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Sucessão de 2020 já começa nos bastidores

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O ciclo se repete a cada quatro anos. Sempre que findado um processo de eleições presidenciais e estaduais, o foco dos bastidores da política juiz-forana se voltam, quase que automaticamente, para a sucessão municipal. Hora de contar lucros e dividendos, desempenhos nas urnas e qual será o peso que os vencedores terão na disputa pela Prefeitura, algo que, mesmo distante, já aparece como ponto visível no horizonte. Este ano, as coisas não parecem diferentes e 2020 é logo ali. Assim, o tabuleiro eleitoral já se mostra reconfigurado com o crescimento de duas legendas até então pouco conhecidas, que ganharam força entre o eleitorado nos dois turnos eleitorais realizados em outubro. São os casos de PSL, que elegeu o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) para a Presidência da República, e do Novo, partido do governador eleito de Minas Gerais, o empresário Romeu Zema (Novo). Vitoriosas na cidade, as duas legendas podem debutar na disputa pelo Executivo juiz-forano daqui a dois anos.

No caso do PSL, de Bolsonaro, dois políticos juiz-foranos saíram fortalecidos do pleito do último dia 7 de outubro. O vereador Charlles Evangelista (PSL) se elegeu deputado federal e foi o segundo candidato mais votado na cidade na disputa por uma cadeira na Câmara dos Deputados, com 34.600 votos nas urnas juiz-foranas. Ele fez uma campanha em dobradinha com a também vereadora Sheila Oliveira (PSL), eleita deputada estadual. Só em Juiz de Fora, ela obteve 44.175 votos, a maior votação no Município entre os concorrentes à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O bom desempenho coloca Sheila como possível postulante à Prefeitura em 2020. Seu nome é bastante especulado nos bastidores políticos e também é reforçado pela votação que teve nas Eleições 2016, quando obteve o recorde de 9.921 votos, a maior votação da história de um postulante à Câmara.

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A favor de uma possível candidatura de Sheila à Prefeitura, pesa também uma tradição local: a de que os candidatos mais votados na cidade em uma eleição geral ressurjam como postulantes ao Executivo municipal dois anos depois. Exemplos não faltam. Há pelo menos 24 anos, todos os nomes mais votados em Juiz de Fora na corrida pela ALMG disputaram a PJF. Em 2014, o deputado estadual reeleito Noraldino Júnior (PSC) recebeu o apoio de mais de 38 mil eleitores locais e testou seu nome como candidato à PJF em 2016. Em 2012, o ex-prefeito Bruno Siqueira (MDB) venceu as eleições após ter sido o deputado estadual mais votado nas urnas locais em 2010. Situação similar ocorreu em 2002, quando o também ex-prefeito Alberto Bejani, então no PFL, foi o mais votado nas seções juiz-foranas para a ALMG e se elegeu prefeito em 2004. Em 1998, Bejani já havia sido o deputado estadual majoritário no município, mas, em 2000, perdeu a disputa para Tarcísio Delgado (à época no então PMDB) no segundo turno. Em 1996, Sebastião Helvécio foi o mais lembrado pelos juiz-foranos. Candidato a prefeito dois anos depois, ficou na quarta colocação em pleito também vencido por Tarcísio.

Processo de Seleção

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Enquanto no PSL Sheila desponta como possível candidata à Prefeitura, o Partido Novo ainda não tem candidato definido. Na última quarta-feira, representantes locais da sigla admitiram a possibilidade de lançar um concorrente ao Executivo municipal sem falar em nomes no entanto. Nos corredores da política local, o empresário Renato Machado chegou a ser citado como opção do Novo. Ele é filiado ao partido desde 29 de junho de 2016, porém, tem domicílio eleitoral em Lima Duarte. Uma possível candidatura de Machado é descartada até aqui, isto porque o partido tem por metodologia a realização de processos seletivos internos para a definição de seus candidatos. Tal critério se aplicaria até mesmo para aqueles que foram candidatos nas últimas eleições, incluindo os dois mais votados da legenda na cidade: Dr. Carlos Eduardo (Novo), que foi candidato a deputado federal e obteve 5.484 votos nas urnas juiz-foranas; e Igor Burkowski, que se lançou candidato a deputado estadual e somou 5.255 em Juiz de Fora.

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Nomes conhecidos podem retornar à disputa

Conhecidos nomes do eleitorado local também podem reaparecer. Nos bastidores, uma nova candidatura do deputado federal Noraldino Júnior (PSC) segue aventada. Em 2016, o parlamentar computou 47.110 votos e ficou na terceira colocação na disputa vencida pelo ex-prefeito Bruno Siqueira (MDB). Nas atuais eleições, Noraldino se reelegeu para a ALMG e registrou 23.167 votos nas urnas de Juiz de Fora, tendo o terceiro melhor desempenho de candidatos a deputado estadual na cidade.

Outro cotado para voltar ao páreo é o empresário Wilson Rezende (PSB), do Grupo Rezato. Sua primeira aventura eleitoral foi há dois anos, quando somou 44.708 votos e ficou na quarta colocação na última corrida pelo Executivo. Apesar do retrospecto satisfatório em seu debute nas urnas há dois anos, Wilson optou por não tentar um cargo parlamentar no atual processo eleitoral, porém, parece firme no objetivo de buscar a Prefeitura em 2020. O PSB tem ainda o deputado federal reeleito Júlio Delgado (PSB), que, com 20.165 votos, foi o terceiro postulante candidato à Câmara dos Deputados mais votado na cidade.

Alçado ao poder após a renúncia de Bruno Siqueira em abril deste ano, o prefeito Antônio Almas (PSDB) é considerado nome natural para tentar a reeleição. Caso tal hipótese se confirme, o PSDB pode retornar à disputa após um hiato de oito anos. Em 2012, os tucanos tentaram sua última empreitada com o ex-prefeito Custódio Mattos (PSDB). Na ocasião, Custódio acabou alijado do segundo turno, disputado entre Bruno e Margarida Salomão (PT) e vencido pelo emedebista. Resta saber, neste caso, que papel o MDB irá seguir neste processo. Com a renúncia de Bruno e a não reeleição do deputado Isauro Calais, a bancada emedebista, formada pelos vereadores Ana Rossignoli, Antônio Aguiar, Marlon Siqueira e Kennedy Ribeiro terá papel relevante a partir de fevereiro de 2019.

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Partidos mais votados devem ter candidatos

Há também a expectativa de que o PT possa voltar a disputar a PJF, apesar da derrota de Fernando Haddad (PT) e a não reeleição do governador Fernando Pimentel (PT). Levando-se em consideração a tradição de que os deputados mais votados na cidade em uma eleição reaparecem na corrida pela Prefeitura dois anos depois, a deputada federal reeleita Margarida Salomão pode ser considerada uma hipótese para o partido.
Assim como em 2010 e 2014, ela foi a candidata majoritária na cidade na disputa por cadeiras na Câmara dos Deputados e recebeu 47.172 votos – a maior votação entre todos os candidatos a deputados – federal e estadual – nas urnas de Juiz de Fora. Caso aceite a missão de representar a legenda, esta será a quarta disputa eleitoral municipal da ex-reitora da UFJF. Sempre que disputou, avançou ao segundo turno, sendo derrotada por Custódio em 2008 e por Bruno em 2012 e 2016.

Além de Margarida, outro nome do PT juiz-forano que saiu fortalecido foi o do vereador Roberto Cupolillo (Betão, PT), que totalizou 26.489 votos nas 1.178 seções em Juiz de Fora. Betão foi o segundo candidato a deputado estadual mais votado da cidade, ficando atrás apenas de Sheila Oliveira. Entre os detentores de mandato, o PT teria ainda como opção o também vereador Wanderson Castelar (PT).
Curiosamente, as seis candidaturas mais aventadas envolvem nomes de seis partidos que estão entre os mais votados em Juiz de Fora nas disputas parlamentares. O PSL foi o partido que recebeu o apoio de mais eleitores na cidade, seguido, respectivamente, por PT, PSB, PSC, MDB, PHS, Novo, PRB, PSOL e PSDB.

* Atualizada às 16h07. Esta atualização corrige trecho da matéria em que a Tribuna, erroneamente, considerou o vereador Marlon Siqueira como sendo o único parlamentar com mandato a partir de fevereiro de 2019.

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