinou sua filiação ao PHS na semana passada, partido pelo qual deve se lançar candidato a deputado federal nas eleições de outubro.
Aliados partidários devem permanecer nos cargos
Entre os outros nomes que integram a atual configuração do primeiro escalão e podem ser considerados como quadros políticos que contam com chancela partidária para se manterem em suas pastas aparecem o secretário de Agropecuária e Abastecimento e ex-prefeito de Santos Dumont, Bebeto Faria, avalizado pelo PP; o secretário de Atividades Urbanas, Eduardo Facio, que contou com a indicação do PV; o secretário de Esporte e Lazer e ex-vereador Julio Gasparette, da cota do MDB; o superintendente da Agência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon/JF), Eduardo Schröder, do PSDB; do diretor-geral do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (do Demlurb), Jeffersson Rodrigues, indicado pelo PSDB; e o diretor-presidente da Empresa Regional de Habitação (Emcasa), Ricardo Francisco, que é irmão do ex-deputado federal Roberto Jeffersson, presidente nacional do PTB. Todos integram a coligação “Pro futuro e agora”, formada por composição entre MDB, PSDB, PV, PRB, PP, PPL e PTB, que elegeu Bruno e Almas em 2016.
Por outro lado, a tendência é de que os quadros de perfis mais técnicos, compostos por servidores de carreira, sigam prestigiados no Governo Almas. Com tal característica, por exemplo, aparecem os titulares de pastas que integram o chamado núcleo duro do Governo, como as secretarias de Administração e Recursos Humanos, chefiada por Andrea Goreske; de Educação, Denise Franco; da Fazenda, Fúlvio Albertoni; de Planejamento e Gestão, Argemiro Tavares; e de Saúde, Elizabeth Jucá. Os secretários Albertoni e Jucá, por exemplo, tiveram seus nomes citados nominalmente e suas atuações elogiadas pelo prefeito durante a entrevista exclusiva concedida pelo tucano à Tribuna na sexta-feira passada.
Outros integrantes do primeiro escalão que foram escolhidos pessoalmente pelo ex-prefeito Bruno Siqueira não parecem ter ameaçada a continuidade de seus trabalhos à frente de secretarias e autarquias. Ao menos, por ora. Trocas, no entanto, não podem ser nunca descartadas. Há, inclusive, a expectativa de que algum deles possa deixar a Prefeitura por escolha própria, para participar da campanha de Bruno, que ainda trabalha para tentar conseguir a indicação do MDB, para disputar uma das duas cadeiras em jogo para o Senado. Também vale destacar que, ao contrário do que aconteceu em 2016, quando seis secretários deixaram o prefeito e se desincompatibilizaram de seus cargos para disputar as eleições daquele ano, o secretariado não teve nenhuma baixa relacionada à intenção eleitoral de seus quadros.