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Política de Cuidados é enviada ao Congresso

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(Foto: Elza Fiuza/ Agência Brasil)
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O Projeto de Lei (PL) sobre a Política Nacional de Cuidados, elaborado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi enviado para o Congresso Nacional nesta quarta-feira (3). Esse projeto busca garantir os direitos tanto das pessoas que necessitam de cuidados quanto das que cuidam, com especial atenção às desigualdades de gênero, raça, etnia e territoriais, além de promover as mudanças necessárias para uma divisão mais igualitária do trabalho de cuidados.

O documento determina o cuidado como um direito de todas as pessoas, a ser implementado de maneira progressiva, a partir de públicos prioritários. São eles crianças e adolescentes, com ênfase na primeira infância; pessoas idosas e pessoas com deficiência que necessitam de apoios e auxílios para realizar as atividades básicas e instrumentais da vida diária; e os trabalhadores, independentemente de serem remunerados. 

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Além disso, o texto reconhece a interdependência entre quem precisa de cuidado e quem cuida. A Política Nacional de Cuidados tem como objetivo garantir o acesso ao cuidado de qualidade para quem dele necessita, o trabalho decente para trabalhadoras e trabalhadores remunerados do cuidado, e a redução da sobrecarga de trabalho para quem cuida de forma não remunerada, especialmente as mulheres. 

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Reconhecer o cuidado das mulheres 

No Brasil, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), existem aproximadamente 47,5 milhões de pessoas envolvidas em cuidados, sendo que 78% são mulheres e 55% são mulheres negras. Diante desse cenário, para o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, o projeto de lei inova ao reconhecer a importância da corresponsabilização social e de gênero nas tarefas do cuidado.  

Para a secretária de Autonomia Econômica e Política de Cuidados do Ministério das Mulheres, Rosane Silva, essa alta carga de trabalho doméstico e de cuidados não remunerado gera barreiras para a entrada, permanência e ascensão das mulheres no mercado de trabalho. “Cerca de 30% das mulheres que precisaram interromper a procura por trabalho em 2023 estiveram nessa situação exatamente por ter de conciliar o tempo com o trabalho doméstico e de cuidados”, explicou. “E mesmo aquelas que estão no mercado de trabalho, muitas vezes estão em um trabalho intermitente, sem nenhum tipo de proteção social, exatamente para dar conta dessas várias demandas”, acrescentou.

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No caso das mulheres que têm filhos de zero a três anos, o impacto mais do que dobra, chegando a influenciar negativamente as carreiras profissionais de 62% das mulheres, conforme informa o Governo Federal. 

Construção Coletiva

O PL foi elaborado após um ano e meio de construção coordenado por um grupo de trabalho que envolveu 20 ministérios, em diálogo com diversos setores da sociedade. O Grupo de Trabalho Interministerial (GTI), realizou um diagnóstico sobre a atual organização social dos cuidados no país e percebeu que a forma como se dá a oferta de cuidados e como as pessoas os recebem não é capaz de atender em forma equitativa as necessidades de cuidado da população, e tem sobrecarregado principalmente as mulheres brasileiras. 

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O texto da política também foi formulado levando em conta dois projetos de lei sobre o tema que já vinham pautando o Congresso, propondo a instituição de uma Política Nacional dos Cuidados: o PL 27972/22, de autoria da Senadora Mara Gabrilli (PSDB/SP), do Senador Flávio Arns (PODEMOS/PR) e do Senador Eduardo Gomes (PL/TO), e o PL 5791/19, da deputada Leandre Dal Ponte (PSD/PR).

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