A partir da próxima terça-feira (1º de março), Minas Gerais deixa de ter leitos de UTI exclusivos para atendimento à Covid-19. Com isso, 590 equipamentos de terapia intensiva, que estavam sendo dedicados a pacientes infectados pelo coronavírus, serão incorporados ao atendimento geral da rede pública. A mudança foi anunciada pelo secretário de Estado de Saúde (SES-MG), Fábio Baccheretti, nesta sexta-feira (25). Segundo ele, a medida acompanha decisão do Governo federal. A nova política foi tratada pelo titular da SES como o primeiro passo para “um novo momento” da pandemia no estado.
Segundo os números da pasta estadual, Minas Gerais passa por um momento de queda em dois dos indicadores da pandemia: números de casos e de internações. Os óbitos têm se mantido em um platô, de acordo com Fábio Baccheretti, mas a expectativa é de que haja queda nas mortes causadas pela Covid-19 a partir da próxima semana. O atual cenário, somado ao fato de que o percentual de ocupação de leitos no estado está em 29%, gera o contexto favorável à mudança na política de saúde estadual.
“A partir de 1º de março não existe mais leitos exclusivos de Covid no Brasil”, resume Baccheretti, dizendo que 550 leitos de UTI dedicados ao público adulto e 40 leitos pediátricos ficam como “legado da pandemia” e serão incorporados pela rede estadual de saúde. “Nós vamos para 2.620 leitos de UTI, 26% de aumento. Sempre foi um gargalo os leitos de UTI, agora nós passamos a ter uma rede mais robusta”.
A medida indica, para o secretário, a alteração no contexto da pandemia, que passa a ser tratada entre as demais doenças que afetam a população do estado. “Nós vamos poder, a partir de agora, conviver com a Covid. É uma doença que continua afetando a população, mas de maneira menos grave. Agora, é hora de virar mais uma página da história da Covid para o estado, de um atendimento exclusivo para Covid para um atendimento de todas as doenças, em que a Covid faz parte delas”, diz Fábio Baccheretti.
‘Adequação’
Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Saúde, por meio da Regional de Saúde de Juiz de Fora, detalhou à Tribuna que haverá um período de adequação para que os prestadores possam implementar a transição para a nova modalidade de assistência no âmbito da terapia intensiva, com a absorção desses leitos na estrutura permanente. Segundo o comunicado, a SES está em fase de preparação de uma deliberação que deverá ser publicada nos próximos dias, para regulamentar a transição e incorporação desses leitos.
Já a Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (SS/PJF) reforçou que realiza constante monitoramento e avaliação dos índices, examinando de perto a situação da pandemia. Em relação aos leitos exclusivamente dedicados aos pacientes acometidos pela Covid-19, a pasta municipal esclareceu que não há alteração no momento, permanecendo os 74 leitos de UTI e os 135 leitos de enfermaria abertos. “Decisões futuras serão baseadas nas análises feitas de um período e na situação epidemiológica na qual a cidade se encontrar”.
Como fica a partir de agora
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, os hospitais deverão seguir as seguintes orientações nos casos de internação de pacientes com Covid-19 durante o período de adequação: o paciente deverá ser internado preferencialmente em leito isolado; na impossibilidade de internação em leito isolado, o hospital deve fazer a internação dos pacientes com Covid em uma mesma área, com distanciamento mínimo entre leitos de dois metros, preferencialmente com barreiras físicas separando-os dos demais leitos. Além disso, deve-se manter medidas de precaução por aerossol (uso de máscara cirúrgica e sistema de aspiração orotraqueal em sistema fechado).
Para a equipe assistencial e de apoio, as orientações são: manter os ambientes bem arejados e ventilados; manter as medidas de precaução por aerossol e por contato (uso de avental, máscara N95/PFF2, luvas, óculos protetor e gorro); manter equipe exclusiva para o atendimento e, na impossibilidade, trocar os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) antes de realizar atendimento a outro paciente que não seja de Covid-19; realizar a higienização das mãos com água e sabão ou friccionar álcool gel 70% em todas as oportunidades no cuidado ao paciente; atentar para realizar a higienização das mãos sempre que tocar qualquer superfície da unidade e antes e após contato com o paciente; usar avental descartável, e quando houver pacientes com microrganismos multirresistentes, utilizar um segundo avental e descartar imediatamente antes de deixar o leito; além de implementar estratégias multidisciplinares para monitorar e melhorar a adesão dos profissionais de saúde às práticas recomendadas para precauções.
50% do público infantil vacinado
O secretário de Estado também lembrou que Minas Gerais está se aproximando da marca de um milhão de crianças vacinadas, o que significa que mais de 50% do público infantil recebeu a primeira dose de vacina contra a Covid-19. De acordo com o titular da SES, não houve registro de efeito colateral grave em decorrência da vacinação entre as crianças. “Temos crianças que morreram da doença, mas o problema é a doença, e não a vacina. A vacina é a única maneira de nós sairmos da pandemia. Para aqueles pais que têm medo da vacina, a prova está aqui em Minas: um milhão de crianças vacinadas e não tivemos nenhum caso de efeito colateral grave”, disse Fábio Baccheretti.