O prefeito de Juiz de Fora Antônio Almas (PSDB) reiterou, nesta sexta-feira (1º de maio), que as medidas de isolamento social serão mantidas na cidade e informou que, neste momento, não é possível haver flexibilização do setor produtivo para uma reabertura gradual dos negócios. Ele esclareceu que 84% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTIs) estão ocupados, não apenas com pacientes diagnosticados com Covid-19, e que tal índice não garante segurança para avançar no retorno das atividades.
As declarações foram dadas durante transmissão ao vivo, realizada pelo Instagram, que contou com a participação do secretário adjunto da Saúde, Clorivaldo Rocha Corrêa. Na ocasião, eles responderam perguntas enviadas pela Tribuna de Minas e outros veículos da imprensa local.
Almas explicou o funcionamento do programa Minas Consciente, criado pelo Governo de Estado esta semana. O projeto é responsável por definir as diretrizes para que as prefeituras mineiras possam avaliar e decidir sobre a abertura gradual do comércio, da indústria e dos serviços.
A partir de dados econômicos e da saúde, o plano estabelece quatro “ondas”: a verde, referente aos serviços essenciais; a branca, que engloba as atividades de baixo risco; a amarela, que inclui as de risco médio; e, por último, a vermelha, que integra as atividades de alto risco.
De acordo com o programa, a liberação das atividades deve ocorrer de forma progressiva, isto é, o avanço de uma “onda” para outra depende dos indicadores de capacidade assistencial e de propagação da Covid-19. “Se nós tivéssemos menos de 78% dos leitos de UTIs ocupados, poderíamos avançar, mas não é a nossa realidade”, diz Almas.
Ele ressalta que o programa estabelece sinal de alerta quando o município está na faixa de ocupação entre 78% e 90%. Já acima de 90% é preciso retroceder em uma “onda”. “Não pode haver flexibilização se as condições mínimas para garantir a segurança dos cidadãos não se fizerem presentes.”
Clorivaldo destacou que todas as ações devem ser implantadas considerando não só o cenário local, mas o que todo o país atravessa. “Estamos vivenciando um momento de franca ascensão da Covid-19, uma infecção de alto contágio. Todos os protocolos internacionais recomendam que tenhamos cautela”, diz.
“Tivemos aumento de mais de 50%
do número de casos suspeitos em Juiz de Fora,
e mais de 5 mil mortes no país.
Seria irresponsável qualquer movimento
a favor de reabertura do comércio nesse momento.”
Ampliação de leitos
As autoridades informaram que o número de leitos está sendo ampliado durante a pandemia. “Antes da Covid-19, nós tínhamos 108 unidades. Hoje temos 127, e estamos aguardando a incorporação de mais dez, podendo, assim, chegarmos a 137”, adiantou o prefeito afirmando que o quantitativo “ainda é pouco”.
Clorivaldo explicou que a ampliação da estrutura de saúde local está acontecendo, mas exige tempo. “Quando começamos a apresentar os primeiros casos da doença na cidade, iniciamos o trabalho de ampliação. Mas é um processo que exige não só mais aparelhos, como também mais profissionais, remédios, além do credenciamento e da habilitação por parte do Estado e do Ministério da Saúde.”
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Isolamento Social
Almas reforçou que a necessidade de leitos está diretamente ligada ao cumprimento ou não do isolamento social, considerado até o momento a medida mais eficiente de combate à transmissão da Covid-19. Novamente, o chefe do Executivo fez um apelo para que a população de Juiz de Fora obedeça à norma sanitária.
“Estamos assistindo o aumento
dos números de casos suspeitos e críticos.
O que estamos experimentando é
reflexo do que fizemos 14 dias atrás.
As pessoas começaram a
desvalorizar o isolamento social.”
Para ele, mais do que ações repressivas por parte do poder municipal, o momento pede conscientização das pessoas. “Numa cidade em que as pessoas se preocuparem com elas e com os outros não será preciso da repressão. Estamos aqui querendo que as pessoas entendam a importância de ficar em casa, de usar a máscara. Não será pela punição que venceremos essa batalha, mas pelo convencimento individual da importância dessa norma sanitária que é o isolamento social.”
Barreira sanitária
Questionado sobre a possibilidade de criação de barreira sanitária para conter a chegada de pacientes do Rio de Janeiro que buscam assistência médica em Juiz de Fora, o prefeito afirmou ser contrário à medida. “A barreira sanitária não irá resolver esta situação. Qual profissional de saúde, ao fazer o diagnostico frente ao paciente com risco de morte, irá mandá-lo de volta para a sua cidade?”, indagou. “Já acionamos o Estado, pois é preciso uma interlocução com o Ministério da Saúde para entender a posição que Juiz de Fora está nesse momento.”