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Raiva humana: terceira morte é confirmada; saiba como se prevenir

leitos coronavirus by Fábio Marchett

Levantamento feito pela Tribuna aponta que três unidades hospitalares de Juiz de Fora atingiram 100% de ocupação de UTI Covid nesta terça-feira(Foto: Fábio_Marchett)

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A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) confirmou, nesta segunda-feira (2), o terceiro óbito causado por raiva humana em Minas Gerais. Conforme a secretaria, uma adolescente de 12 anos, que estava na UTI desde o dia 13 de abril, morreu na última sexta-feira (29) vítima da doença. Ela era moradora da zona rural da cidade de Bertópolis, no Vale do Mucuri, e teria sido mordida pelo mesmo morcego que transmitiu a doença a um menino de 12 anos, morador da mesma localidade.

De acordo com informações da SES, o adolescente de 12 anos foi o primeiro a manifestar sintomas da doença. Ele morreu no dia 4 de abril. No dia seguinte, a adolescente que faleceu nesta sexta também teria sido notificada como paciente com suspeita de raiva humana, sendo internada no dia 5. A confirmação da infecção foi divulgada no dia 19 de abril.

O outro óbito por raiva humana notificado pela Secretaria de Estado de Saúde é um menino de 5 anos, que faleceu no dia 17 de abril, mesmo dia em que a suspeita da doença foi notificada ao Estado. Segundo a SES, ele não tinha sinais de mordedura de morcego, mas, pelo fato de ser morador da mesma cidade que as outras duas vítimas, foram seguidos os protocolos sanitários referentes à raiva humana.

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Um quarto possível caso continua sendo monitorado pela SES. Trata-se de uma menina de 11 anos, que apresentou sintomas inespecíficos como febre e cefaleia e, devido ao parentesco com o segundo caso confirmado, foi notificada como suspeita e encaminhada para o hospital de referência, onde foram coletadas amostras laboratoriais.

Quais são os sintomas da raiva em humanos?

O último caso de raiva humana registrado em Minas Gerais ocorreu em 2012, no município de Rio Casca, na Zona da Mata. Diante do reaparecimento de casos após dez anos, a Secretaria de Estado e autoridades em saúde alertam para a importância da prevenção. Entretanto, por ser uma doença pouco comum, há dúvidas acerca dos sintomas e até mesmo das medidas de prevenção.

De acordo com o médico infectologista Rodrigo Daniel de Souza, a raiva é uma doença infecciosa aguda e grave, sendo progressiva e de rápida evolução, além de possuir uma alta letalidade.

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O contágio se dá por meio da saliva dos animais infectados, seja pela mordedura, arranhadura ou lambedura. Posteriormente, o contaminado começa a sentir os seguintes sintomas:

– Mal estar;
– Febre baixa;
– Perda de apetite;
– Dor de cabeça;
– Enjoo;
– Dor de garganta;
– Irritabilidade;
– Sensação de angústia;
– Inquietude;
– Sonolência que pode levar ao coma.

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As complicações ocorrem a partir do momento que o infectado começa a ter uma forte ansiedade, febre alta, delírios, espasmos musculares involuntários e convulsões. “Em relação à gravidade, é uma doença que mata praticamente todo mundo que pega, ou seja, tem uma letalidade de praticamente de 100%. Inclusive, as crianças têm um período de incubação mais curto”.

Ainda de acordo com Rodrigo Daniel, não há tratamento que mude o curso da raiva humana. “O procedimento médico busca induzir a um coma profundo, isolar esse paciente e dar medicações de suporte; desse modo, na tentativa de alguma resposta, é utilizado um antiviral para os pacientes, que estão sempre internados em UTI”.

Três formas de se prevenir contra a raiva

Existem três modalidades de prevenção, conforme explicou o infectologista Rodrigo Daniel à Tribuna:

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– Vacinação em animais
Animais domésticos, como cães e gatos, devem ser vacinados para que não se contaminem com raiva transmitida por animais silvestres ou outros animais domésticos e transmitam a seus donos ou visitantes

– Vacinação pré-exposição
Médicos veterinários, biólogos, agrotécnicos e estudantes dessas áreas, além de pessoas que trabalham em cavernas e outros que podem ter contato com pessoas que moram em locais com maior possibilidade da doença devem ser vacinadas

– Vacinação pós-exposição
Deve ocorrer quando a pessoa leva uma lambedura, arranhadura ou mordedura de um animal. Nesta situação, o médico avalia se a pessoa vai receber a vacina ou um anti-soro pronto contra a raiva

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O especialista alerta que os casos que evoluem para quadro graves de raiva, normalmente, “são relacionados a pessoas que tiveram exposições de risco e não procuraram atendimento, ou esse atendimento não foi feito adequadamente”, alerta Rodrigo Daniel de Souza.

Vacinação antirrábica começa em agosto em JF

A Secretaria de Saúde de Juiz de Fora informou que a vacinação antirrábica para cães e gatos deve ocorrer entre agosto e setembro deste ano. Os juiz-foranos que têm animais de estimação devem levar os pets aos pontos de vacinação, que serão divulgados futuramente.

Além disso, há vigilância com relação a possíveis casos, como informa a Prefeitura, em nota: “O programa de prevenção realizado pela PJF é baseado na campanha de vacinação, nas zonas urbana e rural; no tratamento das pessoas agredidas por animais potencialmente infectados, que é realizado no HPS, no setor de Soroterapia, onde cada caso é avaliado diferentemente; e na vigilância, observando os animais que apresentam comportamento diferenciado, realizando exames e, em caso positivo, fazendo o Bloqueio de Foco, com a vacinação de todos os animais em uma raio de 500 metros, mesmo os já imunizados”.

Já a imunização em humanos só ocorre após a exposição deste ao vírus, em caso de lambedura ou mordedura. Entretanto, o Município oferece a modalidade de pré-exposição para trabalhadores que ficam mais expostos ao vírus, segundo a PJF.

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