O secretário de estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, disse, nesta terça-feira (14), que Minas Gerais vai enfrentar o seu momento de pico da Covid-19, previsto para esta quarta-feira (15), com assistência hospitalar garantida para os mineiros. A afirmação foi feita durante coletiva virtual à imprensa transmitida pelas redes sociais oficiais do governo mineiro. Segundo Amaral, como Minas vem trabalhando de forma planejada ao longo da pandemia, há uma certa folga no que diz respeito à ocupação de leitos. Todavia, ele ressaltou que é preciso diminuir o ritmo da proliferação da doença.
“Nós poderemos ter a passagem por esse momento de estresse sem tanta dificuldade, mas, quando falamos em relação ao ritmo de proliferação, eu fui muito enfático, há 20 dias, que nós precisaríamos aumentar o isolamento e que precisaremos reduzir esse ritmo. Neste momento, ainda estamos com ritmo de proliferação positivo, com 1,03 no Rt (que indica para quantas pessoas em média uma pessoa infectada transmite o coronavírus), e isso mostrou que efetivamente reduzimos severamente a transmissão da doença se compararmos ao que era um mês atrás. Mas o ideal é que esse Rt global fosse abaixo de um neste momento. Isso mostraria que nós teríamos e estaremos caminhando para uma redução do número de casos ou para, pelo menos, uma grande estabilidade, e que, se isso acontecesse, nós conseguiremos passar sem um risco maior de assistência. Mas pelo dimensionamento que nós fizemos até agora, é possível sim que a gente consiga passar por esse pico se não houver uma mudança do cenário e uma mudança da taxa de transmissão nos próximos dias, de uma forma que ninguém fique sem assistência no estado de Minas Gerais”, ressaltou, lembrando que é impossível constatar números de infecção e qual data, efetivamente, uma alta de casos pode acontecer, uma vez que o estado trabalha com projeções.
‘Hospital de Campanha é para reserva técnica’
Com 30 leitos para receber vítimas que não estão em estado grave de saúde, entrou em funcionamento o único Hospital de Campanha de Minas Gerais nesta segunda-feira (13). De acordo com o secretário de estado adjunto de saúde, Marcelo Cabral, a unidade, que teve sua estrutura erguida no Expominas, em Belo Horizonte, tem como objetivo servir como reserva técnica e para caso haja esgotamento do sistema convencional de saúde. No entanto, de acordo com ele, essa demanda ainda não existe. Conforme Cabral, Minas tem hoje 60,72% de ocupação dos leitos de enfermaria e 71,45% de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
“Esse hospital está sendo preparado única e exclusivamente para ficar como uma reserva técnica, uma complementação para o sistema de saúde, e única e exclusivamente, para caso de necessidade, com o objetivo de desafogar a nossa estrutura convencional de saúde e atender aqueles pacientes que já não têm mais necessidade de utilização de UTI, mas ainda permanecem no leito. Nós poderemos, então, retirá-los dos leitos de UTI e colocá-los no leito clínico com possibilidade de monitoramento e até em caso de alguma necessidade de intervenção mais significativa com os nossos leitos de estabilização, mas (…) poderemos liberar esses leitos de UTI”, enfatizou Cabral.
Ainda conforme ele, o objetivo do estado sempre foi a expansão de leitos de UTI, porque era uma estrutura que ficaria como legado para o cidadão mineiro em uma estrutura de saúde já montada e estruturada. “Certamente, mesmo depois da pandemia, ela servirá para o atendimento dos mineiros. Já são quase 1.300 leitos de UTI, e nós fizemos isso para enfrentar adequadamente a pandemia, e também não deixando de lado os leitos de enfermaria, que já giram em torno de nove mil a mais”, reforçou Cabral.
Medicamentos
Durante a entrevista coletiva, o secretário de saúde Carlos Eduardo Amaral foi questionado por jornalistas acerca da entrega de medicamentos pelo Ministério da Saúde para enfrentamento da pandemia em outros estados, deixando de fora Minas Gerais. Ele respondeu que inúmeros estados estão em situação de desabastecimento muito maior do que Minas. “Após a conversa que nós tivemos com Ministério da Saúde, nós tivemos uma sinalização muito clara de que o Ministério iria socorrer primeiro esses estados que estão na iminência de ficarem completamente sem medicamentos e, em seguida, nós seríamos contemplados com a distribuição de medicamentos também”, disse Amaral, acrescentando que o estado tem promovido troca de medicamentos entre unidades de saúde, para evitar que alguma sofra com desabastecimento.
O secretário também destacou que, no início da pandemia, houve a liberação de R$ 92 milhões para compra de medicamentos e a recomendação para interrupção de cirurgias eletivas, garantindo insumos para tratar a Covid-19 e outras enfermidades.