O juiz-forano Giovane Gávio não veio a Juiz de Fora para os amistosos do Sesc-RJ, equipe que comanda, contra o JF Vôlei, na quarta (30) e na quinta (31), na UFJF, mas, por telefone, a Tribuna entrevistou o treinador do time carioca e da Seleção Brasileira sub-23. O bicampeão olímpico salientou a importância do projeto do JF Vôlei em parceria com a base do Sada Cruzeiro, mas ressaltou a indispensável otimização do trabalho de ligação entre categorias de base da cidade e equipe principal. Os locais atualmente possuem parceria com o Sesi-JF e o Bom Pastor, que possui, inclusive, alguns jovens participando dos treinos da equipe diariamente. Giovane ainda comentou seu recém-trabalho no Mundial do Egito, que terminou na semana passada, no Cairo, com o time canário de base (a Seleção ficou em 4º lugar), além da formatação do elenco masculino do Sesc-RJ, após título da Superliga B da temporada passada e lembrou os tempos de adolescência e de trabalhos de base em que defendeu o Clube Bom Pastor e o Colégio dos Jesuítas. Confira abaixo a íntegra da entrevista:
Tribuna de Minas – Você acredita que o projeto do JF Vôlei, que envolve tanto a base, pode impulsionar a prática do vôlei na cidade como aconteceu na década de 1980?
Giovane Gávio – Ter um espelho, um time disputando a Superliga, sempre será motivo e irá gerar interesse na garotada. Mas obviamente que você precisa criar oportunidades em que esses garotos possam jogar, e não sei como está este cenário atualmente. Mas sem dúvidas um projeto como este serve de estímulo para que garotos comecem a jogar, ainda mais com um time mais jovem, com atletas que têm tudo para dar certo e seguirem em grandes equipes do voleibol.
– Como técnico de Seleções de base, como você avalia a parceria local com o Sada Cruzeiro?
– É um projeto muito importante. O Sada é uma equipe muito grande, tem uma base muito boa e é natural que alguns atletas não tenham espaço para jogar. Como possui uma equipe muito forte, precisam criar essa oportunidade para os atletas jogarem em outros clubes. É a melhor coisa que podem fazer. É um serviço muito importante para o voleibol brasileiro e que está ajudando o time de Juiz de Fora a se manter na Superliga e de forma competitiva.
– Como avalia o trabalho na Seleção Sub-23?
– Terminamos na semana passada o Mundial, no Egito. Ficamos em quarto lugar, um resultado que não foi bom, mas razoável. Queríamos ter chegado à final. Ficamos na semifinal com a Rússia. Mas é um grupo muito bom de trabalhar, o futuro do Brasil, sem dúvidas. Esse é o nosso desafio, fazer que esses jovens joguem mais. E o Leozinho (ponteiro do JF Vôlei) jogar mais agora é motivo de alegria para mim e para ele, assim como o Rammé (também ponteiro do time local). Quanto mais jogarem, melhor!
– E os objetivos no Sesc-RJ, que vem investindo bastante no esporte?
– Começamos bem no ano passado vencendo a Superliga B, e nosso objetivo para esta temporada foi melhorar um pouco o time, mas com jogadores que tínhamos perspectivas visando os Jogos Olímpicos de 2020. Todos podem estar na Seleção nesse ano. Esse foi nosso critério ao contratar – uma equipe que tenha jogadores mais novos e mais experientes com essa possibilidade da Olimpíada.
– Você começou jogando aqui em Juiz de Fora. Como foi esse início?
– Comecei no Colégio dos Jesuítas, nas aulas de educação física, e depois fui para a escolinha do Clube Bom Pastor. Fiquei até os 16 anos. Depois me transferi para São Paulo. Foi o começo de tudo. Juiz de Fora sempre teve tradição na formação de atletas de vôlei, bons profissionais da área, e peguei um pouco esse momento da equipe feminina do Sport. O vôlei passou a ser mania na cidade. E talvez eu tenha sido um dos frutos desse movimento. Esse foi o começo, importante, com os técnicos Flávio Villela, no Bom Pastor, e Tidinho (Aristides Rocha), do Jesuítas.
– E como eram a prática de vôlei e as competições na cidade nesta época?
– Tínhamos os Jogos do Interior de Minas, o Campeonato Mineiro. Era bom, viajávamos muito para as partidas, o que acreditamos ser bom para os jovens atletas.