Estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostra que 27,4% das crianças e adolescentes brasileiros têm colesterol alto, o que representa mais de um quarto dessa população. A pesquisa, feita com base nos parâmetros da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), também aponta que cerca de um em cada cinco jovens apresentaram alteração no LDL, conhecido como “colesterol ruim”. Para especialista, dados alertam para a necessidade de mudanças de hábitos, desde cedo, em prol de uma vida mais saudável.
Os pesquisadores da Escola de Enfermagem da UFMG, responsáveis pelo estudo, analisaram 800 artigos e selecionaram 47, totalizando uma amostra com 62.530 voluntários, com idades entre 2 e 19 anos, de todas as regiões do Brasil. O pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Thales Philipe Rodrigues da Silva aponta que o estudo observou prevalência de alteração nos níveis do perfil lipídico, termo usado para fazer referência a uma série de exames laboratoriais para diagnóstico inicial de irregularidades em lipídios, como colesterol e triglicerídeos. “Entretanto, constatamos resultados muito heterogêneos, em parte porque os estudos usavam diferentes padrões para estabelecer os níveis de colesterol”, explica.
De acordo com o especialista, os resultados do estudo reforçam a importância de realizar os exames em crianças e adolescentes, conforme recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria, para que intervenções precoces nesse público sejam desenvolvidas. Além disso, Thales destaca a urgência da promoção de hábitos saudáveis para prevenir as alterações nos perfis lipídicos e suas consequências.
Má alimentação e ausência de atividades físicas
Segundo o pesquisador, o nível de colesterol no sangue pode ser alterado por diversos fatores, mas os níveis de risco podem ser modificados com base em um estilo de vida mais saudável, por exemplo. A pesquisa mostra que o alto consumo de alimentos ultraprocessados intensifica o aumento de colesterol. O cardiologista Darlam Kneipp aponta que hoje em dia, com a rotina acelerada, muitas pessoas acabam optando pelos alimentos prontos e enlatados e deixando de lado legumes, verduras e frutas.
“Não é só a gordura que aumenta o colesterol, o carboidrato também. Uma alimentação inadequada, rica em carboidrato, ou seja, alimentos que levam farinha de trigo branca e açúcar, que são os grandes vilões, é prejudicial à saúde. Além disso, crianças e adolescentes hoje são criados em apartamentos, usam em excesso os eletrônicos e quase não fazem atividades físicas, o que intensifica essa alteração no colesterol”, informa o cardiologista.
O médico explica que o colesterol é uma soma de três tipos de gordura: LDL, HDL e VLDL, sendo que o ideal é ter o LDL baixo e o HDL alto. Segundo ele, os danos são a longo prazo, as pessoas com colesterol alto estão mais propensas a um maior risco de infarto e derrame cerebral, além do aparecimento de diabetes.
“Para poder corrigir essa realidade, a família toda precisa se dedicar para que haja uma mudança para hábitos saudáveis. Não adianta querer cobrar do filho, se os pais não fazem atividade física, nem comem bem”, orienta Darlam.