O ministro da Fazenda Henrique Meirelles foi convidado do programa Pequeno Expediente da Rádio CBN Juiz de Fora nesta quinta-feira (1º) e falou sobre as especulações em torno de uma possível candidatura à Presidência nas eleições de outubro. Filiado ao PSD, Meirelles afirmou que ainda não se definiu sobre uma empreitada eleitoral e afirmou que um posicionamento final deve ser conhecido até o prazo final para sua desincompatibilização da chefia do Ministério da Fazenda, o que deve ocorrer até o dia 7 de abril. “É uma questão de decisão. Ou fico onde estou, conduzindo a economia brasileira neste processo de recuperação, que é muito importante, ou saio, faço a desincompatibilização e parto para uma candidatura à Presidência da República”, afirmou de forma objetiva.
Preparado para defender o legado e as reformas do atual da gestão do presidente Michel Temer (MDB), o ministro não descartou a pecha de possível candidato do Governo, mesmo que Temer também se decida por tentar a reeleição, cenário que passou a ser cogitado, mesmo que veladamente, desde a edição do decreto de intervenção federal na área de segurança pública no Estado do Rio de Janeiro.
“O presidente Michel Temer ainda não decidiu se será ou não candidato. Assim como eu também não decidi. Evidentemente, pode ser que um dos dois decida e o outro não; pode ser que nenhum dos dois decida; e pode ser também que os dois decidam ser candidatos. É plausível, em tese, que pudesse existir dois candidatos do Governo. Isto já aconteceu em outros países e em outras situações. Por outro lado, do ponto de vista eleitoral, é uma vantagem ter uma candidatura única representando todo este esforço e este trabalho de reformas que estão sendo feitos na economia brasileira e no país neste momento”, afirmou o ministro da Fazenda.
Apesar de admitir a possibilidade remota de enfrentar o atual presidente Temer nas urnas em outubro, Meirelles afirmou contar com a simpatia do presidente, caso decida se lançar na corrida eleitoral. Assim definiu que sua posição não passará pelo crivo de Temer. “O presidente já deixou muito claro que tem simpatia por uma eventual candidatura caso eu saia do Ministério. Ele acha muito importante a defesa do legado deste Governo e das reformas e o compromisso de continuidade. Por outro lado, evidentemente, ele aprecia muito meu trabalho na Fazenda e apreciaria muito também caso eu continuasse. Portanto não acredito que ele faça um pedido e vai respeitar a decisão que vier tomar”, garantiu.
Por outro lado, Meirelles evitou falar sobre uma possível saída do PSD para disputar a presidência. Recentemente, o ministro teve seu nome vinculado, inclusive, ao MDB. Segundo ele, os possíveis flertes não são conclusivos. “Tenho conversado com vários partidos por razões diversas. Seja por questões institucionais; por projetos em andamento na Câmara; pela reforma da Previdência; ou por questões das eleições. Certamente, tenho conversado com o MDB e o PSD, partido ao qual eu sou filiado.” Segundo Meirelles, uma possível mudança de legenda só será tratada após a decisão de sair candidato à presidência ou não, descartando assim burburinhos de que poderia tentar concorrer a uma cadeira no Senado por São Paulo. “Caso decida que não sou candidato a presidente, ficarei no Ministério da Fazenda até o dia 31 de dezembro.”
Bandeira da economia
Sobre bandeiras a serem defendidas em uma possível candidatura à Presidência, Meirelles considerou que não há problemas em focar o debate em sua área mais relevante atuação, a economia. “É importante dizer que a economia tem influência em todos os demais setores da sociedade. Na medida em que se cria emprego, atende à questão social. A melhor política social que existe é a criação de empregos. A segunda coisa é que aumenta a arrecadação. Aumentando a arrecadação pública, gera-se recursos para fazer as políticas sociais complementares, como Bolsa Família. O crescimento econômico gera este efeito positivo de gerar arrecadação que permite investimento na área social, na saúde, na educação e na segurança.”
Ministro minimiza crescimento de taxa de desemprego
Durante a entrevista, o ministro da Fazenda Henrique Meirelles minimizou o crescimento da taxa de desemprego, que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atingiu 12,2% no trimestre encerrado em janeiro de 2018, com cerca de 12,7 milhões de pessoas procurando uma ocupação no país. Aliás, Meirelles apontou até mesmo pontos positivos na evolução do índice, considerando que ela aponta um aumento da população economicamente ativa do país.
“Isto é muito bom. Significa que aquela grande parcela de brasileiros, principalmente os mais jovens, que tinham desistido de trabalhar por conta do período de recessão, está voltando a se motivar e a ter esperança e começou a procurar emprego. O fato é que o Brasil está gerando um número muito importante de novos empregos. No ano passado gerou mais de um milhão e este ano planejamos gerar mais de 2,5 milhões”, avaliou o ministro, destacando que o IBGE considera desempregado quem não tem trabalho e procurou algum nos 30 dias anteriores à semana em que os dados foram coletados.
Meirelles também considerou que, a despeito de comprometer o andamento das discussões acerca da reforma da Previdência no Congresso por questões constitucionais, a intervenção federal na segurança pública no Rio de Janeiro veio em boa hora. “A intervenção foi uma prioridade e uma decisão correta, tomada na hora certa e absolutamente necessária. A insegurança da população era absolutamente inaceitável.” Ainda assim, o ministro ainda mostrou esperanças de que a agenda reformista possa ser retomada ainda este ano.
“A intervenção durar até o final do ano é uma mera previsão. Não é uma decisão. A intervenção não tem tempo fixado. Ela pode perfeitamente terminar antes do fim do ano. No caso da votação da reforma só ocorrer no final do ano ou mesmo não ocorrer em 2018, temos uma lista de prioridades já escolhidas pela área econômica”, afirmou, destacando pontos como a proposta de simplificação tributária e a privatização da Eletrobras.