A Rádio Transamérica entrevistou, nesta quarta-feira (6), Juraci Scheffer (PT), na série com os vereadores eleitos em Juiz de Fora. Ele vai para o terceiro mandato, após receber 5.353 votos.
Transamérica: Em quem o senhor pretende votar para Mesa Diretora da Câmara?
Juraci Scheffer: Meu voto vai para o Zé Márcio Garotinho (PDT). Companheiro, fez uma boa gestão. Também quando fui presidente, fez parte da minha mesa diretora. Zé Márcio é o melhor nome no momento porque nós precisamos fazer essa mudança, essa transição. Não só a transição de 19 para 23 vereadores, mas também a possibilidade de nós mudarmos para o Fórum Benjamin Colucci. Então eu vou votar no Zé Márcio e a bancada do PT também.
Transamérica: Em 2022, o senhor disse à Tribuna que tinha o sonho de ser prefeito de Juiz de Fora e achava que estava na fila. O senhor mantém esses pensamentos para 2028?
Juraci Scheffer: Sim, estou na fila. Mas a eleição de prefeito não depende só da vontade pessoal, até porque seria um projeto que tem que ser feito pelo grupo. Dificilmente você se elege prefeito se não tiver um grupo político forte, pensar a cidade, discutir. Obviamente, a Margarida é reeleita, o mandato dela findando, nós teremos uma discussão interna do PT. E, no momento oportuno, certamente eu colocarei meu nome também para apreciação. Eu acho que a gente tem experiência, tem conhecimento, já disputei várias eleições, faço parte do grupo da prefeita Margarida, mas também não há nenhuma obsessão em relação a isso. Cargos, eu não sou carreirista, nós fazemos o serviço público com um mundo público de você atender e, com as mãos políticas, você conseguir contemplar, ajudar as pessoas da nossa cidade, cuidar da nossa gente e da nossa cidade. Então, sim, é um sonho que eu acalento, mas também não tenho essa obsessão, como eu disse. Acho que a prefeitura tem quatro anos, tem muita história para contar e muita água para passar debaixo da ponte.
Transamérica: Como o senhor espera encontrar o ambiente da Câmara, em termos ideológicos?
Juraci Scheffer: Ideologicamente, nós teremos uma Câmara que vai pegar fogo. Porque o momento político das eleições, o resultado em si, traz essa discussão. Você vê que o centro teve uma votação maior, o PSD, o MDB, e o PT ficou em nono lugar nas votações para prefeituras. E o PL também não teve grandes aumentos. Mas nós hoje sabemos que existe a polarização política. E eu acho que nós temos que trazer a discussão para a cidade. Mas, dificilmente, a política nacional não será discutida na Câmara Municipal, porque daqui a dois anos nós temos eleição para deputado federal e estadual.
Transamérica: Você pretende ser candidato a deputado?
Juraci Scheffer: Não tenho pretensão. Hoje, por exemplo, eu só sou candidato a outro cargo se eu tiver o respaldo do partido e também do grupo da prefeita. Uma candidatura a deputado, só por vontade de ser candidato, eu acho que não tem êxito eleitoral. Então, depende dessa composição, isso vai acontecer no tempo certo, no momento oportuno.
Transamérica: O senhor recebeu menos verba do diretório do PT do que candidaturas de pessoas que nunca tinham sido eleitas. Como o senhor enxergou essa situação?
Juraci Scheffer: É uma questão que me aborrece muito. É a forma como o PT tem me tratado em relação a essas questões. Aconteceu na candidatura de deputado federal, que eu fui incentivado pelo diretor nacional e depois fui preterido. E também, agora, para vereador. Isso nós vamos discutir internamente, porque nós sabemos que o PT precisa de bons quadros. E eu me coloco nessa situação pela experiência adquirida e pela minha fidelidade. Agora, tem que haver também reciprocidade. É uma discussão que eu vou estabelecer no diretório municipal e levar também para a discussão do estadual e, se possível, nacional. Olha, se nós queremos bons quadros, se o PT precisa ampliar suas bancadas, então nós precisamos pensar o que nós podemos fazer. Eu vou discutir sim, porque, infelizmente, eu tenho sido preterido em relação a essa escolha. Não pode o partido escolher quais serão eleitos. Eu não tive apoio aqui, tem que falar o português claro. Nem no Executivo diretamente. Tem umas candidatas dela, da prefeita. Mas também não me atrapalhou, me ajudou. Fez as coisas que tinha que fazer, atendendo os nossos requerimentos, as nossas emendas. Mas, certamente, todo mundo sabe, a olho nu, que eu não era o candidato da prefeita.
Transamérica: Qual sua avaliação do quadro atual do PT?
Juraci Scheffer: Eu acho que o partido tem que se comunicar melhor. Hoje nós vemos a ideia das redes sociais. E o PT se comunica muito mal. (…) Acho que o PT tem que ter uma pauta mais incisiva em relação a melhorar a vida da população, dando oportunidade de trabalho. Ah, cresceu o emprego? Sim, cresceu. A economia melhorou um pouco? Mas nós temos que pensar mais. A economia é a pauta. Então, precisa ver o que fazer para destravar o desenvolvimento do país, fazer com que a gente produza mais riqueza. Sem esquecer, óbvio, dos programas sociais, dessa inclusão que tem que ser feita, das questões históricas que nós temos do PT, que são as políticas das minorias, mas também nós temos que trabalhar fazendo com que o desenvolvimento econômico produza prosperidade e dê condições para distribuí-la. Eu acho que o PT vai ter que focar. A militância petista, infelizmente, também não está se renovando. Você vê hoje a direita crescendo no meio da juventude e a esquerda paralisada. Nós temos que trabalhar para novos petistas, trabalhar essa questão de fazer com que a juventude chegue e possa oxigenar novamente o PT para que ele cresça.