Cultos presenciais em templos e igrejas da cidade voltam a ser proibidos. A decisão foi tomada após reunião do Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid-19 da Prefeitura de Juiz de Fora na noite de terça-feira (30). O encontro teve a participação do arcebispo metropolitano, Dom Gil Moreira, e pastores evangélicos. O Conselho de Pastores de Juiz de Fora (Conpas) criticou a decisão. Tendo em vista a determinação do comitê, o arcebispo metropolitano, Dom Gil, está produzindo uma nota com novas orientações às paróquias de Juiz de Fora.
As celebrações religiosas com até 30 pessoas haviam sido autorizadas através de uma medida de flexibilização implementada pelo comitê, que voltou atrás na semana passada diante do aumento no número de casos de coronavírus no município. Dentro de 14 dias, haverá uma nova avaliação sobre o assunto.
Para o presidente do Conselho de Pastores de Juiz de Fora, Charles Marçal, a decisão de vetar mais uma vez as celebrações religiosas foi unilateral. “Embora tenhamos sido chamados para participar da reunião, não foi considerado nosso voto. Não concordo com a decisão, mas vamos acatar. O número de 30 pessoas, que não sei quem projetou, não era o ideal, mas vinha atendendo. Em uma igreja onde cabem 600, com 30 pessoas fica extremamente vazia. Ainda assim, atendia, fazíamos três, quatro cultos aos domingos, por exemplo, atendia a quem tinha maior necessidade”, disse o pastor, acrescentando que o culto virtual não é suficiente, já que muitos estão sofrendo com depressão, abuso de álcool e drogas, segundo ele, necessitando de apoio espiritual presencial.
Marçal destacou que todas as precauções sanitárias estavam sendo tomadas, bem como o respeito à regra de só manter, por culto, 30 fiéis. “A igreja está sendo penalizada, imputada de estar contaminando a população. Isso não é verdade. Temos um ambiente salutar, tomamos todas as precauções. A proposta que o Conpas tem é rígida: na entrada é colocado um tapete sanitizador, temos totens com litros de álcool em gel para uso à vontade, os assentos já estavam previamente afastados ou demarcados com, no mínimo, dois metros de distância. Enquanto isso, o transporte urbano está lotado, sem nenhum distanciamento social, o mercado recebendo centenas de pessoas por dia. Essa proibição é um desacato à Constituição, me sinto invadido no meu direito”, afirmou. O Comitê deliberou que, dentro de 14 dias, haverá uma nova avaliação para só assim decidir pela manutenção ou não da medida.
Projeto que caracteriza celebrações religiosas como essenciais é aprovado na Câmara
Na segunda-feira (29), o projeto de lei que dispõe sobre a caracterização de celebrações religiosas como atividades essenciais foi aprovado em primeira discussão e depende agora de sanção do prefeito Antônio Almas. De autoria do vereador André Mariano (PSL), o projeto prevê que celebrações religiosas sejam mantidas durante estados de emergência ou calamidade pública, sem distinção de credo.
O vereador destacou que “Juiz de Fora reconhece que a questão da fé é importante, mais do que essencial em momentos difíceis como este que estamos vivendo e essa é a essência do projeto. Não resta dúvida sobre o fato de que haverá todos os cuidados com isolamento”. O parlamentar observou também que as igrejas atendem as comunidades para aconselhamentos, além de distribuírem cestas básicas, entre outras atividades.
O autor solicita na justificativa que sejam retomadas as celebrações religiosas, respeitando os protocolos e diretrizes do Programa Minas Consciente, “que aborda a retomada gradual, progressiva e regionalizada, embasada em critérios e dados epidemiológicos, a partir de um monitoramento constante da situação pandêmica”.
Caberá ao prefeito estabelecer regras para garantir a segurança no exercício das atividades essenciais, entre elas as celebrações, sejam dentro ou fora dos templos religiosos. Sobre o projeto de lei, a assessoria de comunicação da Prefeitura afirmou que aguarda o recebimento para se manifestar sobre o assunto.
Taxa de incidência e falta de sedativos
Por outro lado, conforme a PJF, em defesa da não realização de cultos presenciais, o coordenador regional das Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde da Macrorregião Sanitária Sudeste, Rodrigo Barros, apresentou dados de incidência da Covid-19 na macrorregião de Juiz de Fora. Dados do Comitê Extraordinário do Estado apontam que, entre os dias 14 e 21 de junho, a taxa de incidência do coronavírus na região era de 27,1 para cada cem mil habitantes. Na semana seguinte, esta taxa saltou para 48,9.
O promotor também apresentou outro problema que já atinge quase todas as cidades do Brasil, que é a dificuldade de compra de medicamentos para sedação de pacientes com Covid-19. Segundo ele, várias entidades da área da saúde relatam a redução de estoques e, consequentemente, a falta de sedativos e relaxantes musculares nos hospitais públicos e privados durante a pandemia, tendo em vista o alto consumo e a dificuldade de aquisição.