A escolha do Inter Miami, de Lionel Messi, para disputar o Super Mundial de Clubes de 2025, nos Estados Unidos, gerou críticas mundo afora. Gianni Infantino, presidente da Fifa, anunciou a classificação da agremiação – a 31ª, das 32 vagas abertas para a competição – na última semana, após vitória da equipe por 6 a 2 sobre o New England Revolution, em que o atacante argentino marcou três gols, mesmo entrando no segundo tempo. O mandatário esteve presente na Flórida para chancelar a vaga.
Há dois critérios principais para se classificar para o Mundial de Clubes: ser campeão continental ou ter uma das melhores campanhas no ranking da confederação. Ainda há a vaga reservada para o país-sede, que foi destinada ao Inter Miami. Em outras edições, desde que a competição passou a ser organizada pela entidade máxima do futebol em 2000 – e anualmente a partir de 2005 -, em todos os anos esta vaga foi repassada ao campeão nacional. Fato que não ocorreu para 2025.
Quando a Fifa revelou os critérios de classificação para o torneio e o número de vagas destinadas para cada confederação, especificou que “os detalhes da vaga do país anfitrião serão comunicados oportunamente” ao longo do ano. “Lionel Messi no Mundial de Clubes faz sentido, mas como ele chegou lá é ridículo”, escreveu o portal The Athletic. De fato, existe um motivo por trás da escolha: o título simbólico da Supporters’ Shield, da MLS.
Este troféu é dado ao clube com a melhor campanha na temporada regular da competição americana. Neste ano, o Inter Miami terminou com 74 pontos (22 vitórias, oito empates e apenas quatro derrotas), que também é o recorde histórico na primeira fase do torneio, e que a franquia ainda terá três jogos a disputar.
“Todos nós sabemos como Miami é apaixonada por futebol e como o Inter Miami é apoiado por toda a Florida, além de sua importante marca no futebol”, disse o presidente da Fifa, Gianni Infantino, no último final de semana.
A temporada da MLS termina em dezembro, com o título da MLS Cup – nome dado à fase de mata-mata do campeonato. Em 2023, o Columbus Crew se sagrou campeão, ao derrotar o Los Angeles FC. A vaga do Mundial de Clubes poderia ser destinado ao último vencedor, como ocorreu em 2000, quando o Corinthians se classificou por conquistar o Campeonato Brasileiro de 1998.
Assim como em 2000, em que o Corinthians repetiu a dose e se sagrou campeão nacional em 1999, o Inter Miami ainda tem chances de conquistar a MLS Cup e, de fato, ir para o Mundial de Clubes com o título nacional. No entanto, essa movimentação da Fifa evidencia alguns dos problemas pelo qual a competição passa nos últimos meses. Em especial na questão comercial.
A Fifa ainda não vendeu todos os direitos de transmissão para o Mundial e encontra uma resistência de clubes e federações, principalmente europeus, na organização do torneio. “Presidente da Fifa, você sabe que não vendeu os direitos de transmissão pelo orçamento que disse. Você sabe que não tem os patrocínios que havia orçado. Você sabe que as ligas e o sindicato dos jogadores não querem esse Mundial. Retirem esse Mundial agora (do calendário)”, disse Javier Tebas, presidente de LaLiga, durante o Segundo Fórum da União dos Clubes Europeus.
Contar com Messi seria uma forma de atrair veículos interessados em transmitir a competição. “A Fifa não está nem escondendo mais. Quando você está precisando desesperadamente de um grande acordo de direitos de transmissão e alguns grandes patrocinadores americanos nos próximos meses, o momento da sutileza já passou. Se tudo parece muito conveniente, é porque é exatamente isso”, criticou o The Athletic nesta semana.