Eleito em outubro de 2018 com mais de 57 milhões de votos, Jair Bolsonaro tomou posse como presidente da República nesta terça-feira (1º). Na ocasião, o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, também foi empossado.
Em seu discurso de posse no Congresso nacional, o presidente afirmou que irá trabalhar para aprovar as reformas estruturantes para ajudar na retomada da economia brasileira e que conta com o Congresso para fazê-lo.
“Vou lutar para aprovar reformas estruturantes essenciais para saúde financeira e sustentabilidade das contas públicas”, disse o 38º presidente do Brasil em seu discurso. “Na economia, traremos a marca do livre mercado e da eficiência. Montamos uma equipe técnica, sem o tradicional viés político.”
Em sua fala, Bolsonaro também disse que irá respeitar regras, contratos e propriedades e defendeu a abertura do país ao comércio internacional, novamente sem “viés ideológico”, e destacou que a agropecuária brasileira continuará a ter papel essencial neste tema, em harmonia com a preservação do meio ambiente.
O novo presidente ainda criticou gestões anteriores, dizendo que sua irresponsabilidade “nos conduziu à maior crise política e moral da história” e disse querer combater “práticas nefastas”. Ele ainda ressaltou que o pacto nacional entre os três poderes é essencial nesta tarefa.
Bolsonaro, que foi associado por críticos a possíveis condutas antidemocráticas, disse que uma de suas prioridades é proteger e revigorar a democracia. “Começamos um trabalho árduo para o Brasil iniciar um novo capítulo da sua história”, pregou. “Trabalharei para que o país encontre seu destino e se torne a grande nação que queremos.”
Bolsonaro recebe faixa das mãos de Temer
Logo após receber, às 17h, a faixa presidencial de Michel Temer, o presidente Jair Bolsonaro discursou no parlatório do Palácio do Planalto, de frente para o público que lotava a Praça dos Três Poderes. Recepcionado aos gritos de “mito” e “o capitão chegou”, Bolsonaro propôs a criação de um “movimento para restabelecer padrões éticos e morais que transformarão nosso pais”. Ele defendeu ainda que “a corrupção, os privilégios, as vantagens, os favores politizados, partidarizados” acabem e fiquem “no passado para que o governo e a economia sirvam de verdade para a nação”.
“Não podemos deixar que ideologias nefastas venha a dividir os brasileiros. Ideologias que destroem nossos valores e tradições. Ideologias que destroem nossas famílias, alicerces da nossa sociedade. Convido a todos para iniciarmos um movimento neste sentido. Podemos eu, você e nossas famílias, todos juntos, restabelecer os padrões éticos e morais que transformarão nosso Brasil”, afirmou.
A primeira frase do presidente para seus apoiadores foi: “este momento não tem preço, servir a pátria como chefe do Executivo”. Em seguida, prometeu “fazer o Brasil ocupar o lugar que merece no mundo e trazer paz e prosperidade para todos.” O momento mais aplaudido de seu discurso de improviso ocorreu logo em seguida, quando Bolsonaro proferiu a seguinte frase: “O povo começou a se liberar do socialismo”. E continuou: “Se libertar da inversão de valores, do gigantismo estatal e do politicamente correto”, sendo novamente muito aplaudido. Bolsonaro concluiu esse trecho de sua fala dizendo que a eleição deu voz a quem não era ouvido e que a voz das ruas e das urnas foi muito clara.
Ele assegurou que fará as mudanças pleiteadas pela maioria, respeitando os princípios do estado democrático e a Constituição. Bolsonaro destacou ter sido eleito “com a campanha mais barata da história” e voltou a prometer um “governo sem conchavos e sem acertos politicos”. Disse que o “time de ministros” está qualificado para transformar o país, colocando os interesses dos brasileiros em primeiro lugar. Disse que esse era o “propósito inegociável” de seu governo.
Combate ao desemprego
Pela primeira vez, o presidente mencionou a necessidade de combater “o desemprego recorde” na economia. Ele defendeu que os brasileiros tenham direito a uma vida melhor e a um governo honesto e eficiente, que não crie “pedágios e barreiras”. Voltou a dizer que vai desburocratizar o Estado e melhorar a infraestrutura do país. Bolsonaro reiterou que quer “acabar com ideologia que defende bandidos e criminaliza policiais”.
Prometeu ainda garantir “a segurança das pessoas de bem e do direito de propriedade e da legitima defesa” e avisou que a educação básica será priorizada. Ao finalizar seu discurso, mostrou uma bandeira do Brasil e disse: “Eis a nossa bandeira que nunca será vermelha. Se for preciso (daremos) o nosso sangue para mantê-la verde e amarela.”
Michelle Bolsonaro discursa em Libras
A primeira-dama Michelle Bolsonaro discursou na cerimônia de posse do presidente Jair Bolsonaro no Parlatório. Segundo Michelle, “as urnas foram claras. O cidadão brasileiro quer segurança, paz e prosperidade”. O discurso foi feito em Libras, linguagem brasileira de sinais, e traduzido por uma intérprete.
Michelle também aproveitou para agradecer a solidariedade da população ao seu marido durante o período de recuperação após o atentado em Juiz de Fora. Emocionada, Michelle interrompeu o discurso em um momento e, em quebra de protocolo, beijou Bolsonaro duas vezes.
Na ocasião, a primeira-dama fez um aceno às pessoas com deficiência que, segundo ela, terão atenção especial neste governo. “Gostaria de me dirigir de forma especial à comunidade surda e de deficientes: vocês serão ouvidos”, defendeu, e emendou: “trabalho de ajuda que sempre fez parte da minha vida e que a partir de agora, como primeira-dama, posso ampliar de maneira significativa”.
Bolsonaro e Hamilton Mourão foram empossados às 15h no Congresso Nacional. Ao assinar o termo de posse, o presidente da República chegou a afirmar que estava “casando” com os parlamentares.
Em seguida, por volta das 17h, Michel Temer transmitiu a faixa presidencial para o novo presidente. Bolsonaro subiu a rampa acompanhado de sua mulher Michelle e do vice-presidente Hamilton Mourão. Os apoiadores de Bolsonaro cantavam o “capitão voltou” na ocasião.