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Comissão da Verdade entrega relatório final

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Após um ano de coleta de dados sobre o período da ditadura militar, a Comissão Municipal da Verdade de Juiz de Fora (CMV-JF) entregou ontem o relatório final sobre o estudo, intitulado “Memórias da Repressão”. O trabalho, que será lançado em livro ainda neste semestre, é dividido em seis capítulos. Entre eles, destacam-se dados estatísticos embasados na história de 150 vítimas do regime que passaram pela cidade, informações sobre as unidades onde os abusos eram praticados e para onde os presos políticos eram encaminhados. A CMV-JF destaca que este é um passo importante para elucidar os fatos ocorridos no município, com a confirmação, por exemplo, de que a Penitenciária de Linhares foi palco de abusos físicos e psicológicos.

“O documento revela algumas informações sobre as memórias das vítimas, o sistema repressivo, as instituições que receberam presos políticos, a legislação da época e os impactos da ditadura sobre as instituições, permitindo que o juiz-forano conheça um pouco melhor a história da cidade. Mas estamos certos de que a comissão não esgota todas as informações sobre o período. É necessário ir além”, afirma a jornalista Fernanda Sanglard, integrante da comissão.

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A presidente do grupo, Helena de Motta Salles, avalia que o trabalho foi surpreendente, principalmente quanto à coleta de depoimentos de pessoas que tiveram seus direitos violados, que nunca tocaram no assunto, permitindo ainda a descoberta de fatos ainda inéditos. “Embora o trabalho da CMV-JF tenha se encerrado de forma positiva, fica a frustração, pois sentimos que não esgotamos o assunto, já que o material é vasto. Por isso, pedimos para que os pesquisadores continuem os estudos”.
Para Helena, o material fará com que as gerações futuras entendam como foi a ditadura. “Nas recentes manifestações, vimos cartazes pedindo por uma nova intervenção militar. As pessoas precisam ter formação política, pois o povo que não conhece sua história, está fadado a repeti-la.” O prefeito Bruno Siqueira (PMDB), presente ao evento, destacou que o Brasil vive, novamente, um momento de conflito e debate, mas, para prevalecer a democracia, deve haver o diálogo.

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Durante solenidade, realizada no auditório da Prefeitura, a comissão repassou cópias do material a representantes de Executivo, Legislativo, OAB e UFJF, entidades que foram parceiras dos trabalhos. O estudo será disponibilizado na internet.

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