O juiz-forano Helio Fádel é o primeiro psiquiatra da história do Brasil a integrar o time brasileiro em uma edição de Jogos Olímpicos. Médico do Vasco, ele está em Paris e será responsável pela saúde mental dos atletas nacionais juntamente com cinco psicólogos e um coach. As primeiras modalidades das Olimpíadas começaram na última quarta-feira (24), antes da abertura oficial, marcada para sexta (26). A competição vai até o dia 11 de agosto.
“Me sinto muito honrado e responsável por ser o primeiro psiquiatra brasileiro a participar diretamente de uma edição de Jogos Olímpicos. Que seja mais um marco promotor de saúde e bem-estar aos nossos atletas. Também sendo um momento capaz de conscientizar toda a população do quão essencial é a saúde mental em nossas vidas”, vibra Helio.
Segundo o profissional, o Time Brasil tem ciência da pressão que existe em uma competição como essa. A expectativa é entregar tudo aquilo trabalhado no decorrer do último ciclo olímpico. “Sabemos que a pressão existe, faz parte do esporte de alto rendimento. Mas é encarar isso com naturalidade e entendendo que os desafios da vida são proporcionais a onde chegamos e aonde desejamos chegar. Os atletas e membros da delegação sabem disso e todos estão muito orgulhosos de estarem aqui representando o país”.
Conforme conta, o trabalho para as Olimpíadas exige uma organização particular. “Faço parte da equipe de preparação mental (com os psicólogos e coach) e também componho o departamento médico. Dentro da minha atuação, é dada uma atenção aos atletas que já vêm em acompanhamento e ficamos à disposição dos esportistas (e qualquer membro da delegação) que necessitem de algum suporte. Ou seja, é um trabalho que é para todo o Time Brasil”, explica.
Importância da psiquiatria nos Jogos Olímpicos
Na visão de Helio, a presença de um psiquiatra nos Jogos Olímpicos consolida a percepção mundial da importância da saúde mental como um dos pilares essenciais para a performance e qualidade de vida dos atletas. “Nunca será tarde para otimizarmos esses cuidados. Talvez, sim, tenhamos esperado um pouco mais que o desejado, mas são muitos elementos envolvidos. A própria psiquiatria precisava estar mais alinhada com o esporte para que essa atuação fosse mais bem compreendida e executada”, acredita o juiz-forano.
Dessa forma, a ida para Paris também se torna um marco para a medicina brasileira, diz. “Ajuda a combater o estigma que o psiquiatra só deve ser acionado em situações extremas. Também traz a reflexão que ninguém está imune ao sofrimento psíquico, seja ele agudo ou crônico. Por fim, amplifica o entendimento da sociedade que a psiquiatria pode contribuir no sentido da busca por uma melhor performance, nesse caso, resultados esportivos. Ou seja, não precisa estar mentalmente adoecido ou em sofrimento expressivo para se ter um psiquiatra envolvido”, ressalta Helio.
*Sob supervisão do editor Gabriel Silva