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Margarida propõe gestão participativa e soluções regionais para Juiz de Fora

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Candidata pela quarta vez à Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), a deputada federal Margarida Salomão (PT) foi a primeira convidada de uma série de entrevistas que a Tribuna faz, em parceria com a rádio CBN Juiz de Fora, com os 11 postulantes ao cargo de chefe do Executivo Municipal nas eleições de 2020. Conduzida por jornalistas do grupo Solar de Comunicação, a sabatina debateu vários pontos relevantes na discussão pública juiz-forana. Durante a arguição, Margarida assumiu publicamente alguns compromissos, como de nomear uma equipe de governo paritária entre homens e mulheres. Questionada sobre os seus objetivos políticos para o futuro, ela descartou a possibilidade de deixar o mandato pela metade, como fez o ex-prefeito Bruno Siqueira (MDB), que, em 2018, renunciou ao cargo para disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Sinalizou ainda a intenção de fazer uma gestão mais participativa e com soluções distintas e territorializadas para as diferentes regiões do município.

“Meu secretariado será paritário, formado metade por homens e metade por mulheres. Há tantas mulheres competentes na cidade, que poderia formar um secretariado só de mulheres. Mas acho bom buscar o equilíbrio.” A parlamentar sinalizou ainda que também pretende garantir representatividade racial em sua equipe de Governo, caso eleita. “Com toda certeza haverá negros e negras secretários municipais”. Sobre possíveis nomes para um possível governo, tergiversou. “Ainda estamos muito no início deste processo. Temos mais de mil pessoas trabalhando em nosso programa de governo. É um processo participativo sob a coordenação do Martvs das Chagas (ex-secretário nacional de Combate ao Racismo).” Segundo a parlamentar, o documento é debatido por lideranças comunitárias, professores universitários, empresários e sindicalistas e será lançado em 5 de novembro.

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Margarida durante entrevista, na manhã desta quinta-feira (1º), aos jornalistas do grupo Solar de Comunicação (Foto: Leonardo Costa)

Deputada defende trajetória política para justificar quarta candidatura

Ao comentar a intenção de exercer os quatro anos de mandato, Margarida fez um breve resumo de sua trajetória política. “Fui reitora (da Universidade Federal de Juiz de Fora) duas vezes. Estou em meu terceiro mandato como deputada federal. Chegar a ser prefeita de Juiz de Fora seria um coroamento da minha vida. Definitivamente não é um trampolim para nada”, frisou. Ela comentou ainda sobre o fato de estar tentando a Prefeitura pela quarta vez. “Alguém pode pensar que é teimosia. Sou teimosa. Sou teimosa igual ao Lula”, disse, lembrando que o ex-presidente apenas se elegeu em sua quarta tentativa, pontuando também que só foi escolhida reitora em sua terceira candidatura dentro da UFJF.

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Após ser derrotada por três vezes nos segundos turnos das eleições de 2008, 2012 e 2016, Margarida considerou o atual processo eleitoral como um novo momento e prometeu que seu projeto está adequado à nova realidade, sem perder focos em balizas já apresentadas ao eleitorado em outros anos. “Temos que ser capazes de ler as circunstâncias. Estamos todos de máscaras. É uma outra cidade. É uma cidade pós-pandemia. Se não formos capazes de fazer uma proposta contextualizada. Vamos defender uma cidade mais igualitária, que seja para todos e todas, e com prioridades sociais. Isto você vai ver em todos os programas apresentados em eleições anteriores”.

Gestão participativa

Margarida Salomão reforçou que pretende focar em um modelo de gestão que busque soluções regionalizadas para os diversos problemas da cidade, desde a saúde até a educação. Segundo a candidata, tais soluções serão apresentadas a partir de diagnósticos que, para além de dados e informações técnicas, levarão em consideração a opinião da população, de forma participativa. Para a segurança pública, ela sinaliza com uma política de integração entre forças policiais e a Guarda Municipal, além do incremento de políticas sociais. “Os espaços públicos terão seu uso democratizado. Não podemos ter teatros nos quais os grupos locais não tenham acesso. Precisamos de ter as praças ocupadas com esporte, com cultura, com rodas de poesia, com hip-hop e com vida e convívio. Praça ocupada é praça segura.”

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Cursinho popular

Ainda sobre aspectos sociais, indicou que, se eleita, poderá retomar os chamados “cursinhos populares” para contribuir com a formação dos jovens. “Temos que ter em todos os bairros formações suplementares, o que no passado chamávamos de cursinho popular. Vamos fazer, oferecer formação profissional e perspectiva para as meninas, os meninos que quiserem entrar para a universidade e mudar seu estilo de vida. Aí eu melhoro a segurança.”

Retomada do Ipplan

A deputada pontuou que, a seus olhos, o prefeito não pode ser visto apenas como um síndico que tem por missão “tapar os buracos das ruas”. “Queremos liderar a cidade no sentido que ela escreva uma nova história”. Assim, para o desenvolvimento urbano, ela sinalizou com a recriação do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Juiz de Fora (Ipplan), órgão municipal que foi uma das marcas das passagens do ex-prefeito Tarcísio Delgado pelo comando do Poder Executivo municipal. “Não é possível que o crescimento da cidade se faça ao sabor de políticas aleatórias.” Por várias vezes, Margarida citou sua experiência no primeiro mandato de Tarcísio, entre 1983 e 1988, quando foi secretária de Administração e de Governo, admitindo que a primeira gestão do ex-prefeito serve como uma referência, apesar de considerar aquele um momento da cidade muito distinto do atual.

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Novo modelo para transporte público

Margarida falou ainda sobre problemas da realidade juiz-forana que foram potencializados pela atual pandemia da Covid-19. Um deles é a situação do sistema de transporte coletivo urbano. Ano a ano, o sistema desenhado vem perdendo usuários, situação que se agravou ainda mais nos últimos meses por conta das medidas de isolamento social. “Essa bomba já explodiu. Esse modelo vai ter que ser inteiramente redesenhado, considerando vários modais”, disse, citando a intenção de recuperar vias urbanas e calçadas e apostar em novas ciclovias, a exemplo do que fez em sua gestão na UFJF.

Concurso para professores

A candidata tratou ainda da questão relacionada às escolas municipais e disse estar preparada para apresentar uma solução para o cumprimento do calendário escolar no próximo ano, cujas aulas presenciais ainda podem estar impactadas pela pandemia. Sobre o déficit de profissionais nos quadros do magistério municipal, Margarida se comprometeu publicamente a realizar concurso público para a contratação de novos professores. “Vamos ver de que maneira será implementada. Mas não podemos ter um quadro de professores dos quais 60% são eventuais. Farei o concurso. Isso é óbvio.’

‘Gastar melhor’

Sobre as fragilizadas contas da Prefeitura, que deve fechar o ano com um déficit de R$ 150 milhões, conforme mostrou matéria publicada pela Tribuna, Margarida externou o entendimento de que o passivo é manejável. “O melhor é não ter déficit, mas é um déficit manejável para uma cidade que tem um Produto Interno Bruto de R$ 14 bilhões e meio e uma Prefeitura que tem um orçamento de cerca de R$ 2 bilhões por ano.” Assim, ela sinalizou a intenção de fazer uma auditoria nas contas e no orçamento do município. “Uma coisa que a Prefeitura pode fazer é melhorar a sua capacidade de arrecadação. Também pode gastar melhor.” Sobre como ampliar a base de arrecadação, a petista considera que o caminho é o fomento ao desenvolvimento da cidade e na região por “uma vida econômica mais ativa”. O grande problema de Juiz de Fora é esse.”

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Assista a entrevista

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