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Minas Gerais prepara sistema de saúde para vacinação

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Enquanto países como Rússia e Reino Unido deram início, nos últimos dias, ao processo de imunização da população contra a Covid-19, no Brasil, a expectativa é de que a vacinação comece no fim de fevereiro, segundo anúncio feito pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na tarde desta terça-feira (8). O Governo federal também publicou, na última semana, um plano nacional de imunização, mas em Minas Gerais, conforme a Secretaria de Estado de Saúde, ainda não há uma data exata para a aplicação de qualquer vacina contra a Covid-19. Além disso, o governador Romeu Zema (Novo) informou, por meio de suas redes sociais, que “qualquer definição sobre a vacinação funcionará em consonância com o Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Governo federal”.

Desde agosto, entretanto, a pasta vem elaborando o Plano de Contingência para Vacinação contra a Covid-19, e vem adotando medidas para colocá-lo em prática, como aquisição de equipamentos e ampliação de redes de atendimento. O planejamento estadual está dividido em três fases – pré-campanha, campanha e pós-campanha. Na primeira versão do documento, o Governo estadual destacou que ainda não conhecia as vacinas que seriam implantadas. Desta forma, as primeiras ações seriam focadas na fase de pré-campanha, que visa à preparação do sistema de saúde para eventual vacinação.

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Questionada nesta terça sobre possíveis mudanças com os avanços de diversas vacinas em todo o mundo, a SES-MG lembrou que, no início de novembro, a Fundação Ezequiel Dias (Funed) firmou um memorando de tratativas com a Covaxx, divisão da farmacêutica americana United Biomedical, em uma iniciativa que envolve 165 países para garantir imunização contra o coronavírus. Entretanto, “trata-se de uma conversa inicial com um dos possíveis parceiros que poderão contribuir com o fornecimento/produção da vacina contra Covid-19 no Estado”, destacou a pasta.

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Em setembro, a Covaxx iniciou os estudos da primeira fase da vacina em Taiwan. O imunizante em questão será testado nas fases 2 e 3 no Brasil por meio da rede de laboratórios Dasa, sendo que um protocolo de testes ainda deve ser submetido à Anvisa.

SES já elabora condutas para vacinação

Mesmo que ainda não haja data para início da imunização contra a Covid-19 em Minas, a SES informou que já definiu quais serão as recomendações quanto à aplicação da eventual vacina, a fim de evitar aglomerações e realizar o atendimento de forma segura, independente da circunstância epidemiológica no momento da imunização.

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De acordo com a pasta, todos os municípios receberam orientações para limitar o número de familiares que acompanharão a pessoa a ser vacinada, por exemplo, para um acompanhante. O uso de máscaras será obrigatório para reduzir a transmissão, exceto em crianças menores de 2 anos. Além disso, haverá horários diferenciados para as demais vacinas de rotina, especialmente para as crianças.
O plano do Estado ainda prevê uma vacinação “extra muros”. Ou seja, haverá a recomendação de estratégias como “drive thru” para evitar lotações nas salas de vacina. O governo deve liberar recursos para compra de tenda, mesa, cadeira, caixas térmicas e materiais de divulgação.

Distribuição

Além disso, conforme informado pela SES-MG, a distribuição de doses da vacina contra Covid-19 deve seguir o fluxo já existente, utilizado em todas as campanhas nacionais de vacinação. A logística faz parte do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Primeiramente, o Ministério da Saúde realiza a entrega dos imunizantes para a central estadual, em Belo Horizonte. Em seguida, as doses são distribuídas para as 28 Unidades Regionais de Saúde de Minas Gerais.

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Ainda de acordo com a pasta, cada unidade regional realiza a distribuição para os municípios de abrangência. Por último, as administrações municipais encaminham as doses para as unidades de saúde locais.

Além dos protocolos para segurança durante a vacinação, a SES-MG também tem orientado as 28 unidades regionais de saúde do Estado quanto ao plano de contingência. Além disso, a pasta ainda mantém atualizações sobre os resultados envolvendo as pesquisas das vacinas contra a Covid-19. Os prefeitos teriam sido contactados para coparticipação na implantação do planejamento.

JF prepara infraestrutura

Questionada sobre que tipo de planejamento tem adotado, a Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) informou, por meio de nota, que está concentrada no trabalho com a pré-campanha, enquanto aguarda as diretrizes do Ministério da Saúde e do Governo de Minas sobre a vacina. Por meio de nota, confirmou que prepara a infraestrutura para a vacinação contra a Covid-19. “A pasta já providenciou o planejamento de gasto de insumos e necessidade de equipes para trabalhar durante a campanha. Em relação aos materiais, já está em processo de compra a aquisição de seringas, agulhas, luvas de procedimento, máscaras, toucas e jalecos descartáveis, óculos de proteção, entre outros.”

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Além desses materiais, para atender a demanda, a Secretaria de Saúde também está adquirindo caixas térmicas, câmaras frias e equipamentos necessários para dar maior suporte a Sala de Vacinas (rede de frios) do Município. “Juiz de Fora conta com uma rede robusta de imunização, com sala de vacinas nas Unidades Básicas de Saúde, PAM Marechal e nos Departamentos de Saúde da Mulher Criança e Adolescente (DSMCA) e do Idoso (DSI)”, detalha a nota.

Insumos

No fim de novembro, o Governo de Minas anunciou a aquisição de 50 milhões de seringas agulhadas, em um investimento de R$ 35,15 milhões provenientes de recurso federal e comprados por meio de processo licitatório não emergencial. O primeiro lote, de 7,5 milhões de seringas, já está sendo distribuído entre os municípios mineiros. Conforme a SES-MG, o fornecimento ocorre em fases por questão de logística de transporte e estoque.

A pasta também está adquirindo 60 mil coletores para material perfurocortante, 15 mil termômetros e 1.500 unidades de pallets. Além disso, 462 municípios irão receber 671 unidades de câmaras refrigeradas para armazenamento de doses de vacina. As medidas fazem parte da primeira fase do Plano de Contingência para vacinação contra a Covid-19 em Minas.

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Criação de centros de referência

Também integrando o plano de contingência, o Estado trabalha para ampliar os Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie) e a Vigilância de Eventos Adversos Pós-Vacinação (CTA). Os serviços são voltados para a imunização de pessoas com condições clínicas especiais e monitoramento de possíveis reações adversas causadas pela vacina de Covid-19.

Conforme a SES-MG, o estado conta com dois Cries, sendo um em Juiz de Fora e outro em Belo Horizonte. A ideia é que outras 14 macrorregiões de saúde também passem a contar com o equipamento. Como destacado pela pasta, “os serviços integrados irão proporcionar maior conforto e segurança aos pacientes, que serão imunizados com as vacinas disponibilizadas na rotina do Calendário Nacional de Vacinação e as vacinas especiais para este grupo de pessoas”. O grupo em questão inclui pacientes com condições clínicas especiais como os renais crônicos, transplantados, pacientes em tratamento oncológico e diabéticos.

MG não negocia doses de Coronavac com SP

A vacinação contra a Covid-19 em São Paulo terá início em 25 de janeiro com a imunização de idosos, profissionais de saúde, indígenas e quilombolas. O anúncio foi feito pelo governador João Dória (PSDB) na última segunda. O estado irá aplicar a chamada Coronavac, desenvolvida em parceria com o laboratório chinês Sinovac e o Instituto Butantã. Entretanto, a aplicação da vacina está condicionada à apresentação dos resultados de eficácia da mesma, o que ainda não ocorreu, e ao posterior registro do produto pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O Butantã promete divulgar os dados de eficácia até 15 de dezembro e entrar com pedido de registro de imediato.

O governador de São Paulo afirmou, ainda, que serão disponibilizadas quatro milhões de doses da vacina a outros estados, para serem aplicadas em profissionais de saúde. Com o anúncio, pelo menos oito estados já teriam demonstrado interesse em adquirir doses da Coronavac. No entanto, Minas Gerais não é um deles. Questionada sobre um possível acordo para aquisição da Coronavac, a SES-MG informou que “não há, no momento, negociação com o governo de São Paulo sobre o assunto”.

Além das quatro milhões de doses, Dória também informou que moradores de outros estados também poderão se imunizar em São Paulo, sem necessidade de comprovação de residência.

Governador Romeu Zema participou de videoconferência, nesta terça, com o ministro da Saúde e com governadores de outros estados (Foto: Caroline Lopes/Imprensa MG)

Acordos

Por meio de suas redes sociais, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), informou que vem mantendo conversas com Dória e o Instituto Butantã desde o mês passado para aquisição da vacina, sendo que uma reunião sobre o assunto estaria agendada para a próxima semana. Já o governador João Azevêdo (Cidadania), de Paraíba, também disse estar em negociação com São Paulo. Ele destacou que “essa é uma ação paralela ao plano do Ministério da Saúde, para nos anteciparmos e começarmos a vacinação o quanto antes”.

Há meses, o Instituto Butantã busca firmar acordo com o Ministério da Saúde para que a vacina seja incluída no Programa Nacional de Imunizações (PNI) e aplicada em todos os estados. Entretanto, a resistência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em comprar o imunizante impediu a parceria.

Ministro diz que 8,5 milhões de doses da Pfizer chegam no 1º semestre

Na tarde desta terça, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que as primeiras 8,5 milhões de doses da vacina da Pfizer, de uma compra de 70 milhões, devem chegar ao país no primeiro semestre de 2021. Com as primeiras doses, será possível vacinar pouco mais de quatro milhões de pessoas. Segundo informações da Agência Estado, Pazuello teria dito ainda que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem acordos para receber 300 milhões de doses em 2021, sendo 260 milhões de Oxford/AstraZeneca e mais cerca de 40 milhões obtidas por meio do consórcio Covax Facility.

As vacinas devem ser aplicadas em duas doses. A conta ignora possíveis compras da vacina da Pfizer ou da Coronavac. Pazuello disse na reunião, porém, que foi feito um memorando de entendimento não vinculante com o Butantã (que desenvolve a Coronavac) e com a Pfizer. Segundo ele, a compra destas vacinas ainda depende do registro dos produtos na Anvisa.

O Governo federal vem sendo pressionado quanto à aquisição das doses, visto que a Pfizer deu um prazo até esta semana para o Brasil se manifestar quanto à compra do produto, após ter vendido cerca de 60 milhões de doses para outros países latino-americanos. Conforme a pasta, as tratativas já estariam avançadas.

Cronograma

No início do mês, o Ministério da Saúde anunciou um plano preliminar de vacinação contra a Covid-19, com início da vacinação previsto para março de 2021. O cronograma deve ocorrer em quatro fases, priorizando grupos conforme a faixa etária, comorbidades e dados populacionais. Idosos com 75 anos ou mais, indígenas e profissionais de saúde serão imunizados na primeira fase, bem como idosos acima de 60 anos que estejam em instituições de longa permanência.

Em seguida, todos os brasileiros com mais de 60 anos serão escalonados dos mais velhos para os mais jovens para imunização. De acordo com o cronograma, a terceira fase da campanha prevê a imunização de pessoas maiores de 18 anos com comorbidades, como diabetes, hipertensão arterial, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), doença renal, entre outras. Por último, o planejamento prevê a vacinação em trabalhadores de áreas consideradas essenciais, como professores do nível básico ao superior, profissionais de segurança e salvamento, funcionários do sistema prisional, além da população carcerária. Ainda não há definição para o restante da população.

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