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Mais de 70% das crianças com menos de 1 ano não foram vacinadas contra a febre amarela

Aedes, transmissor da dengue

Foto: Reprodução Fiocruz

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Mais de 70% das crianças mineiras com menos de 1 anos não foram vacinadas contra a febre amarela, conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). O índice preocupa, já que a meta de cobertura vacinal preconizada pelo Ministério da Saúde é de 95%. Em Juiz de Fora, segundo reportagem publicada pela Tribuna em maio, a cobertura vacinal de crianças contra a febre amarela era de 52,14% até 24 de abril, de acordo com o DataSUS. 

A febre amarela é uma doença infecciosa grave, com alta taxa de mortalidade, podendo levar a óbito 50% dos pacientes. Transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, a arbovirose tem como principal forma de prevenção a vacinação. Todavia, de acordo com estimativas da SES-MG, 33.223 crianças menores de 1 ano ainda não se vacinaram contra a doença no estado, o que representa 71,7% desse público.

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“A febre amarela é uma doença imunoprevenível, ou seja, pode ser evitada com a vacinação. A vacina está disponível em todas as unidades de saúde do estado e deve ser tomada, pois é eficaz e segura”, destaca o subsecretário de Vigilância em Saúde da SES-MG, Eduardo Prosdocimi.

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Desde 2018, não havia registro de casos humanos de febre amarela confirmados laboratorialmente em Minas Gerais, sendo o primeiro em 2023, no município de Monte Santo, mas com local provável de infecção (LPI) em São Paulo. Já em 2024, foi notificado um caso de febre amarela em um homem residente em Águas de Lindoia, no estado de São Paulo, que teria como local provável de infecção o município de Monte Sião. O paciente, que veio a óbito, não tinha registro de vacina contra a doença.

Já quanto aos registros de morte de macacos (epizootia) confirmadas para a febre amarela, em 2024, o que representa um sinal de circulação do vírus, o estado contabilizou quatro até o momento, sendo dois casos na cidade de Bueno Brandão, um em Santa Rita de Caldas e um em Belo Horizonte.

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Além de recomendar aos municípios a intensificação vacinal e o monitoramento rápido de coberturas vacinais (MRC) nos territórios, a SES-MG também intensificou a vigilância epidemiológica no estado, diante da ocorrência de epizootias e de casos humanos de febre amarela.

“Nesses casos, após a notificação pelo município e a confirmação laboratorial da Fundação Ezequiel Dias (Funed) por meio do Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais (Lacen), a nossa equipe inicia um grande processo de apoio junto ao município, buscando entender como está a situação vacinal na região e a situação de bloqueio do vetor, de forma a evitar a disseminação do vírus”, continua o subsecretário.

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“Em outras epizootias, como já tivemos também no sul de Minas Gerais, nossa equipe se deslocou aos municípios para fazer um trabalho de bloqueio do vetor, além de campanhas de ampliação da cobertura vacinal, de forma a atingir as metas preconizadas pelo Ministério da Saúde. O principal nesse momento é chamar a atenção da população para a importância da vacinação”, conclui.

Sintomas da febre amarela

A febre amarela é uma doença infecciosa transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, cujos sintomas são febre de início agudo, associada a icterícia, e pode evoluir com fenômenos hemorrágicos e sangramentos. Dores de cabeça, dores musculares, náusea, vômito, confusão mental e diminuição da diurese também são sintomas da doença.

Uma parte dos pacientes evolui para a forma leve da doença, mas as formas moderadas e graves têm uma alta taxa de mortalidade, podendo alcançar até metade dos pacientes que contraíram o vírus.

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“Os pacientes que apresentam sintomas de febre, em especial associados a icterícia, devem procurar atendimento médico imediato para avaliação e confirmação ou não do diagnóstico da febre amarela”, adverte o médico infectologista do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Minas Gerais (Cievs Minas), Ricardo Luiz Fontes Moreira.

“Se é uma forma muito leve, o tratamento pode ser feito somente com medicações, mas se o paciente tem uma forma mais moderada ou grave da doença, uma alteração da função dos rins ou uma alteração hepática mais significativa, precisa ser internado e muitas vezes tem que ser tratado em ambiente de terapia intensiva”, explica.

Esquema vacinal e cobertura

De acordo com as recomendações do Programa Nacional de Imunização (PNI), crianças entre 9 meses de vida e menores de 5 anos de idade (4 anos, 11 meses e 29 dias), devem receber uma dose aos 9 meses de vida e uma dose de reforço aos 4 anos de idade.

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Já as pessoas a partir de 5 anos de idade que receberam apenas uma dose da vacina antes de completarem 5 anos devem receber uma dose de reforço. As pessoas de 5 a 59 anos de idade não vacinadas devem receber uma dose única.

“No caso da febre amarela, a transmissão não acontece entre seres humanos, como o sarampo ou a gripe, doenças em que a vacina é capaz de garantir uma proteção coletiva. Para a arbovirose, a proteção é individual e por isso, o ideal é atingir uma cobertura de cem por cento da população”, salienta o médico.

“Essa é uma doença potencialmente grave, mas também prevenível, então é muito importante lembrar que a vacina da febre amarela está disponível no sistema público de saúde e dá proteção de mais de 90% a quem toma”, reitera o infectologista.

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