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Lorene Figueiredo defende educação integral na rede municipal de ensino

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A servidora pública federal Lorene Figueiredo (PSOL) foi a segunda candidata à Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) convidada pela Tribuna, em parceria com a Rádio CBN Juiz de Fora, para a sabatina com os onze postulantes colocados para suceder o prefeito Antônio Almas (PSDB) durante o quadriênio 2021-2024. Em uma hora e 30 minutos, Lorene expôs as propostas da chapa “Por uma Juiz de Fora solidária” – composta ainda pelo PCB – para o Município de Juiz de Fora. Professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a candidata defende a implementação da educação integral na rede municipal de ensino. Inclusive, mostra-se contrária a mudanças no plano de carreira do magistério, embora reconheça a necessidade de uma análise jurídica para a viabilização de concursos diante do déficit de trabalhadores em educação em Juiz de Fora. Lorene ainda sinaliza a possibilidade de criação de uma política própria do Município para habitação, bem como para o transporte coletivo urbano. No entanto, em caso de sucesso eleitoral, a candidata do PSOL se furtou a adiantar quaisquer nomes que integrariam o primeiro escalão da PJF.

Candidata do PSOL à PJF propõe retomada de plano habitacional municipal, bem como a criação de uma empresa pública para administrar o transporte coletivo (Foto: Leonardo Costa)

De acordo com a candidata, a contratação temporária de professores, adotada pela PJF como alternativa à ausência de concursos, impacta diretamente o Fundo Municipal de Previdência, uma vez que a contribuição, ao contrário da dos efetivos, seria repassada diretamente para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). “Não mexeremos em carreira. A gente tem o compromisso de fazer avançar a estabilidade (…) Outra questão diz respeito à oferta da educação integral. A gente acha que a educação integral é um direito da criança e do jovem. Ela facilita, inclusive, o combate a uma série de problemas de crianças em risco social. (…) Qual é a dificuldade hoje que tenho para dizer que vai ser com tal recurso e de tal jeito? Exatamente o acesso às contas da Prefeitura. A gente sabe que os recursos existem, que a gente pode redistribuir os recursos. E o que a gente vai fazer é garantir que aquilo que seja direito social seja mantido com qualidade. Então, vamos fazer os concursos na medida que a gente consiga viabilizá-los do ponto de vista legal. Vamos ter que analisar a legislação. Sempre é possível.”

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Lorene ressalta que é inviável a retomada das aulas presenciais da rede municipal em 2021, uma vez que o Brasil não fez “o dever de casa” no enfrentamento à pandemia de Covid-19. “Acho que nós gastamos todo o ano de 2020 batendo cabeça. Era um ano para nos sentarmos com os professores, não ameaçar ninguém com a suspensão de contrato como o Almas fez, e trabalhar com a estabilidade dessas pessoas para que pudéssemos planejar formas de retorno. Inclusive, corrermos atrás dos recursos, porque, mesmo quando retornarmos, não poderemos ter a sala de aula que tínhamos. Precisamos de obras para acolher esses alunos novamente. O que esses governos têm feito é dizer ‘vai como pode’, o que implica em aprofundar a exclusão dos mais pobres, dos periféricos, do pessoal que está na área rural. Além do ensino remoto, a gente tem problemas gravíssimos, que não dá nem para garantir que via internet vamos conseguir atender os alunos. Digo que não dá para voltar.”

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Questionada se os alunos não sofreriam um déficit educacional em relação àqueles da rede privada de ensino, já que é contrária ao ensino remoto, a candidata aponta que a educação integral seria uma alternativa para suprir a ausência de aulas presenciais durante 2020 e 2021. “Quero uma educação que seja a melhor para o filho da mais pobre e igual à do mais rico. Existe escolas cuja mensalidade é de R$ 12 mil. Essas escolas estão paradas. Ninguém está falando em voltar. Os estudantes estão em casa e não estão com atividades remotas há sete meses. Sabe por quê? Quem educa para a elite sabe que o que importa é o trabalho coletivo feito na sala de aula. E não é só de sala de aula. É feito com o professor e com os colegas. O trabalho de construção de conhecimento é um processo coletivo, é social e tem uma dose imensa de afetos mobilizados. E não é um processo só de aquisição de conhecimento seco.”

Planos próprios de habitação e transporte público

Candidata à Câmara dos Deputados ainda em 2018 com 2.260 votos recebidos, Lorene Figueiredo defende a administração direta pelo Município de um plano de habitação, mesmo diante da iminente extinção da Empresa Regional de Habitação (Emcasa), e do transporte coletivo urbano, licitado aos consórcios Manchester e Via JF ao menos até 2026. No que tange à habitação, a candidata é crítica à ausência de eficiência do “Minha casa, minha vida” em Juiz de Fora, bem como ao “Casa verde e amarela”, lançado, recentemente, pelo presidente Jair Bolsonaro.

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Questionada como viabilizaria o novo programa de habitação no Município, Lorene sinaliza a retomada de uma política municipal habitacional. “Temos uma proposta de criar um banco de terras e imóveis para facilitar as trocas e diminuir o impacto da especulação imobiliária sobre a terra e sobre os imóveis, tentando fazer trocas mais eficientes do ponto de vista da moradia. Além disso, pretendemos criar mecanismos para que a gente possa utilizar os imóveis ociosos da cidade, tanto da Prefeitura quanto aqueles parados e com dívidas com o Município, para transformá-los em moradias populares, principalmente no Centro. E, sim, pensamos em retomar um programa de moradia próprio, no qual a gente possa ter 15 anos para o pagamento de taxas como uma forma de aluguel. Passado o prazo, a pessoa teria a posse sobre a moradia. Algo que já fizemos em Juiz de Fora em alguns momentos da história da Administração municipal.”

Lorene sugere ainda a criação de uma empresa pública para administrar o transporte coletivo urbano, uma vez que o aponta como ineficiente, e a tarifa cobrada, cara. “Precisamos saber qual é a real planilha dessas empresas. Se tem uma coisa à qual a gente não tem acesso e é difícil descobrir o que é, é uma planilha de empresa de transporte. Existem várias maneiras de maquiar os números, de colocar que o gasto está onerado. Precisamos nos sentar e conversar sobre isso de forma dura e muito franca. O que a gente pretende fazer é justamente analisar essas planilhas, fazer uma auditoria e torná-las públicas. Garantir, por exemplo, que o trabalhador desempregado e estudante da rede municipal possam ter passe-livre. E, também, pensar em criar uma empresa pública de transporte. Caminhar nessa direção, oferecendo transporte público, e rever a licitação em vigor.”

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‘Não vamos assinar embaixo da farra de isenção de impostos’

Contestada sobre quais políticas adotaria para a geração de empregos, Lorene aponta a economia solidária como uma alternativa a ser adotada caso seja eleita. “A PJF precisa contratar pessoal terceirizado, porque temos um número muito grande de trabalhadores que não são efetivos. No geral, a PJF vai até a um agenciador. O trabalhador terceirizado custa de três a quatro vezes mais que um trabalhador que eu contrate diretamente. Eu só preciso eliminar o atravessador, que já ganhou bastante dinheiro às custas da terceirização”, ressalta. “A PJF, por exemplo, precisa contratar muitos materiais de limpeza. Podemos construir cooperativas de produção de material de limpeza. Temos a UFJF para prestar o serviço de capacitação através da extensão universitária. Podemos garantir as condições de aprendizado e capacitação de cooperativas de materiais de limpeza, e a PJF comprar dos trabalhadores.” De acordo com Lorene, a atração de investimentos de novas indústrias seria considerada apenas caso não haja desoneração fiscal. “Não vamos assinar embaixo da farra de isenção de impostos.”

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