Em reunião por videoconferência no início da noite desta quarta-feira (1º), o prefeito Antônio Almas (PSDB) garantiu a representantes de entidades do setor produtivo de Juiz de Fora a manutenção das restrições ao funcionamento de estabelecimentos comerciais e de serviços ao menos até 30 de abril. O prazo coincide com o pico estimado de casos do novo coronavírus (Covid-19) em Juiz de Fora. O encontro foi o primeiro entre o Executivo e as entidades patronais desde a edição do Decreto 13.897/2020 para restringir atividades comerciais. As lideranças do setor produtivo deixaram a reunião, após mais de duas horas, satisfeitas com Almas devido à aproximação entre as partes. A pedido dos empresários, a Prefeitura de Juiz de Fora deve estudar a flexibilização do pagamento de tributos como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e do Imposto sobre Serviços (ISS). A Prefeitura de Juiz de Fora não retornou o contato da Tribuna até o fechamento desta edição.
O presidente da Comissão dos Dirigentes Lojistas de Juiz de Fora (CDL), Marcos Casarin, confirmou a manutenção das restrições ao funcionamento do comércio até o fim de abril. “Antes do dia 30 de abril, não abre o comércio. O prefeito foi taxativo. (…) Em Juiz de Fora, não poderíamos ficar sem informação e diálogo. As entidades representam os seus respectivos setores e sem essa informação ficaria muito difícil. O mais importante foi o diálogo. Queremos participar porque entendemos que estamos todos nos mesmo barco. A nossa intenção é ajudar e não cobrar. Tenho certeza que, inclusive, não só a associados e representados, mas até a população, para todos terem um feedback do que fazer, para que tenhamos um planejamento do que fazer.” Além de Almas, participaram da reunião o secretário de Fazenda, Fúlvio Albertoni, e o secretário de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agropecuária, Rômulo Veiga.
Conforme Casarin, as lideranças do setor produtivo juiz-forano terão reuniões semanais com o prefeito Antônio Almas. “Cada entidade pleiteou alguma coisa à Prefeitura. O prefeito ficou de estudar caso a caso. Não poderia nos atender de maneira generalizada. Há várias leis que precisariam ser estudadas ou até aprovadas. (…) Como foi apenas a primeira (reunião), vamos nos organizar para saber o que pode ser reivindicado e conversado para oficializar uma coisa mais concreta e mais objetiva.” Também participaram da reunião representantes de outras oito entidades, integrantes de um grupo intitulado G10, como o Sindicato do Comércio (Sindicomércio), da Associação Comercial e Empresarial, do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais, da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria, do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares, do Convention Bureau e do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas. Apenas o Centro Industrial de Juiz de Fora não compareceu.
De acordo com o presidente do Sindicomércio, Emerson Beloti, embora a classe entenda o zelo de Almas pela saúde pública, os empresários quiseram externar suas preocupações com o quadro econômico em busca de aproximação com o Executivo. “A nossa preocupação agora é diminuir os impostos, e o Município cuida de dois: IPTU e ISS. Pedimos a Almas e aos secretários para que pudessem olhar esses custos que as empresas têm, mesmo que sejam postergados. Não estamos pedindo anistia. O empresário precisa respirar. Há muitos compromissos a serem pagos, como fornecedores, locadores e os próprios funcionários. À medida que os dias parados vão aumentando, outros pagamentos já nos preocupam, como os tributos.”
Para Beloti, além dos empresários, os Governos federal, estadual e municipal terão que dar a sua “cota de sacrifício”. “A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas (Fecomércio) tem trabalhado sobre o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) com o Governo estadual. O ICMS também pesa muito para muitos empresários. Temos que sair juntos nesse momento. Não tem como sairmos separados. (…) A Prefeitura está sem dinheiro, mas o prefeito foi sensível para que nos pedidos sejam estudados o quanto antes.” De acordo com Beloti, nos próximos dias os setores jurídicos do Sindicomércio e da Associação Comercial e Empresarial formalizarão os pleitos em documento a ser encaminhado “o mais rápido possível” para o secretário de Fazenda, Fúlvio Albertoni. “Estamos em uma fase em que todos estamos em um barco só. A tempestade não vai ser fácil para os empresários do comércio e dos serviços. Depois da tempestade da saúde, vamos ter que atravessar a tempestade econômica.”