Nesta sexta-feira (30), 90 ciclistas saem de Juiz de Fora para uma jornada de 300km em três dias até a Basílica de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida do Norte (SP). A saída acontece às 8h40 do Bairro Aeroporto, com previsão de chegada no domingo por volta de 13h30. Às 18h30 do mesmo dia, 47 ciclistas embarcam no ônibus para retornar a Juiz de Fora. Os outros voltarão de carro com a família ou enfrentarão novamente a estrada no dia seguinte. Além de moradores de Juiz de Fora, ciclistas de Além Paraíba, Barbacena, Bicas e Cataguases também estão no grupo. Na quinta (29), os ciclistas e seus familiares receberam bênção na missa celebrada pelo Padre Pierre, na Igreja São José, na Av. Sete de Setembro.
No 3º Pedal da Fé, o trajeto é o mesmo dos anos anteriores: no primeiro dia, o grupo passa por Monte Verde, Santa Bárbara, Rio Preto e dorme em Santa Rita de Jacutinga, completando os primeiros 127 km, segundo a organização, ainda em território mineiro. No sábado, eles voltam à estrada para mais 110km, seguindo para Amparo (MG) e se hospedando em Queluz (SP). De lá, os ciclistas seguem por 70km até Aparecida do Norte, onde participam da missa no Santuário Nacional. Uma organização feita ao longo de três meses, com caminhão para levar as bagagens e carro de apoio no trajeto.
Começo em 2015
Segundo o organizador, Allan Willian da Silva, o pedal nasceu nessa mesma época do ano em 2015, quando quatro amigos buscavam por uma graça. A partir daí, o grupo cresceu e a peregrinação se tornou anual. “Uma menina estava com um problema no coração e precisava ser operada. O pai dela (Marco Portilho) fez a promessa de que se ela fosse curada, ele iria de Juiz de Fora à Basílica de Aparecida pedalando. No ano seguinte foram 28, depois 55 e hoje em dia temos 90 pessoas fazendo esse pedal da fé. Pode chover, ter barro ou sol, mas vai continuar assim por muitos anos”, conta. Segundo Allan, hoje a filha de Marco passa bem e irá de carro, acompanhando o trajeto.
Nessa primeira jornada, o pequeno grupo foi guiado por Marco Aurélio Costa, 55, que já havia feito o caminho a pé. “Isso me realiza. Já fui duas vezes a pé, uma com quatro dias de caminhada desde Cambuquira (MG) e dez dias desde Juiz de Fora. É uma experiência nova, porque de bicicleta a gente precisa mais um dos outros e tem a oportunidade de juntar um maior número de pessoas. O pessoal é bastante solidário, uma coisa muito boa e faz muito bem para o coração essa integração de bike”, comenta. Devoto há seis anos, Marco conta que já teve uma graça alcançada e hoje reza pela família e pela saúde da cunhada. “É uma experiência de fé, porque tem gente que nunca pedalou e vai. A gente precisa alimentar essa fé e quando fazemos alguma coisa que não faz no cotidiano, estamos alimentando.”
Desafios ao longo do caminho
“Muita gente tem fé, tem vontade de ir e a superação que você vê ao longo do dia, a dificuldade que encontra, com chuva, morro, barro, as pessoas vêem as outras conseguindo chegar no seu objetivo e isso atrai mais gente”, conta o organizador, Allan Willian, e completa: “Me sinto honrado em participar desse pedal todo ano na primeira semana de dezembro. É um desafio para todo mundo.”
Silmar Bonfante, 51, pedala há apenas um ano e embarca no trajeto pela primeira vez. “A gente quer superar os nossos limites. Acho que é uma experiência maravilhosa, porque já sou devota de Nossa Senhora desde que me entendo por gente. Depois que casei, meu filho nasceu na véspera do Dia de Nossa Senhora. Todo ano eu vou lá, mesmo sem ser no mês dela, porque é uma época muito lotada. Vou ficar emocionada demais”, comenta. À padroeira do Brasil, a devota pede pelo país e pelos ciclistas. “Por mais paz pelo nosso Brasil e que as pessoas respeitem mais os ciclistas, porque às vezes saímos para passear e vemos tanta coisa errada. Parece que as pessoas não estão se importando mais com a vida do próximo e isso é importante.”
Porfirio de Lima Freitas, 61, comemora seu aniversário na mesma data da homenagem à padroeira e espera grandes emoções para o encontro. “Minha mãe é portuguesa, vem de um povo muito religioso e ela levava muito a gente para a missa. Depois que passei a ter noção, com 10 ou 12 anos, começou a despertar e eu gostei. Acho que vai ser muito gratificante, emocionante e com certeza vou receber muita energia de Nossa Senhora Aparecida.”