A armadora da seleção brasileira de handebol, Bruna de Paula, de 27 anos, um dos destaques da equipe nas Olimpíadas de Paris, já atuou pela Escola Estadual Clorindo Burnier, de Juiz de Fora. Em 2011, o treinador Fernando Maciel observou a atleta jogando nos Jogos da Juventude por um time de sua cidade natal, chamada Campestre. Impressionado com as atuações, o técnico convidou Bruna para se mudar de município e participar de competições maiores.
“Montamos uma equipe para disputar o campeonato estadual e o Brasileiro, tínhamos um trabalho bem profissional, com muito apoio da comunidade. A Bruna veio e ficou só uns dois meses, tinha 14 anos e não se acostumou a ficar sozinha. Depois, foi para São José dos Campos e fez a base lá. Sempre foi craque, vi talento logo nos primeiros movimentos, quando jogou uma competição em São Lourenço”, afirma Maciel.
Conforme fala o treinador, Bruna, jogadora da equipe Gyóóri Audi ETO KC, da Húngria, está mais madura e experiente, além de ter desenvolvido habilidades técnicas e físicas. “O que ela está fazendo na Europa, já fazia aqui. Rápida, veloz, jogadora de finta. Ela integrava as equipes mais velhas que a sua categoria, não sentia o peso. Todo mundo que via ela jogando novinha, já sabia que ela ia longe. Sabemos que o funil do atleta não é só talento, mas ela conseguiu passar as dificuldades e chegar nesse nível. Hoje, joga no campeão europeu e não teme nada”.
Ainda na visão de Fernando, a jogadora mineira é a melhor da seleção, que precisaria de mais peças como ela para chegar longe nas Olimpíadas. “Estou gostando do desempenho, o treinador (Cristiano Rocha) adotou o sistema de jogo que já colocou em práticas nas suas equipes. Mas acho difícil uma medalha, porque não temos um grupo de jogadores do nível da Bruna. A Gabi, goleira, é acima da média, mas não são todas. Tínhamos que ter um grupo de 12 como elas”, acredita.
Carreira de Bruna de Paula
Bruna de Paula nasceu em Campestre, cidade localizada no Sul de Minas e distante cerca de 388 quilômetros de Juiz de Fora. Lá, a atleta tinha uma vida simples, e precisou trabalhar vendendo picolé nas ruas e como auxiliar em uma oficina mecânica. Aos dez anos, conciliava os trabalhos com a prática do handebol na escola. Já aos 14, veio para Juiz de Fora, e, depois, para São José dos Campos, onde ganhou grande destaque.
Em 2016, aos 19 anos, se transferiu para o Fleury Loiret, da França, equipe que ficou até 2020. Passou também por Nantes Atlantique e Metz Handball até chegar, em 2021, ao Gyori Audi ETO KC, seu atual clube.
Pela seleção brasileira, Bruna já venceu duas vezes os Jogos Panamericanos, em 2019 e 2023, os Jogos Sul Americanos, em 2018, e o Campeonato Panamericano, em 2017.
*Sob supervisão do editor Gabriel Silva