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Prefeitura lança licitação para a construção de pista de skate na região central

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“Pista terá estrutura e obstáculos coerentes com a cena contemporânea”, diz Nicole. (Foto: Rio Ramp Design)

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A Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) publicou o edital de licitação para a construção de uma nova pista de skate na cidade, que ficará localizada ao lado do Viaduto Augusto Franco, no bairro Poço Rico, na região central. O documento, publicado na terça-feira (28), define que a abertura das propostas será realizada no dia 13 de abril, às 9h30, na sala de reuniões do 7º andar da Subsecretaria de Licitações e Compras (SSLICOM), situada na Avenida Brasil, 2001. O valor da contratação é estimado em R$ 959.607,46, com execução dos serviços prevista em seis meses.

A promessa da nova estrutura para os atletas foi feita pela Prefeitura em junho do ano passado após a demolição da pista da Praça Antônio Carlos. Na época, havia a previsão de construção da pista substituta para o final de 2022. Em nota encaminhada à Tribuna, o Executivo informou que um arquiteto especialista em obras do tipo foi contratado por meio de uma parceria com a Rio Ramp Design e com a participação da Associação Juiz-Forana de Skate (AJS) “o que demandou um tempo, além do previsto inicialmente, para a conclusão dos projetos e a consequente licitação”.

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Cenário defasado

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A pista localizada na Praça Antônio Carlos, fundada em 2000, foi a primeira da história de Juiz de Fora. De acordo com o fundador da AJS, Brunner Lopes, o local era um marco histórico e cultural, além de ponto de encontro para os apaixonados pela modalidade. “Em 1999, tinha muita repressão à prática do skate. A polícia ia lá, aprendia o skate e destruía a rampa de madeira que a gente construía. Foi nesse contexto de opressão que a associação surgiu”, afirma.

Com a demolição da principal pista, o cenário do skate em Juiz de Fora teve um declínio, conforme a presidente da AJS, Nicole Faria. “A maioria das pistas da cidade estão em mau estado de conservação e possuem um conjunto de obstáculos obsoletos”, explica. Apesar disso, ela enxerga uma nova perspectiva na visão do corpo social sobre o esporte. “A imagem do skatista como ‘vagabundo’ parece que está ficando para trás”, analisa Nicole, lembrando que o esporte emprega pessoas na prática profissional e em outros setores, como a produção de conteúdo e vestuário.

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Na cidade, são muitos os praticantes do skate, os quais sofrem com a falta de estrutura, segundo Nicole. “Precisa existir locais adequados à prática para potencializar a atividade, que, aliás, não acontece só em pistas, mas também na rua, em ladeiras e picos”, explica. “Essa nova pista que será construída será em uma região central, com estrutura e obstáculos coerentes com a cena do skate contemporâneo”, comemora Nicole. Ela diz que mantém contato com a PJF através de reuniões presenciais e onlines, além de contatos pessoais via WhatsApp.

Pista será a maior da Zona da Mata, segundo a AJS

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“Pista terá estrutura e obstáculos coerentes com a cena contemporânea”, diz Nicole. (Foto: Rio Ramp Design)

Na visão de Brunner, o diálogo em relação ao projeto da nova pista foi feito de forma correta, apesar do atraso. “Havia a expectativa de ela estar pronta até dezembro de 2022, mas não aconteceu. Mas a nossa diretoria tem participado, opinado e colaborado no processo. A Prefeitura entendeu a importância de contratar um projeto de especialista em pista de skate, a Rio Ramp Design”.

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Ainda conforme o fundador, a pista será a maior da cidade e da Zona da Mata e a expectativa da Associação é que as obras sejam concluídas neste ano. “A inclusão (do skate) nas políticas sociais, de esporte e lazer, nos núcleos de atividades da PJF, seria um grande avanço. Para isso, o primeiro passo é ter as pistas em boas condições. (…) Mas não podemos esquecer das diversas pistas antigas e menores nos diversos bairros que precisam ser recuperadas para uma maior democratização da prática do skate na cidade”, acredita Brunner.

Projeto “de skatista para skatista”, diz praticante

A skatista Maria Júlia Prata, de 26 anos, que pratica o esporte em praças no centro da cidade e na pista da UFJF com grupos de amigos, também critica a falta de estrutura para o esporte na cidade. “A pista da Universidade é bem pequena, os iniciantes passam um pouco de aperto pelos obstáculos em si. Por ser cheia de skatistas, patinadores e pessoas de bicicletas, não é tão inclusiva”, descreve. Ela também realiza treinos no Linhares. “Lá se tornou um lugar incrível, porque é amplo e possui rampas, degraus e corrimãos de diferentes níveis”.

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Outro ponto dificultoso para os skatistas é a falta de manutenção frequente nesses lugares. Maria ainda lembra que os atletas costumeiramente recebem apoios de marcas relacionadas ao skate ou de outros esportistas, com poucos incentivos de instituições públicas. Além disso, segundo ela, a construção da nova pista na região central será interessante também pela oportunidade de realizar eventos, diz Maria Júlia. “As pistas da cidade são localizadas em bairros específicos e nem sempre as pessoas conseguem ter acesso a elas, seja pela distância ou pelos horários. Mas essa foi feita de skatista para skatista, ouvindo todas as opiniões”.

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