Ícone do site Tribuna de Minas

Ela dá um baile!

Foto: Leonardo Costa
Marina: “Acho que é poder fazer a diferença na vida das pessoas. Juiz de Fora merece, tem muito potencial tanto no masculino, quanto no feminino para conquistas coisas grandes (Foto: Leonardo Costa)
PUBLICIDADE

No gramado, ela já atuou no Santos (SP) – após ser escolhida com mais quatro meninas entre 1.500 concorrentes, em Pindamonhangaba (SP) e São José dos Campos (SP), sendo campeã estadual em torneios de base e adulto. Aprendeu vendo de perto nada mais, nada menos que Marta e Formiga, duas das maiores referências do futebol feminino mundial. Algo, contudo, fez a juiz-forana Marina Loures Barbosa, 25 anos, sexta entrevistada da série Olha Ela! (que enfoca mulheres da cidade e região que se destacam no esporte), retornar para casa, auxiliar diretamente na criação de equipe de futsal chamada Buscapé e correr atrás de um objetivo pessoal em outro terreno, mas seguindo com a bola nos pés.

“Meu sonho é ter um time de Juiz de Fora jogando um campeonato nacional feminino. A cidade tem potencial. Nossa única diferença para São Paulo é que eu treinava todos os dias com bola. Vivia para isso. Se fizéssemos isso aqui também, bateríamos de frente. Talento temos, as meninas podem e querem jogar, mas não têm como abrir mão de um emprego, uma faculdade para poder jogar”, expõe a estudante de educação física.

PUBLICIDADE

O histórico de Marina ajuda a justificar a esperança no futebol feminino local e o crescimento gradativo do espaço para as mulheres no esporte. “Comecei no futsal com 6 anos em uma escolinha do meu pai. Joguei só com meninos até os 13. Depois, ele abriu uma turma feminina e fomos campeãs da Copa Bahamas na categoria infantil em 2004. Conheci o handebol no Granbery, mas não era a minha praia. Voltei para o futsal e acabei passando em uma peneira de campo no Santos em 2010. Não me adaptei à cidade e ao futebol de campo e, no começo de 2011, fui para Pindamonhangaba (SP). Lá foi tudo muito bom, ganhamos o Paulista sub-20 no primeiro ano e mais dois campeonatos, em 2012 vencemos o Brasileiro. Depois fui para São José dos Campos (SP), onde conquistei o Estadual adulto. Mas alguma coisa me fazia querer voltar”, contou.

PUBLICIDADE

Ela diz que, na época, o motivo do retorno foi a família: “Minha avó estava doente e precisei voltar. E sempre tive o sonho de ser campeã aqui no estado. Então, me juntei com as meninas que já conhecia e criamos o Buscapé. Começamos treinando na Praça de São Mateus, debaixo de sol, às 16h. No primeiro ano, em 2015, já fomos vice-campeãs da Copa Bahamas. Em 2016 organizamos o projeto melhor, chamamos treinador e auxiliar, fechamos parceria com o Sport, que nos abraçou muito, além de ser um clube centenário, carregar sua camisa faz diferença. Ganhamos a Bahamas e a Copa AOA. Nesse ano, estamos almejando alçar voos ainda maiores. Tem os Jogos de Minas, que vamos participar, e estamos tentando o Campeonato Mineiro com suporte do pessoal do Tupi”, projeta.

‘Falta um empurrãozinho’

Além da vontade e criação de equipe, Marina busca otimizar outros pontos do esporte feminino. “Estamos tentando melhorar a modalidade na cidade porque existem muitas meninas boas e times se organizando melhor. O ‘Tá Joia’, da Federal, o Machado, mais tradicional. Várias equipes que estão pegando a gente como espelho. Por mais que a gente não receba para isso, sempre cobramos essa organização pelo crescimento da modalidade.”

PUBLICIDADE

Neste contexto, é realizado um trabalho personalizado no Buscapé, de acordo com as possibilidades das jogadoras. “Para treinar dia de semana é complicado, algumas acordam às 5h da manhã, trabalham e estudam. Então treinamos sextas à noite e sábados de tarde. E vamos adaptando isso, conseguimos parceria com academia também para os treinos. Não precisamos ser soberbas, mas organizadas. As pessoas têm que olhar para a gente e ver que não somos time de bater pelada e pronto. Procuramos fazer tudo como se recebêssemos para isso.”

Mais que a paixão de Marina pelo esporte, outro fator importante a move. “Acho que é poder fazer a diferença na vida das pessoas. Porque por exemplo, anos atrás cogitaram não ter futsal feminino nas competições porque sempre dava briga, correria. Mas batemos o pé e buscamos essa maior organização. Os jogos femininos são os que mais lotam os ginásios aqui. E também ser espelho. É você sair da quadra e uma pessoa elogiar o que estamos fazendo pelo futsal. Juiz de Fora merece, tem muito potencial tanto no masculino, quanto no feminino para conquistar coisas grandes. Falta um empurrãozinho.”

PUBLICIDADE
Sair da versão mobile