O Estádio Soares de Azevedo, em Muriaé, cidade localizada a 161 quilômetros de Juiz de Fora, recebeu, durante o mês de outubro, a primeira edição do Campeonato Mineiro feminino sub-17, organizado pela Federação Mineira de Futebol (FMF). A final da competição aconteceu no último domingo (20), entre entre o Nacional e Araguari, com vitória da equipe da casa por 2 a 0. Uma das jogadoras campeãs estaduais pelo NAC é a juiz-forana Eliza Leite, de 14 anos. A jovem atleta foi titular em quatro dos cinco jogos disputados pelo tricolor no torneio.
A identificação de Eliza com o futebol começou quando a adolescente ainda era criança. “Sempre foi uma coisa muito minha. Desde que eu me entendo assim, sempre estou querendo fazer esporte, jogar futebol”, explica a jovem atleta.
Percebendo o crescimento da paixão da filha por esportes, os pais de Eliza a inscreveram em escolinhas para desenvolvê-la, conforme relata a mãe da jovem, Lilian Pereira. “Ela começou a fazer futsal no Jesuítas e sempre gostou muito de futebol (…), então eu coloquei ela no Zico. Quando começou a jogar, só tinha ela de menina”, conta.
Para Lilian, a vontade de Eliza de jogar futebol em meio aos meninos mostrou a força de vontade da filha em conseguir os seus objetivos. “Eu sempre levei numa boa. Acho que era o que ela queria, ela gostava, e sempre admirei essa atitude dela de ir jogar com os meninos, não ficar envergonhada, e fazer o que ela queria. Eu sempre a apoiei muito, desde o início, era isso que ela queria”, afirma a mãe da meio-campista.
Atualmente, no Centro de Futebol Zico (CFZ), Eliza treina, na maioria das vezes, apenas com meninas, principalmente futsal e fut-7. Porém, os treinamentos de futebol de campo são realizados com meninos. Para a jovem, ser a única menina das atividades lhe ajudou a desenvolver atributos dentro do esporte. “Sinto que é um futebol muito mais rápido. Isso trabalha a velocidade, tanto de raciocínio, quanto da ação mesmo”, avalia.
No CFZ, Eliza é treinada por Giovane Soares desde 2021. Para o profissional, a jovem tem um grande futuro pela frente, já que, atualmente, demonstra segurança e domínio de suas ações em categorias acima da idade dela. “Com uma consciência técnica e tática elevada e alinhado ao condicionamento físico que a posição exige. Ela é uma atleta aplicada e comprometida (…), tem condição e potencial para, em um futuro próximo, atuar profissionalmente em grandes equipes”, afirma o técnico.
Oportunidade no NAC
Vendo o desempenho de Eliza no dia a dia, Giovane conseguiu uma oportunidade para a meio-campista de disputar o Campeonato Mineiro feminino sub-17 pelo Nacional. A jovem foi aprovada no teste e passou a treinar com o elenco do NAC duas vezes por semana. “A gente começou a treinar toda quarta e sábado em Muriaé. Eles queriam formar um time para disputar o Campeonato Mineiro, abracei a oportunidade e fui na semana seguinte”, explica Eliza.
O Campeonato Mineiro permite a participação de jogadoras com até 17 anos, três a mais que a idade atual de Eliza. Apesar da diferença etária, a meio-campista juiz-forana entende que participar da competição foi uma experiência única para ela. “Eu nunca tinha jogado um campeonato de futebol de campo mesmo. Só tinha jogado campeonatos de futsal e fut-7 no Zico. Achei que foi uma experiência que consegui ir aprendendo durante o jogo. Durante os treinos, eu conseguia aprender o que fazer, como movimentar e a sensação de ter torcida vibrando foi única”, afirma a atleta.
Competindo pela primeira vez no futebol de campo, Eliza sentiu diferença na questão física, não por competir com jogadoras mais velhas, já que parte das outras atletas também eram mais novas, mas sim por ter que atuar em uma faixa maior do campo nas partidas. “Eu tinha que estar em todo lugar do campo, aparecer o tempo inteiro. Como meio-campo, eu tinha que estar na esquerda, na direita e voltar para marcar o tempo inteiro, aí desgasta mais um pouco. Porém, a velocidade de raciocínio não precisa ser tão rápida assim como no futsal”, relata.
Um título histórico
O Nacional entrou para a história do futebol feminino estadual, já que a equipe se tornou a primeira a conquistar uma competição de base para mulheres organizada pela FMF. Para Eliza, estar presente neste momento foi inesquecível. “Foi uma sensação absurda de vibrar com o time e as meninas que a gente estava alojado por uma semana. A gente virou muito próxima mesmo, então acho que ganhar essa competição com elas foi a melhor coisa que poderia ter acontecido”, descreve a juiz-forana.
Para Lilian, acompanhar a filha no dia a dia dos treinamentos, preparação física e nas competições é motivo de muito orgulho. “Eu acho que é resultado de muito esforço dela, porque a Eliza é muito disciplinada. Ela mantém uma alimentação regrada, treina quase todo dia, faz academia. Fico muito orgulhosa e vejo como resultado de muito trabalho da parte dela. Acho que ela tem um dom”, relata.
*Estagiário sob supervisão do editor Gabriel Silva