O ano de 2023 chega com expectativas de novos rumos para as discussões políticas nacionais. A principal mudança, é claro, acontece com a troca no comando do Governo federal, com a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no lugar do presidente Jair Bolsonaro (PL), que sai de cena após não conseguir se reeleger. A troca, que acontece neste domingo, 1º de janeiro, vai além dos nomes. Com Lula e Bolsonaro posicionados em campos opostos, há a expectativa de uma guinada nas prioridades de uma gestão para outra. Um desafio, porém, segue o mesmo de quatro anos atrás: a necessidade de pacificar e reatar o país, que, há anos, vive uma forte cisão, marcada pelo acirramento das posições de grupos antagônicos.
Porém, se no país a reaproximação se mostra necessária, de certa forma, em Juiz de Fora, o realinhamento entre a Prefeitura e o Governo federal parece iminente. A partir de janeiro, há uma grande expectativa de uma maior proximidade entre o comando do Município, chefiado pela prefeita Margarida Salomão (PT), e o Governo federal, novamente sob a caneta do presidente Lula, uma vez que os dois chefes do Executivo pertencem ao mesmo partido. A última vez que este cenário aconteceu foi entre maio de 2016 e abril de 2018, quando a Prefeitura de Juiz de Fora e a Presidência da República eram ocupadas, respectivamente, por Bruno Siqueira e Michel Temer, à época, ambos no MDB. Hoje, Bruno é filiado ao Avante.
‘Facilidade de acesso’
Mais do que isso. Nas eleições municipais de 2020, o PT não conseguiu eleger prefeito em nenhuma das capitais do Brasil pela primeira vez desde a redemocratização. Com isso, Juiz de Fora é a segunda maior cidade governada pela sigla em todo o país, o que aumenta as expectativas de pessoas ligadas ao partido de que o Município pode ter maior poder de articulação para pleitear recursos federais para intervenções importantes nos próximos anos. De certa forma, esta interpretação também é compartilhada pela prefeita Margarida Salomão, que fala em “facilidade de acesso” ao Governo federal a partir de janeiro de 2023.
“Para Juiz de Fora, as minhas expectativas são muito positivas, pelo apreço que o presidente Lula tem pela cidade. É um amor recíproco. Afinal, mais uma vez, Juiz de Fora deu a Lula uma vitória muito importante no estado de Minas Gerais. Também pela proximidade que eu tenho, como ex-deputada federal, com muitos dos ministros. Eu imagino que nós possamos encaminhar em Brasília muitas questões que são muito importantes para a nossa cidade”, afirmou a prefeita à Tribuna.
Como destacado por Margarida, Lula saiu vitorioso das urnas juiz-foranas tanto no primeiro, como no segundo turno, e visitou a cidade em duas oportunidades durante o ano eleitoral. Entre os dez maiores municípios mineiros, foi em Juiz de Fora onde o presidente eleito obteve o melhor desempenho eleitoral, conquistando 56,09% dos votos válidos.
Em Minas, cenário é de continuidade em segundo mandato de Zema
Enquanto há grandes expectativas para a troca no comando da Presidência com a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, em Minas Gerais o cenário é de sequência nos trabalhos. Reeleito em primeiro turno com 56% dos votos válidos, o governador Romeu Zema (Novo) também será empossado, neste domingo, para o seu segundo mandato, ao lado do vice-governador eleito Mateus Simões (Novo). Apesar da característica da continuidade que marcará o Governo Zema II, como a manutenção do secretariado, o governador terá que dar respostas a alguns desafios, como, por exemplo, tirar do papel um dos objetivos de sua gestão, a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, que busca minimizar os impactos da dívida estadual com a União, estimada em cerca de R$ 150 milhões.
Ao longo de seu primeiro mandato, Zema encontrou resistência para dar andamento ao projeto de adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, inclusive na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Aliás, a construção de uma relação com a ALMG já surge como outro desafio de Zema no segundo mandato, após um relacionamento tenso entre o governador e o Legislativo estadual nos últimos anos.
Além disso, o governador também terá que destravar algumas obras muito esperadas pelos mineiros, como a construção de um rodoanel na região metropolitana, a ampliação do metrô e a conclusão de seis hospitais regionais. Entre eles, está o Hospital Regional de Juiz de Fora. Ao longo de 2022, Governo e Prefeitura avançaram para destravar entraves burocráticos para a retomada dos trabalhos, com a dação ao Estado, por parte do Município, do terreno em que, desde 2010, está sendo construída a unidade hospitalar. A expectativa, agora, é pela retomada dos trabalhos no local.
Outro ponto de dúvidas será o relacionamento entre os Governos federal e estadual com o retorno de Lula à Presidência. Nos últimos quatro anos, Zema manteve uma relação de proximidade com o presidente Jair Bolsonaro. Inclusive, atuou como o principal cabo eleitoral do candidato à reeleição em Minas Gerais no segundo turno da disputa, visitando várias cidades, inclusive Juiz de Fora, ao lado de Bolsonaro. Outro ponto que pode influenciar a relação entre Estado e União é o fato de Zema ser apontado como um dos possíveis nomes para se lançar como candidato de oposição ao grupo de Lula nas eleições presidenciais de 2026.
Deputados
Já no caso dos deputados federais e estaduais eleitos por Juiz de Fora nas eleições de outubro, a posse só acontece em 1º de fevereiro. Seis nomes se elegeram com domicílio eleitoral na cidade. Ana Pimentel (PT) e a Delegada Ione Barbosa (Avante) irão representar a cidade na Câmara dos Deputados em seus primeiros mandatos eletivos. Já Betão (PT), Charles Santos (Republicanos), Delegada Sheila (PL) e Noraldino Júnior (PSC) se reelegeram para mais quatro anos de mandato na ALMG.
Novo presidente da Câmara Municipal toma posse nesta segunda
Outra troca de comando acontece na Câmara Municipal. Eleito como novo presidente da Mesa Diretora da Casa no último dia 1º de dezembro, o vereador Zé Márcio (Garotinho, PV) toma posse na Presidência do Poder Legislativo juiz-forano na próxima segunda, em solenidade marcada para as 17h30, no Palácio Barbosa Lima. Ele vai substituir o vereador Juraci Scheffer (PT), que presidiu a Câmara no biênio 2021-2022.
Entre as prioridades elencadas por Garotinho para seu mandato à frente da Mesa Diretora estão o aprimoramento das ferramentas de comunicação do Legislativo, incluindo a JFTV Câmara; a continuidade das conversas para a transferência da sede política da Câmara para o prédio onde hoje funciona o Fórum Benjamin Colucci; além de garantir voz a todos e o protagonismo do Poder Legislativo.