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Lei institui artes marciais como atividade extracurricular nas escolas da rede pública

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Foi sancionada, na última quinta-feira (28), a lei municipal nº 14.484, em publicação dos Atos do Governo, que estabelece a criação do “Projeto Campeões do Futuro”, que impõe as artes marciais como atividade extracurricular nas escolas da Rede Municipal de Juiz de Fora.

O dispositivo tem como objetivo “utilizar o esporte como ferramenta de inserção social e cultural de crianças e adolescentes economicamente excluídos, favorecendo a socialização e reforçando atitudes de integração, respeito e comprometimento”, além de “contribuir para o desenvolvimento, formação da personalidade, construção da identidade, autoconhecimento e independência da criança e do adolescente por meio dos aspectos pertinentes à prática esportiva, como a responsabilidade, as regras, a disciplina e o respeito, proporcionando uma participação ativa, consciente e responsável no contexto familiar, profissional e social”.

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Além dessas intenções, o “Projeto Campeões do Futuro” visa ajudar crianças e adolescentes com o reforço e ensinamento de valores éticos, morais e de cidadania, com o respeito às diferenças de gênero, raça, cultura e condição socioeconômica. A iniciativa tem como foco, ainda, reduzir a evasão escolar, a violência, o uso de drogas, a marginalidade e o trabalho infantil e promover a integração das crianças e dos adolescentes com família e comunidade, através do estímulo aos torneios municipais e regionais.

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Durante a tramitação do projeto de lei, que começou no dia 25 de fevereiro até ser aprovada em terceira discussão em 30 de junho, a autora do texto, a vereadora Kátia Franco (Rede) argumentou que a prática do esporte é primordial para que crianças e adolescentes tenham melhor desenvolvimento físico, motor e social. “Através do esporte, os jovens trocam experiências de cooperação e socialização. A arte marcial é uma ferramenta de fortalecimento ético, moral e corporal voltada à formação de um cidadão melhor. Com a qualificação e instrução correta auxilia no desenvolvimento motor, psíquico e social de quem a pratica”, defendeu.

Participação depende de desempenho estudantil

Os alunos que quiserem participar do projeto devem apresentar três comprovantes: um de que reside em Juiz de Fora; outro de matrícula escolar; e o último que declare frequência escolar maior que 80%, além de laudo médico que comprove aptidão para prática esportiva. Além disso, a lei fala que será exigido “comprovante de nota escolar dentro da média, para que o aluno participe de competições, torneio e campeonatos, incentivando assim que o participante seja um bom aluno, estimulando também a boa prática escolar”.

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A Tribuna entrou em contato com a Prefeitura de Juiz de Fora questionando a data de início do projeto e como seriam feitas as contratações dos profissionais, mas não obteve retorno até a edição desta matéria.

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“Essencial para o desenvolvimento das crianças”, elogia professor

A Tribuna conversou com dois professores de artes marciais de Juiz de Fora para entender o panorama das lutas na cidade e no que essa lei pode ajudar. Segundo o sensei de judô Raphael Venturini, o cenário dentro de escolas públicas de artes marciais está parado.

“Já foi muito forte, mas hoje não temos escolas com aulas de judô, por exemplo. É muito importante para o desenvolvimento. Muitos alunos melhoram a frequência escolar, começam a ter outra visualização de mundo. Os esportes são essenciais para o desenvolvimento das crianças e adolescentes”, entende Raphael. “Também há relevância porque temos um respaldo quando formos entrar com alguma ação pública. É uma lei, então se torna uma forma de fazer pressão nos políticos também”, complementa.

Jovens praticantes de judô com o sensei Raphael Venturini (Foto: Divulgação)

Quem também pensa dessa forma é o professor de jiu-jítsu Wigmam Albuquerque Carvalho, que desde 2009 desenvolve projetos sociais para as crianças, de onde saíram campeões brasileiros, sul-americanos e mundiais, segundo ele. Por já ter trabalhado em patrulha escolar, o também policial militar estreitou relações com as escolas para saber sobre o comportamento e rendimento estudantil dos pequenos lutadores.

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“Acho uma iniciativa sensacional essa sanção, gostei muito. Temos grande preocupação na parte educacional dos atletas. Torço para que dê certo na prática. Formei mão de obra qualificada para trabalhar e espero que com a lei, meus alunos possam ter uma renda digna e multiplicar o trabalho sério que desenvolvemos há 13 anos. Dessa forma, ainda mais crianças teriam o benefício do jiu-jítsu”, acredita Wigmam.

Dezenas de alunos fazem parte de projeto do professor de jiu-jítsu Wigman (Foto: Divulgação)

Semana Municipal de Incentivo à Prática de Artes Marciais

A criação da “Semana Municipal de Incentivo à Prática de Artes Marciais”, também de autoria de Kátia Franco, foi oficializada nesta quinta-feira (28). O período, sempre na última semana de setembro, passa a ser comemorado, anualmente em Juiz de Fora, como evento esportivo, educacional, social e cultural. A ideia é que a semana intensifique o número de competições, demonstrações e até mesmo apresentações em praças públicas dos diferentes esportes, difundindo a prática das artes marciais e também homenageando professores e alunos.

De acordo com a autora da proposição, a sanção é importante para “promover o reconhecimento da sociedade juiz-forana para com as categorias esportivas que exigem de seus atletas elevado nível de disciplina, preparo e profissionalismo, sobretudo, no condicionamento mental e físico em equilíbrio harmônico para o aprimoramento de seu grau de rendimento. Estaremos oportunizando, a todos aqueles que praticam a respectiva modalidade esportiva e de luta, ter o espaço para divulgar e intercambiar informações corretas, conceitos e melhores técnicas e práticas esportivas que sabemos é de elevada complexidade e que exige alto rendimento”, justificou Kátia.

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