Trânsito agarrado, carros com a bandeira do Brasil, buzinas por todos os lados e muitas camisas amarelas e azuis. O caminho para assistir ao jogo entre Brasil e Suíça, no início da tarde desta segunda-feira (28), foi repleto de expectativas positivas sob a Seleção Brasileira na ótica dos juiz-foranos, que seriam premiados, com uma dose de drama, pelo triunfo de 1 a 0, após gol de Casemiro aos 38 minutos da etapa final. Seja para fazer um churrasco com os amigos ou encontrar a família, a união das pessoas e a crença no hexacampeonato neste ano são perceptíveis nas ruas de JF. Nesse sentido, a Tribuna percorreu vários pontos da região central da cidade para ouvir a população acerca do jogo e as projeções para a Copa do Mundo, bem como entender o sentimento daqueles que precisaram trabalhar no horário da partida.
Durante o início do primeiro tempo, o único barulho que se ouvia nas ruas próximas à praça do Bairro Jardim Glória, primeiro lugar visitado pela reportagem, era o da televisão, somado às conversas das cercas de 50 pessoas que acompanhavam o jogo no bar Birosca, único encontrado aberto na região.
De acordo o gerente do bar, Marcelo Pig, os jogos do Brasil na Copa têm alterado até a rotina de funcionamento. “Hoje não abriríamos, porque só funcionamos de terça a domingo. Mas pelo jogo, tínhamos que abrir, tanto é que está lotado. O pessoal está fazendo muito barulho, vejo que o clima está festivo”, relata Marcelo. “Não tem comparação, em dias de partidas do Brasil nossa clientela, que já é fiel, vem mesmo”, reforça.
Na metade do primeiro tempo, a Tribuna passou pelo Bar do Marquin, na Rua Santo Antônio, e conversou com Paulo Santos, garçom do estabelecimento, que vê como positivo o expediente seguir no horário da partida. “Me sinto bem trabalhando, porque estou vendo o jogo de rabo de olho e ganhando dinheiro ao mesmo tempo. O clima aqui está ótimo, sensacional. Pessoal está confiante”, conta Paulo. “Minha mulher também está trabalhando, ela é vendedora. E minha filha está na creche”, relata.
Em seguida, em uma farmácia no Largo do Riachuelo, todos os funcionários estavam sentados, juntos, em um sofá assistindo ao jogo. A assistente administrativa Elaine Lúcia conta que o clima na farmácia é de animação e esperança. “Reunimos a galera e fizemos um lanchinho para prestigiar nossa seleção. Hoje iremos vencer e seremos hexa no final”, opina Elaine.
No intervalo, em meio à Avenida Getúlio Vargas, muitas pessoas esperavam ônibus. As lanchonetes que tinham televisão, em sua totalidade, estavam sintonizadas no jogo. Os clientes assistiam atentamente ao que acontecia na partida, enquanto os funcionários revezavam o olhar na televisão e nos pedidos realizados.
A gerente da Sux Mobile, Lilian Cardoso, é fã de Neymar e avaliou, durante o intervalo, que o jogador poderia fazer a diferença, se não estivesse machucado. Mesmo assim, a torcida continuou forte. “A dona da loja concordou em nos reunirmos aqui mesmo e fizemos batata-frita, pipoca, suco. Todos nós estamos no clima da Copa e queremos a vitória do Brasil”, declara Lilian.
No Parque Halfeld, tradicional ponto de troca de figurinhas do álbum da Copa do Mundo, dessa vez não se via nenhuma figurinha e nem vendedores.
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Do táxi aos bares do São Mateus
O taxista Cristiano Costa, que levou a reportagem do Parque Halfeld até a Rua Chanceler Oswaldo Aranha, no Bairro São Mateus, conta que os dia de jogos do Brasil são positivos para ele. “Sou motorista de táxi há oito meses, então é a primeira vez que passo uma Copa trabalhando. Para mim está tranquilo, sinto saudade da minha família, mas prefiro estar no táxi do que vendo a partida”, conta. “Temos bastante movimento em dia de jogo. Antes dele começar, o trânsito fica ruim. Mas durante, nós pegamos bastante corridas e com trânsito bom. No final do jogo, mais corridas ainda. É um dia que trabalhamos e lucramos mais”, explica Cristiano.
Já nos bares da Rua Oswaldo Aranha, durante o início do segundo tempo, duas jovens amigas vibravam a cada lance de perigo do Brasil. A estudante Júlia Thomaz conta que é a primeira vez que assiste jogos com amigos. “Estou muito entusiasmada e empolgada. Meu coração está aflito, e acho que vai ter um gol no finalzinho”, aposta Júlia. Já Kheren Cristina vê um clima de união após a pandemia e a eleição. “É todo mundo vendo o jogo, sentimento ótimo de estarmos reunidos. Vai dar tudo certo, a Seleção está muito boa. Temos o Richarlison, ele representa todos nós, brasileiros”, vibra Kheren, que clama pelo apoio da população. “Sempre torçam para o Brasil, nós precisamos disso. Nem pensar em Argentina, aqui é Brasil”.
Festas com gols de Vini Jr e Casemiro
Quando Vinicius Júnior marcou o gol aos 18 minutos da segunda etapa, a festa tomou conta nos bares na Oswaldo Aranha. Abraços, gritos e até cerveja para o alto, seguidos de falas de lamentação após o árbitro de vídeo (VAR) anular o tento.
Depois de minutos apreensivos, o grito tão esperado pelos juiz-foranos, dessa vez sem medo do VAR, saiu aos 38 da etapa final, após Casimiro chutar forte, de primeira, de dentro da grande área. Mais festa em todos os estabelecimentos abertos.
Após o apito final, os torcedores se abraçaram e cantaram músicas da Seleção Brasileira. Para o advogado Danilo Gomes, o importante é a vitória. “Ganhamos e estamos classificados, em Copa do Mundo é o que importa. Só tem que tomar cuidado com o salto alto”, já alerta Danilo. “Estou feliz também no meu bolso, porque apostei na vitória do Brasil”, brinca o também torcedor fanático do Tupi.
Para ele, o nível na fase do mata-mata irá subir, mas a Seleção Brasileira segue favorita. “Temos cinco estrelas, e a camisa pesa. Torço muito pelo hexa. Não podemos ficar 24 anos sem conquistar uma Copa, não merecemos”, acredita Danilo.