
Fazendo seu último jogo em casa na fase de classificação, defendendo a liderança do grupo B da Série C do Campeonato Brasileiro e em partida que pode garantir definitivamente a ponta da chave, o Tupi entra hoje em campo para enfrentar o já rebaixado Duque de Caxias, às 16h, no Estádio Municipal, pela 17ª e penúltima rodada da primeira fase. Vindo de duas goleadas – 5 a 0 sobre o Mogi Mirim e 4 a 0 sobre o São Caetano -, o Carijó está embalado e quer permanecer assim para entrar nas quartas de final da competição nacional, que valem uma vaga na Série B de 2015, em ritmo forte em busca do acesso.
Para não perder o fôlego demonstrado nos últimos compromissos, o Alvinegro de Santa Terezinha terá a volta de um de seus destaques na competição. Livre da suspensão pelo terceiro cartão amarelo que o tirou do jogo do último domingo contra o São Caetano, o atacante Chico está de volta e com ele a mistura Coreia do Sul-Paraguai-Brasil que vem dando certo com a camisa do Carijó. Com um histórico peculiar, vindo do interior paulista, o camisa 11 do Tupi se adaptou rapidamente a Juiz de Fora e ao clube, e atualmente pode ser considerado peça principal do esquema do técnico Léo Condé.
Adaptar-se é uma característica que Francisco Hyun Sol Kim, hoje com 23 anos, aprendeu desde criança. Filho de pais sul-coreanos que viviam no Paraguai, o jogador nasceu em Cascavel, no Paraná. “Minha mãe e uma amiga atravessaram a fronteira do Paraguaia para o Brasil para que eu pudesse nascer e ter a nacionalidade brasileira. Depois, voltei para o Paraguai. O pessoal aqui no clube diz que sou coreano falso e brasileiro falso também”, diverte-se o atleta, que tem apenas a dupla nacionalidade brasileira e sul-coreana, apesar de ter vivido até os 16 anos em território paraguaio, de onde saiu para perseguir seu sonho de ser jogador profissional de futebol no Águia Negra, do Mato Grosso do Sul.
Barreiras
Alfabetizado em coreano e espanhol, Chico encontrou barreiras não só na língua no início de carreira. “Em casa, só falava coreano. Na rua, espanhol. Quando cheguei no Brasil, não sabia falar nada. Até hoje tenho um pouco de dificuldade e me confundo. No início no futebol, sentia a desconfiança de muitas pessoas, que viam os olhos puxados e não davam muitas oportunidades. Mas isso fui vencendo com o tempo. Agora, estou vivendo o meu melhor momento”, reconhece o jogador, que tem a ajuda de um outro sul-coreano, o meia Lee, nascido na Coreia do Sul e que veio para o Brasil há dois anos também perseguindo o sonho de ser jogador. “Converso bastante com ele. Foi bom encontrá-lo aqui e falar uma língua familiar para me sentir mais ambientado”, completa o atacante, que além do Água Negra teve passagens por Brasiliense, Olimpia-SP e Atlético Sorocaba, de onde se transferiu para o Carijó.
Para o jogador, o segredo de seu sucesso com a camisa alvinegra está na mistura de características que vêm de suas origens sul-coreanas com o espírito de brasileiro nato. “Carrego comigo um pouco dos dois povos. Me dedico e sou disciplinado como os orientais, mas também sou alegre, gosto de jogar um futebol ousado, como os brasileiros gostam. Nessa mistura, procuro o equilíbrio”, afirma Chico.
Para seu comandado, o técnico Léo Condé só tem elogios. “Ele nos dá a opção de mudar a maneira da equipe jogar, pois cumpre duas, três funções dentro de um jogo. É um jogador importante, de boa técnica, a gente ganha na bola parada, na transição de defesa para o ataque. Trabalhamos um revezamento entre ele e o Maradona que confunde o adversário. É um atleta que, taticamente, é um dos principais da equipe, sem dúvidas”, define.
No embalo e com o apoio da torcida
Sem poder contar com os volantes Genalvo e Maguinho, suspensos, e o atacante Maranhão, contundido, Léo Condé terá que mexer na equipe. Gustavo entre na cabeça de área, e a ausência de outro jogador no meio abre espaço para uma mudança tática. Desta vez, com a volta de Chico, o Tupi entre em campo com três atacantes, contando com o retorno de Ademilson e a permanência de Elder Santana. “Com a entrada do Ademilson, o Elder passa para o lado do campo. É uma maneira de jogar que ele já desempenhou. Não há mistério algum para o atleta”, explica Condé.
O comandante carijó quer manter seu time embalado e no primeiro lugar do grupo B até o fim da primeira fase. Isso já pode ser garantido nessa rodada: basta que o Carijó vença o Duque de Caxias, e o Mogi Mirim, único capaz de ultrapassar o Tupi, tropece em casa, amanhã, diante do Macaé, que luta para se manter no G4. Por isso, Condé pede a manutenção do ânimo nas arquibancadas e, mais uma vez, a presença dos fãs do Alvinegro. “O torcedor tem que vir, nos apoiar, como tem feito principalmente nos dois últimos jogos. Estou certo de que saíram satisfeitos do estádio. Estamos mantendo o mesmo ritmo de trabalho, queremos ficar na melhor colocação possível que, teoricamente, nos colocará diante de um adversário menos forte na disputa do acesso.”
No Duque de Caxias, que já estava sem perspectivas na Série C após a confirmação de seu rebaixamento há duas rodadas, a crise aumentou um pouco na última semana. Na quarta-feira, a equipe foi eliminada da Copa Rio ao perder para o Bonsucesso por 2 a 0 fora de casa e já não briga por mais nada no segundo semestre. A situação fez o técnico Fahel Júnior deixar o comando do time. Ainda não há uma definição sobre quem assume o cargo para as duas últimas rodadas da Terceirona, mas a tendência é que o coordenador técnico do clube, Moura Ribeiro, exerça a função.
Os ingressos para o Tupi x Duque de Caxias podem ser adquiridos hoje na sede social do Tupi, na Rua José Calil Ahouagi 332, no Centro, das 9h às 13h. As bilheterias e portões do Estádio Municipal serão abertos às 14h. O valor da inteira é R$20, e a meia-entrada custa R$10.