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Todos os sotaques e uma só língua: o xadrez

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A décima edição do Campeonato Mundial de Xadrez Escolar entrou em seu quarto dia de disputa neste sábado (29), no centro de convenções do Independência Trade Hotel, reunindo cerca de 500 competidores que, além do título da competição, aproveitam a ocasião para conhecer colegas dos 27 países que trouxeram representantes até Juiz de fora para o torneio. Sejam da Mongólia, Peru, Rússia ou Turquia, vencer uma das categorias – mesmo que oferecendo o título de candidato a mestre da Federação Mundial de Xadrez (WCF) – é algo que fica em segundo plano, pelo menos para os mais jovens.

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Ao mesmo tempo que a indonésia Medina Warda Aulia, 17 anos e única grande mestre feminina participante do evento, servia de inspiração para os mais novos, eles também buscavam curtir o momento após a disputa de suas partidas. Caso de Valentina Baptista Reis, 7 anos, e Maria Clara Dias de Souza, 8. Valentina já enfrentou uma atleta do Peru e outra do Sri Lanka. “Fiz muitos amigos na competição. E o xadrez me ajudou muito na escola também, aumentou minha concentração na matemática e no português”, garante. Maria Clara, que também enfrentou uma peruana e uma atleta da Mongólia, gosta da oportunidade de conhecer gente nova, mesmo com a dificuldade no diálogo. “Conversar com a peruana, por causa do espanhol, foi mais fácil”, diz ela.

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Entre as centenas de brasileiros na competição, não são poucos os que contam com o apoio presente dos pais. Geraldo Antônio da Silva Filho veio de Ipatinga com os dois filhos, Samuel e Lucas, de 8 e 9 anos. Ele sempre viaja com os filhos para as competições, como o Pan-Americano disputado em Poços de Caldas. “O Samuel venceu um atleta do Turcomenistão e perdeu para um atleta da Mongólia que já é mestre. Tudo isso é excelente para eles, esse diálogo que existe por meio do xadrez.” Nesse meio tempo, Lucas chega comemorando a vitória sobre outro atleta brasileiro. “O campeonato é legal, mas é muito bom ter isso de conhecer gente de todo mundo”, diz o jovem.

Elogios
Diretor técnico da WCF, o inglês David Jarrett considera o nível do campeonato excelente. “É difícil até de julgar, porque alguns destes jovens são melhores do que eu”, brinca o dirigente, destacando os benefícios que o torneio pode trazer para o esporte no país. “É importante que os brasileiros tenham a oportunidade de enfrentar atletas de outros países. A Federação prioriza essas competições porque ajuda a criar uma base, desenvolve habilidades cognitivas e de concentração dos jovens. Eu vi um atleta de apenas 4 anos passar quatro horas concentrado na partida, e isso é muito bom”, destaca. Houve tempo ainda para elogiar a estrutura do evento. Estive aqui há dois meses, com tudo vazio, e fiquei preocupado, o piso não estava pronto… Mas tudo foi entregue a tempo, as condições estão muito boas.” O Brasil, aliás, foi a primeira nação fora da Europa a receber o evento, que em 2015 também será disputado fora do Velho Continente – desta vez, no Sri Lanka.

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O presidente da Confederação Brasileira de Xadrez (CBX), Darcy Lima, se mostrava satisfeito com o bom desempenho de alguns dos atletas brasileiros. “Temos alguns invictos, a expectativa é a de que tenhamos pelo menos duas medalhas de ouro, o que seria inédito. Só de haver a competição no país já ajuda a melhorar a parte técnica dos atletas e treinadores, além da divulgação na mídia e incentivo à prática do esporte, mesmo de quem não está presente.”

Diretor de comunicação do campeonato, Ricardo Reis é outro a observar o caldeirão cultural resultante do Mundial. “O que percebemos aqui é que a interação de culturas ocorre de forma natural. Muitos que estão aqui se conhecem de outros torneios, e essa confraternização continua. É uma festa das nações.”

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