O Governo de Minas assinou, nesta segunda-feira (19), protocolo de intenções com importantes parceiros que vão atuar na estruturação e criação da Rota dos Vinhos.
A iniciativa visa impulsionar a expansão do setor de vinicultura, que contempla a produção de vinhos, e a vitivinicultura, para o produtor que também produz uvas in natura além da bebida. Desta forma, o enoturismo – turismo voltado ao consumo e apreciação de vinhos – passará a ser o foco de uma política pública para atrair visitantes e investimentos, além de gerar emprego e renda.
A expectativa é a de que a Rota dos Vinhos, uma vez concretizada, contribua ainda mais para a visibilidade e atração de turistas interessados na cultura vinícola de Minas Gerais.
O documento foi assinado entre o Governo de Minas – via Secretarias de Estado de Cultura e Turismo (Secult) e de Desenvolvimento Econômico (Sede), Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), Sebrae Minas e a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), por meio do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), para dar início aos trabalhos.
Potencial
O governador Romeu Zema e o vice-governador Professor Mateus participaram do evento que marcou a assinatura do protocolo, acompanhados também por mais de 40 produtores de 20 municípios mineiros.
Na oportunidade, o governador destacou o potencial turístico e produtivo do setor em Minas. “A vinicultura vem passando por um crescimento exponencial, e isso significa um crescimento a longo prazo enorme. E queremos aproveitar todo o potencial que a cultura da uva e a produção de vinho têm para despertar o interesse das pessoas”.
Para Zema, “o Brasil ainda é um país que consome pouco vinho, mas com o aumento da renda, esse produto é cada vez mais consumido, gerando interesse crescente”, frisou o governador de Minas.
Ele destacou ainda o papel essencial da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) na missão de introjetar uma cultura presente em outros países.
“Muitos brasileiros viajam para fora do país para conhecer vinícolas e, em breve, com toda certeza, teremos várias atrações desse tipo aqui em Minas Gerais, gerando empregos e um produto de altíssima qualidade, fruto do trabalho de pesquisa da Epamig e da Emater-MG”, afirmou Romeu Zema.
Protocolo
A ideia é que a iniciativa da Rota dos Vinhos contemple oito regiões: Zona da Mata, Triângulo Mineiro, Sul/Sudoeste, Oeste, Norte, Metropolitana, Jequitinhonha, Central e Campo das Vertentes.
Para o vice-governador de Minas, Professor Mateus, esta é uma oportunidade não apenas comercial para produzir a uva e extrair o vinho, mas também para atrair aqueles que praticam o enoturismo.
“Sabemos que o enoturismo é uma atividade com um ticket médio mais alto e, portanto, impacta não apenas a realidade das cidades, mas também a renda dos produtores”, observou Professor Mateus.
Ainda segundo ele, “trata-se de uma renda acessória muito importante para todos os produtores de vinho no mundo, que ainda não estávamos conseguindo capturar. A iniciativa privada já está fazendo a sua parte: temos hotéis, restaurantes, visitas a vinícolas e vinhedos. Tudo isso avança na direção de uma economia mais estruturada, com mais oportunidades tanto no campo quanto na cidade”, afirmou.
Parceria
A iniciativa de estruturação da Rota dos Vinhos é coordenada pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult-MG), em parceria com Sede-MG, Codemge, Sebrae Minas e Fiemg, por meio de seu Instituto Euvaldo Lodi (IEL).
Na solenidade, o secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas de Oliveira, pontuou que a Rota dos Vinhos será uma oportunidade única para fortalecer a identidade cultural de Minas Gerais, aliando tradição e inovação.
“Essa iniciativa não apenas valoriza a produção vinícola local, mas também criará uma nova rota turística que atrairá visitantes e promoverá a riqueza cultural das regiões produtoras.
“Estamos construindo uma experiência enoturística que gera desenvolvimento econômico, preserva o patrimônio e reforça o orgulho mineiro. É um passo decisivo para consolidar Minas Gerais como um destino de referência no enoturismo brasileiro”, concluiu o secretário.
Setor em crescimento
A iniciativa se baseia na crescente popularidade do enoturismo no Brasil. De acordo com o Sebrae, 85% das vinícolas nacionais têm investido na atividade, acompanhando um aumento anual de até 15% no número de visitantes interessados na cultura do vinho, conforme dados da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra).
Para o porta-voz da Associação dos Produtores de Uva e Vinho de Minas Gerais, Alexandre Damasceno, a uva e o vinho têm capacidade de motivar as pessoas a viajar em busca de experiências que também envolvem hotelaria, gastronomia, turismo de natureza, artesanato e o interesse pela cultura e tradições locais.
“Os vinhedos harmonizam-se de forma única com o cenário natural, transformando suas paisagens em atrações turísticas ‘instagramáveis’, que encantam visitantes de todas as partes. Eles vêm para conhecer a produção do vinho e, assim, impulsionam um turismo de qualidade”, ressaltou.
Damasceno constatou que “a partir do vinho, as pessoas podem vivenciar de perto a simplicidade dos vinicultores e a forma acolhedora com que os mineiros recebem seus visitantes, os visitantes podem conhecer nossa alegria e sentir nossa energia e os visitantes podem explorar nossas belas paisagens, nossa gastronomia, nossas tradições e nossa rica história de liberdade e luta”.
Ações
A Epamig desempenha um papel crucial no desenvolvimento da viticultura no estado, oferecendo suporte técnico e experimental para novos produtores. A empresa funciona como uma espécie de incubadora dos produtores que estão iniciando a produção e ainda não têm vinícola própria.
Ao longo dessas duas décadas de pesquisas, mais de 80 produtores já foram atendidos. Atualmente, cerca de 30 produtores de vinhos de diversos estados do Brasil estão sendo atendidos pela Epamig.
Nos últimos anos, diversas marcas de vinhos produzidos com a tecnologia da Epamig foram premiadas em conceituados eventos de enologia. Dentre as premiações estão: a Grande Prova de Vinhos do Brasil; Decanter WWA; Vini Bra Expo; Expovinis; Concurso Mundial de Bruxellas; Grande Prova Vinhos do Brasil; Concurso do Espumante Brasileiro; Vitis Mundi; e Wines of Brazil.
Produção de vinhos
Minas Gerais registra cerca de 100 produtores de vinhos atualmente. Em 2020 eram cerca de 50 produtores, o que indica o rápido avanço da cultura. A estimativa é de que o mercado movimente R$ 120 milhões por ano.
Atualmente estão registrados mais de mil hectares de vinhedos conduzidos com a técnica da dupla poda, o que permite colheita em diferentes épocas do ano. Além disso, há uma estimativa de aumentar mais 250 hectares por ano.
A produção estimada, quando toda a área plantada estiver em produção, é de 4 mil toneladas de uvas e 2,4 milhões de litros de vinho.
Ações de promoção
Além da rota, a Secult-MG tem realizado outras ações para promover o setor no estado, como a campanha Inverno em Minas, cujos roteiros turísticos foram especialmente estruturados para a época mais fria do ano.
Dentre a programação estava o Território dos Vinhos, que passou pelas cidades de Três Pontas, Caldas, Andradas e São Gonçalo do Sapucaí, no Sul do estado, em passeios que combinaram belezas naturais, patrimônio histórico e visitas às vinícolas.
No fim de junho, com o objetivo de divulgar a campanha e os circuitos de inverno, o Governo de Minas, por meio da Secult, convidou jornalistas e formadores de opinião de todas as regiões do Brasil para conhecerem o Território dos Vinhos, no Sul de Minas.