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Sem computador ou internet, estudante quilombola tira 960 na redação do Enem

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O estudante Natanael de Paula, morador do Quilombo dos Moreiras, localizado em Rio Espera, cidade localizada a cerca de 190 km de Juiz de Fora, foi homenageado na Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta segunda-feira (29). O aluno tirou nota 960 na redação do Enem 2023 após estudar sem computador e sinal de internet.

A homenagem foi solicitada pela deputada Macaé Evaristo (PT). Segundo informações do gabinete da parlamentar, a comunidade onde o jovem mora abriga 30 famílias, cerca de 120 pessoas, mas não tem internet. Além disso, o aluno da Escola Estadual Monsenhor Francisco Miguel Fernandes, em Rio Espera, também não possui computador e não fez qualquer curso externo para se preparar para o exame.

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Estudante não se matriculou na universidade

Apesar do bom desempenho no Enem, Natanael não se matriculou em nenhuma universidade, uma vez que a família não tem condições de mantê-lo e aos outros dois irmãos em outras cidades. Os dois irmãos mais velhos de Natanael já estão na faculdade, um concluindo educação física e a irmã ingressando na Faculdade de Direito. 

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Natanael contou que tem interesse em cursar administração, mas enquanto não consegue os recursos necessários vai continuar  trabalhando na agricultura familiar. 

Segundo a ALMG, a homenagem busca, além de reconhecer a vitória de Natanael, dar visibilidade às dificuldades que minorias enfrentam para ingressar e permanecer no ensino superior. Para a deputada Macaé Evaristo, a lei de cotas é fundamental para democratizar o acesso à educação. Ela também enalteceu as mudanças na lei de cotas promovidas pela Lei 14.723, de 2023, sancionada pelo presidente Lula, que incluiu os quilombolas entre os grupos com direito a reservas de vagas.

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“Pensar no acesso e na permanência de alunos como Natanael no ensino superior é pensar no território, na luta pela cidadania, na afirmação da identidade e na consolidação dos saberes multiculturais que transformam a universidade em espaço mais rico e plural”, afirmou a parlamentar.

*Estagiária sob supervisão do editor Wendell Guiducci

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