O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) enviou, nesta quarta-feira (30), uma recomendação à Federação Mineira de Futebol (FMF) e à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para o banimento temporário da torcida organizada Mancha Alviverde, do Palmeiras, pelo período de dois anos. A solicitação é uma estratégia para tentar evitar novos ataques, como o que aconteceu na Rodovia Fernão Dias, em São Paulo, no domingo (27), contra a torcida Máfia Azul, do Cruzeiro.
No documento enviado à CBF e à FMF, o promotor de Justiça da 14ª Promotoria de Defesa do Consumidor do Procon-MG, Fernando Abreu, pede que a medida cautelar seja adotada em âmbito nacional, pois, de acordo com o promotor, o risco não se restringe a Minas Gerais. Na medida, é solicitado que seja proibido o uso, porte e exibição de qualquer vestimenta, faixa, bandeira, instrumento musical ou qualquer objeto que possa caracterizar a presença da torcida nos estádios e no entorno em dias de jogo.
O promotor também cobra a criação do cadastro nacional de torcedores suspensos ou impedidos de frequentar eventos esportivos. Além disso, pede que os clubes de futebol e sociedades anônimas do futebol (SAF) adotem procedimentos internos para que torcidas organizadas associadas à prática de violência sejam proibidas de usar o símbolo e escudo, a fim de evitar sanções na esfera desportiva, haja vista a responsabilidade civil objetiva prevista na Lei Geral do Esporte.
A FMF tem 72 horas para analisar e decidir se vai seguir a recomendação do Ministério Público de Minas Gerais.
Proibição já está em vigor em São Paulo
A Mancha Alviverde está proibida de entrar em estádios de São Paulo a partir desta quarta-feira. A Federação Paulista de Futebol (FPF) acatou a recomendação do Ministério Público de São Paulo (MPSP), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Não há um prazo determinado para a validade desta portaria. Sendo assim, a torcida organizada está impedida de entrar nos estádios de São Paulo até que a medida seja revogada pela FPF. Procurada pelo Estadão, a Mancha afirmou que não irá se pronunciar até o momento a respeito da proibição. Na segunda-feira, a torcida organizada divulgou nota em que nega seu envolvimento com a emboscada. “Queremos desde já deixar claro que a Mancha Alvi Verde não organizou, participou ou incentivou qualquer ação relacionada a esse incidente. Com mais de 45.000 associados, nossa torcida não pode ser responsabilizada por ações isoladas de cerca de 50 torcedores”, escreveu.
A entrada do Gaeco no caso, e que resultou na recomendação pela proibição da Mancha, foi determinada pelo procurador-geral de Justiça Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, que vê as uniformizadas atuando como “verdadeiras facções criminosas”. O promotor Fernando Pinho Chiozzotto, de Mairiporã, também vai acompanhar as investigações da Polícia Civil, enquanto o MPMG também se colocou à disposição para ajudar na apuração do caso.
Emboscada
O ataque, que resultou em uma morte e outros 20 feridos, aconteceu no último domingo (27), na Rodovia Fernão Dias, em Mairiporã, na região metropolitana, às 5h20, próximo ao quilômetro 65 da rodovia Fernão Dias. A investigação policial, coordenada pela Delegacia de Polícia de Repressão de Intolerância Esportiva (Drade), identificou parte dos suspeitos que participaram da emboscada, segundo informou a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP).
De acordo com a PRF, ônibus com torcedores de Palmeiras e Cruzeiro se encontraram no pedágio por volta das 5h, e começaram o confronto entre si com ataque de rojões. O homem que morreu tinha 30 anos e sofreu graves ferimentos causados por queimaduras. Ele foi encaminhado para o Hospital Anjo Gabriel, mas faleceu após receber atendimento. A unidade de saúde recebeu 18 vítimas, enquanto outras três foram levadas ao hospital de Franco da Rocha. Um dos pacientes deu entrada com um ferimento de arma de fogo no abdômen, mas não corre perigo de vida.
Ainda de acordo com informações da PRF, dois ônibus com torcedores do Cruzeiro voltavam de Curitiba, onde a equipe mineira enfrentou o Athletico Paranaense neste sábado, quando foi alvo do ataque. Um dos veículos foi depredado, enquanto o outro foi completamente incendiado.