Com o objetivo de orientar possíveis investimentos em reformas ou construções de estádios particulares, pesquisadores do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Viçosa (UFV) analisaram o impacto que o mando de campo possui nos confrontos que mobilizam as duas maiores torcidas de Brasil e Argentina: Flamengo e Corinthians, no futebol brasileiro, e Boca Juniors e River Plate, no futebol argentino.
A amostra utilizada abrange os jogos que aconteceram desde o início do século XX até o último confronto de 2022, com exceção àqueles que foram disputados em campo neutro, como, por exemplo, a segunda partida da final da Libertadores de 2018, entre os dois grandes rivais argentinos, que foi disputado no estádio Santiago Bernabéu, em Madri, na Espanha. Apesar do duelo ter mando do River Plate, a casa do Real Madrid foi dividida igualmente para as duas torcidas.
O resultado obtido foi que o mando de campo possui grande influência nos confrontos entre os times brasileiros. Quando joga no Maracanã, ou em outro estádio do Rio de Janeiro, o Flamengo apresenta 40,52% a mais de chances de marcar. Já quando a partida é realizada no Pacaembu, ou em outro local dentro da cidade de São Paulo, o Corinthians tem 47,06% mais chances de balançar as redes.
No superclássico argentino, o resultado foi mais equilibrado. Quando o confronto acontece no Estádio Mâs Monumental, casa do River Plate, o mandante apresenta 29,13% mais chances de fazer o gol. Porém, quando o duelo é realizado em La Bombonera, o Boca Juniors não apresenta uma vantagem estatisticamente significativa.
Diante dos números apresentados, a conclusão obtida foi que o mando de campo interfere diretamente no resultado da partida para o time da casa. Com isso, as equipes mandantes tendem a atrair mais público em seus domínios, gerando mais renda para o clube, o que, segundo os pesquisadores, justificaria o investimento em estádios próprios.