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ENTREVISTA/Henrique Duque, ex-reitor e diretor de Desenvolvimento Institucional da UFJF

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Um dia após passar o comando da Reitoria da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) para Júlio Chebli, Henrique Duque recebeu a Tribuna em seu apartamento na última sexta-feira. Depois de oito anos à frente da instituição, o agora ex-reitor afirmou que pretende fazer política além dos portões da instituição de ensino. Aos 66 anos, não esconde o intuito de ingressar em um cargo executivo. Natural de Rio Casca, Duque foi constantemente sondado por partidos políticos, que procuravam um nome forte para a disputa de cargos parlamentares nas eleições e chegou a ser cogitado para disputar a Prefeitura em 2012. Com o fim de seu mandato, não é descartada a possibilidade de se lançar candidato a prefeito na corrida eleitoral de 2016. Até lá, deve seguir atuando dentro da universidade, onde, a convite de Chebli, irá comandar a recém-criada Diretoria de Desenvolvimento e Representação Institucional, em uma função que seguirá testando seu pânico por avião, nas constantes idas e vindas à Brasília.

Duque: “Como brasileiro, você se filiaria a algum partido neste cenário onde ninguém sabe o que vai acontecer? Nem eu”.

Tribuna – A sua gestão ultrapassou a marca de mais de R$ 1 bilhão em recursos captados. Além do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), a qual razão o senhor credita essa marca?

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Henrique Duque – Oriundos do Reuni foram apenas R$ 49 milhões. Todo mundo tem a sensação de que o Reuni ajudou em termos de volume. Ele ajudou a abrir portas. A partir disso, aproveitei as oportunidades. É lógico que o país estava em um bom momento, mas, em Brasília, não se consegue nada sem projetos. A primeira coisa que é preciso é ter visão e conhecer o caminho. Assim fomos conseguindo êxito. Sou uma pessoa que não tem limites e não se contenta com pouco. Quando consigo algo, já estou com outra coisa na cabeça e vou em busca disso.

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– Há correntes que afirmam que foi destinado mais capital para ações de infraestrutura do que para programas voltados efetivamente para melhorias da graduação, extensão e pesquisa. Como o senhor lida com essas críticas?
– É uma crítica injusta. Tudo o que está na pauta social do país é referente à falta de infraestrutura. Quase todas as universidades tinham e têm ainda um passivo de infraestrutura muito grande. A nossa tinha um passivo ainda maior. A gestão que nos antecedeu teve a ousadia de fazer a expansão, principalmente nos cursos noturnos, com muito mérito. Mas não houve contrapartida de contratação de professores ou de servidores. Se você olhar o relatório de gestão dos oito anos anteriores, vai ver que, mesmo com a expansão de 33%, entraram na universidade 20 professores e 40 servidores. Na nossa gestão, saímos de quase 700 docentes e fomos para 1.700. Com relação aos técnico-administrativos, praticamente dobramos o total. Todos os indicadores de nossa gestão leva a um aumento de qualidade significativo, no que tange na graduação, na pós-graduação, no mestrado e na inovação. Obtive um índice de aprovação dentro dos três segmentos, incluindo o campus de Governador Valadares, 86% entre ótimo e bom, 10% de regular e 4% de ruim ou péssimo. Quando tive acesso a isso não tive outra emoção que não chorar de alegria.

– No mês passado, o Ministério Público Federal (MPF) fez uma denúncia criminal contra o senhor, alegando que a UFJF retardou o repasse de documentos necessários a investigações, o que também foi encarado pela Promotoria como ato de improbidade administrativa. Este não é o único processo em que sua gestão é ou foi questionada. De fato, o senhor se preocupa com algum deles?

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– Toda pessoa que quer ser gestor, tem que estar preparado e saber que há agentes que fazem o papel de fiscalização, o que é natural, pois estamos lidando com dinheiro público. Tenho muito respeito pelos ministérios públicos, pelo Poder Judiciário e por órgãos controladores. Se vocês tiverem curiosidade de procurar por gestões passada, verá que, apesar de menores investimentos, o número de questionamentos foi maior. Pelo volume de coisas e de concursos que fizemos, ficamos mais suscetíveis a estes questionamentos. Tenho a consciência tranquila, mas toda vez que você é questionado por um órgão desses, você fica preocupado. Por mais consciente de ter feito a coisa certa, aquilo te incomoda até você ficar livre dos questionamentos. Até hoje fiquei livre de todos, mas ainda há algumas ponderações que precisam ser esclarecidas. Neste último caso, com o problema da greve (dos servidores), e com muito volume de serviço, alguém falhou no meio do caminho. Tanto é que há uma sindicância aberta para apurar isso. Nesta falha, faltou entregar no momento certo a documentação pedida pelo Ministério Público. Mas já entregamos e tenho a consciência tranquila. Espero que, ao final das contas, ficará comprovada que foi tudo feito de forma correta.

– Ao longo dos últimos anos, seu nome sempre apareceu no campo das especulações como um potencial candidato à Câmara ou à Assembleia, e até mesmo à Prefeitura. Seu pai foi prefeito de Rio Casca, sua cidade natal. O agora ex-reitor Henrique Duque tem a ambição de ingressar na política?

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-Por isso, que estou pagando esse preço (risos). No término da minha gestão, olha que “presente” que eu ganho (ações do MPF). De um lado e de outro estão querendo queimar minha imagem. Não falo em ambição, mas já estou na carreira política. A opção até agora foi pela política universitária, mas, daqui para frente, pretendo fazer carreira fora da universidade. O que eu vejo é que a boa política faz bem para o país. Não vou dizer que este legado e essa vida que construí não serão utilizados na política. Estaria mentindo. Eu vou. Estou esperando o momento certo. Sempre coloco uma coisa: é que gosto de cumprir mandato, principalmente um mandato obtido por votação. Então fui até o último dia sem me filiar a partido nenhum. Tive convites. Todos muito educados e bem recebidos.

– Poderia falar quais foram esses partidos?
– Fui convidado por, praticamente, todos os partidos. Seria mais fácil dizer daquele que não tive convites.

– O senhor falou que não se filiaria até o último dia de seu mandato, que já chegou ao fim. Já definiu em qual partido vai se filiar?
– Agora, como brasileiro, você se filiaria a algum partido neste cenário onde ninguém sabe o que vai acontecer? Nem eu. O que me norteia são as realizações. Antes de definir é preciso ver a situação política do país e do estado.

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– É possível rotular o senhor como um político de direita ou de esquerda?

– Quando fui candidato a reitor, me taxaram de empresário. Disseram que eu ia privatizar a universidade. Com o decorrer do tempo, começaram a ver minha origem. Meu pai foi prefeito de Rio Casca, na mesma época em que eu era engraxate de rua. Morei em Bicas para estudar durante dois anos. Sabe quem era meu colega de quarto? Afonso Celso Lana Leite, que foi do Colina, mesmo movimento revolucionário da Dilma (Rousseff, PT, presidente). Me coloco como uma pessoa de centro, com uma tendência que ora vai para a esquerda, ora vai para a direita. Depende do que for justo em cada ocasião. Quando voto, voto na pessoa e em sua capacidade de gestão.

– Após oito anos à frente da Reitoria, o senhor se sentiria seguro para governar uma cidade como Juiz de Fora já que, em alguns anos, na UFJF, teve em mãos um orçamento comparado ao orçamento municipal?

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– Trabalhei com esse orçamento porque fui atrás, não era o orçamento “tabelado”. Sempre teve um “plus” a mais.

– Então é correto pensar que, por sua experiência executiva na Reitoria, a tendência é de que seu ingresso na vida pública ocorra na disputa por um cargo executivo?

– Totalmente correto.

– Então, não seria surpresa se Henrique Duque fosse candidato à Prefeitura de Juiz de Fora nas eleições de 2016?

– De Juiz de Fora, de Governador Valadares ou de Rio Casca, né (risos)?

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