A tenista juiz-forana Giulia Aguiar, de 21 anos, voltou a competir profissionalmente em Portugal no primeiro semestre deste ano, após contrair Covid-19, ser internada devido a uma septicemia e passar por seis infecções na garganta, tudo isso em 2022. Além disso, em janeiro de 2023, a atleta passou por uma cirurgia de retirada das amígdalas. O retorno aconteceu no W40 de Monte-Mor, participando da disputa de simples e duplas. Giulia, que segue no país europeu para disputar novos campeonatos em setembro, concedeu entrevista à Tribuna, contando sobre sua superação, volta às quadras e seu futuro no esporte.
Antes de embarcar para Portugal, Giulia fez pré-temporada no Arena Tênis Clube, em Juiz de Fora, com seu irmão e técnico, Thiago Aguiar, para se preparar para as competições. A tenista entende que esse tempo de treinamentos serviu para aumentar a vontade de jogar uma partida profissional. “Acredito que o tempo fora só me fez ter ainda mais gana de voltar e aproveitar ao máximo meu tempo. Sinto que cheguei aqui muito bem treinada e com avanços técnicos e físicos comparando com o ano passado. O fato de não ter participado de nenhum torneio de janeiro a maio no Brasil me fez chegar sem tanto ritmo competitivo, o que já está muito melhor depois desses dois meses aqui (em Portugal)”, afirma.
Nas quadras, Giulia avançou na primeira fase do qualy de simples do W40 de Monte-Mor, mas foi derrotada na final para a grega Martha Matoula, que está entre as 500 melhores do ranking da Women’s Tennis Association (WTA). Pelas duplas, jogando ao lado da mexicana Fernanda Navarro, a juiz-forana alcançou as quartas de final, perdendo para as suíças Conny Perrin e Naima Karamoto, que foram as vice-campeãs do torneio. Aguiar também competiu em outros campeonatos W25, com jogadoras situadas em posições elevadas do ranking.
Apesar dos resultados, a tenista avalia de uma forma positiva sua participação. “Acredito que estou na fase de plantar do que de colher, estou aprendendo muito e convivendo com atletas que já fazem há anos o que eu sonho em fazer, que é viver de tênis”, avalia. “Estou feliz, porque, desde que cheguei, acredito que já subi bastante de nível e isso para mim é o mais importante. Fiz resultados em simples, subi mais de 300 posições no ranking da WTA de duplas e no ranking da semana que passou estava em 1.000 do mundo e entre as dez melhores brasileiras. Meu objetivo é trabalhar para ter cada vez mais semanas de ‘altos’ e ir ganhando mais jogos e, consequentemente, buscar as melhores colocações dos torneios”, projeta.
‘Página virada’
O ano de 2022 de Giulia foi muito conturbado devido aos problemas de saúde enfrentados pela atleta, que a atrapalharam na preparação para os campeonatos. Depois de passar por tais percalços, a tenista afirma ter superado completamente e que não existem possíveis sequelas das doenças atualmente. “Para mim, isso já é página virada, estou animada com o que vem pela frente! (…) Isso tudo me fez crescer enquanto pessoa e valorizar ainda mais quem está comigo sempre e o simples fato de poder fazer no dia a dia o que mais amo, que é jogar tênis e ser uma atleta”, afirma Aguiar.
Inspiração em outra brasileira
Bia Haddad se tornou referência para tenistas do Brasil e do mundo com seu desempenho em grandes torneios, como Roland Garros, em que a brasileira foi semifinalista. Para Giulia, não é diferente. A juiz-forana enxerga em Haddad uma inspiração dentro do tênis. “A Bia é um exemplo de pessoa, de trabalho duro, passou por dificuldades, as enfrentou, manteve o sorriso no rosto, uma mente forte e vem conquistando coisas incríveis. Acho que é uma pessoa para a qual muitas podem olhar e se inspirar”, destaca.