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Da confiança às lágrimas: juiz-foranos se frustram com eliminação do Brasil na Copa

Selecao JF Alto dos Passos foto Leonardo Costa

Fotos: Leonardo Costa

Selecao JF Alto dos Passos foto Leonardo Costa2
Como de costume nos jogos da Seleção Brasileira na Copa, movimentação foi grande nos bares do Alto dos Passos (Foto: Leonardo Costa)
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Confiança no início, nervosismo no tempo regulamentar, comemoração e frustração na prorrogação e choro após a disputa de pênaltis. Uma sexta mais movimentada do que já é normalmente no Bairro Altos dos Passos. Cerca de meia hora antes do jogo, funcionários de limpeza da Prefeitura de Juiz de Fora varriam a Rua Dom Viçoso, que conta com vários bares, escolhidos por parte da população da Zona Sul para acompanhar o jogo entre Brasil e Croácia, na tarde desta sexta-feira (10), pelas quartas de final da Copa do Mundo.

Nos minutos iniciais da partida, a reportagem avistou o vendedor Lucas da Costa, de mochila e com velocidade nas pernas em busca de uma televisão. “Acordei na correria, o ônibus acabou atrasando. Meu gerente deu uma tolerância hoje, vou assistir ao jogo aqui e ir para o trabalho 14h30. Trabalho ali no Shopping, correria o dia inteiro, vou até 22h30”, conta. “É ver os gols e gritar na hora. Copa do Mundo é o evento da vida, mas prefiro ter meu dinheiro no bolso do que estar na comemoração”, pontua Lucas.

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Já o estudante Rael Rocha era um dos mais compenetrados. Seus olhos acompanhavam o movimento das fatiadas de Thiago Silva, botes de Casemiro e as tentativas de dribles de Vinicius Junior. Mesmo com Militão e Richarlison com dores no início, o semblante era de confiança. “A Croácia está vindo de um calendário mais puxado que o nosso, com um elenco mais reduzido, poucas peças no banco. Acho que dá 2 a 1 ou 3 a 1 para o Brasil”, aposta Rael. “O clima aqui no Altos está demais. Ser brasileiro é muito bom. Em qualquer lugar do país hoje, acho que temos festa e animação”, enxerga.

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Com o primeiro tempo discreto da Seleção Brasileira, a animação pré-jogo se transformou em nervosismo. A maquiadora Maria Eduarda Ferreira, que estava no Altos dos Passos com as amigas, gritava a cada lance de perigo do Croácia. “Não estou gostando, estamos quase levando gol. O coração já está batendo forte. Estou desesperada, mas tenho esperança. Richarlison ou Vinicius Júnior vão decidir”, aposta Maria.

Já no início do segundo tempo, o possível pênalti, que seria analisado pelo VAR e confirmou o impedimento na origem da jogada, animou os torcedores, bem como as chegadas pelas pontas. Mas depois de um retorno promissor do Brasil, a Croácia voltou a se impor, e nesse momento, por volta dos 20 minutos do segundo tempo, a irritação tomou conta dos bares dos Altos dos Passos. Suspiros, xingamentos e até socos na mesa.

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Nos minutos finais, as pessoas, que antes dividiam a atenção entre o jogo, os comes e bebes, além dos celulares, estavam totalmente focadas na televisão. Ruídos de unha, mãos na cabeça. Alguns torciam até para o zero a zero se manter no placar, como o modelo Jean Carlos, o “Du Gordo”. “Está muito difícil. Acho que vai empatar também na prorrogação e ir para os pênaltis. Na disputa, o Alisson vai pegar dois”, palpitou.

Mix de sensações na prorrogação

Durante o primeiro tempo da prorrogação, as reclamações sobre a Seleção Brasileira se alastraram, até mesmo nos mais fiéis. Nem a Croácia foi poupada de vaias por causa da cera do goleiro Livakovic, um dos nomes do jogo. O alívio parcial só veio aos 105 minutos, com o gol de Neymar. Explosão e euforia no Altos dos Passos. O bairro foi tomado por cantos homenageando o autor do gol, o qual se igualou com Pelé como maior artilheiro da história da Seleção Brasileira, com 77 tentos.

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Porém, a festa durou pouco. Mais especificamente até os 116 minutos, quando Petkovic marcou o gol de empate da Croácia. Desespero e até choro, principalmente dos jovens e adolescentes, maioria no Altos dos Passos. Uma geração que viu o Brasil decepcionar seguidamente em Copas temia por mais uma eliminação.

As penalidades

Após o empate por 1 a 1 na prorrogação, o Altos dos Passos, com angústia mais do que visível, assistia à disputa de pênaltis. No momento em que Rodrygo perdeu o primeiro, os juiz-foranos apelavam para a fé. As outras batidas foram vistas com dedos cruzados. Mas nem mesmo os pedidos a Deus surgiram efeito. O Brasil acabou derrotado por 4 a 2 nas cobranças de pênaltis e está eliminado da Copa do Mundo. Resultado esse que eliminou também a comemoração prevista no Altos dos Passos. Caixas de som antes vistas, desapareceram. Alguns tiraram até a camisa do Brasil. Lágrimas de sobra, sorrisos em falta. De uma população que sabe: a esperança, a união e a atmosfera criadas durante o Mundial só retornam daqui a quatro anos.

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Fotos: Leonardo Costa
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