Na noite desta quarta-feira (28), no Constantino Hotel, o maior ídolo da história do Flamengo, Arthur Antunes Coimbra, o Zico, concedeu entrevista coletiva no lançamento da Copa Zico Juiz de Fora, torneio de base que ocorre no Centro de Futebol Zico (CFZ) da cidade, e que pela primeira vez será realizada fora do Rio de Janeiro. No embalo do incentivo à prática desportiva nas categorias de base, o Galinho comparou o cenário de Juiz de Fora com o de mercados emergentes no futebol em que obteve experiências, seja como jogador ou técnico, com lembrança especial em sua passagem pelo Kashima Antlers, do Japão, no final da carreira, entre 1991 e 1994.
“É um investimento que precisa ser feito pelos representantes da região. Um repórter disse que a base do Tupi não é utilizada. A base é o que há de mais importante em um clube, então precisam incentivar ela. Todos devem se concentrar para fazer o melhor pelo clube. Aí ele vai ser a grande vitrine. Quando se tem uma situação como essa, deve-se concentrar todos os esforços para que esse clube se torne cada vez mais forte. O que fizemos no Kashima foi em uma cidade muito menor que Juiz de Fora, de 80 mil habitantes, e hoje cresceu muito. Tem mais de 500 mil habitantes, todo o seu entorno virou uma coisa só. Os garotos buscavam o Kashima. O atrativo era o time de futebol. E esse é um ótimo exemplo para Juiz de Fora. Se estou bem na minha casa, por que sair?”, opina o ídolo rubro-negro.
A Copa
O torneio que recebe o nome do Galinho ocorre entre os dias 16 e 25 de julho e já tem inscrições abertas, efetivadas pelo número (32) 98822-3342 até o próximo dia 11. Em campos society, as disputas foram segmentadas nas categorias sub-8, sub-10, sub-12, sub-14, sub-16 e sub-18, com limite de oito times por competição. Os empresários e coordenadores técnicos da Copa, Alan Araruna e Alan Espinosa (filho de Valdir Espinosa, ex-jogador, treinador e atual coordenador técnico do Grêmio), confirmaram que observadores de grandes clubes do país devem comparecer ao evento. Também esteve na coletiva o diretor do CFZ-JF, Leonardo Beire, que vê na disputa um marco para Juiz de Fora e região.
Para Zico e os organizadores, o quase nulo espaço da transição da base para o profissionalismo na cidade acaba beneficiando o torneio, disputado apenas por jogadores que não são filiados a clubes. A ideia, contudo, não é de empresariar os destaques. “É uma oportunidade que eles estão tendo e que raramente eu passei na minha infância. Nessa Copa já tivemos meninos que foram observados, fizeram testes e estão no Flamengo, Botafogo e times pequenos do Rio. Nosso intuito não é empresariar eles, mas encaminhar, e que os clubes resolvam com as famílias dos moleques”, esclarece o Galinho.
‘O Flamengo não é time de passagem’
Os cenários de Flamengo e Maracanã também foram abordados por Zico. Após críticas às atuações que culminaram com a eliminação rubro-negra da Libertadores, o Galinho citou a mentalidade dos atletas do clube carioca como uma das necessidades de evolução para que as conquistas voltem para a Gávea.
“Todo jogador que está no Flamengo deveria conhecer a história do clube. A torcida não pede gênios, mas que o cara lute, tenha garra. Não foi à toa que o Rondinelli se tornou o Deus da Raça. É que hoje os investimentos são altos e (os torcedores) acham que por isso você é obrigado a ganhar. Mas o futebol é o único jogo em que o mais fraco ganha do mais forte. No Flamengo aconteceram alguns resultados que a torcida cobra, mas todo jogador tem que estar satisfeito de ser cobrado, porque isso quer dizer que podem dar mais. O Flamengo não é time de passagem, mas de conquistas”, observa.
Já o maior palco esportivo do mundo vive dias ainda mais nebulosos. Sob administração que cobra altas quantias dos clubes cariocas, os duelos ocorrem cada vez em menor frequência no local. O panorama, para Zico, pode levar o estádio a ser mais um elefante branco.
“O Maracanã é a casa do Brasil, não do Fluminense, Flamengo, Vasco. É do futebol. E se os clubes sabem da importância do Maracanã, os representantes têm que saber a dos clubes para o estádio e tentar criar uma fórmula para que os jogos entre eles sempre sejam lá. Mas tem que diminuir o prejuízo, porque o Maracanã hoje é muito caro para jogar. Um absurdo o que foi gasto e querem receber tudo de uma vez. Acham que os clubes são bobos e devem pagar essa conta. O Maracanã está no caminho de um elefante branco. A Olimpíada foi maravilhosa, mas como está o Brasil hoje? Qual o legado que deixou? Zero.”