A presidente Dilma Rousseff (PT), que tenta se reeleger, e a candidata à presidência pelo PSB, Marina Silva, protagonizaram o debate promovido nesta segunda-feira (1) por SBT, portal UOL e “Folha de S. Paulo”. As duas candidatas, que lideram as principais pesquisas e apareceram empatadas tecnicamente no último DataFolha, ambas com 34% das intenções de voto no primeiro turno, trocaram farpas quanto a políticas públicas, condução econômica do país e densidade das propostas dos programas de governo. “A presidente tem dificuldade em reconhecer os erros de seu Governo”, atacou, reiteradas vezes, a candidata do PSB. Dilma, por sua vez, disse que Marina não se compromete com um programa e faz uso de “frases de efeito e frases genéricas”. O embate relegou ao presidenciável Aécio Neves (PSDB) papel de coadjuvante. Ele voltou criticar o Governo e defender uma política econômica menos intervencionista, para gerar mais crescimento do PIB, com menos inflação.
O acirramento das discussões entre Dilma e Marina já ficou claro na primeira pergunta, quando a presidente questionou sobre como prover recursos para realizar os investimentos prometidos pelo PSB, que totalizariam R$ 140 bilhões em educação, saúde e mobilidade urbana. Marina rebateu e disse que o problema atual não é de recursos, mas de execução, uma vez que o Governo é inchado e ineficiente. “A sociedade paga um preço alto por escolhas que são feitas na direção errada.” A petista argumentou que a adversária não respondeu à pergunta e bateu o pé quanto a sua questão. “Quem quer governar tem de dizer como fazer.” O protagonismo do pré-sal na geração de riquezas também foi tema de discussão. Dilma indagou por que Marina quer reduzir a importância das reservas de petróleo na economia brasileira. A oponente rebateu com as denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras, afirmando que a estatal é hoje ineficiente, o que enfraquece a tese da centralidade da exploração do pré-sal.
Dada a rusga entre as duas candidatas, Aécio Neves ficou em segundo plano. O tucano voltou a defender a independência do Banco Central na escolha das diretrizes econômicas do país. Durante suas perguntas e respostas, aproveitou para atacar o Governo, dizendo que hoje o país é pior do ponto de vista econômico do que há quatro anos. Também atacou o PT pelos casos de corrupção em que o partido esteve envolvido. Nas considerações finais, alfinetou Marina, dizendo ser o candidato mais consistente entre aqueles que se opõem ao atual Governo.
Nanicos
Entre os demais candidatos presentes ao evento, Pastor Everaldo (PSC), Levy Fidelix (PRTB), Eduardo Jorge (PV) e Luciana Genro (PSOL), o destaque ficou novamente com Eduardo Jorge e, desta vez, a candidata do PSOL. Os dois questionaram os adversários quanto a temas polêmicos como legalização das drogas e descriminalização do aborto. Fidelix foi questionado pelo jornalista Kennedy Alencar sobre o papel de seu partido, que pode ser considerado uma “legenda de aluguel”. Irritado, o candidato deixou o embate com seus adversários para responder ao jornalista, dizendo que seu partido existe para debater temas que são esquecidos pelas grandes candidaturas.