Ícone do site Tribuna de Minas

Casal supera doenças e fortalece a união com a corrida

casal qual seu corre2 by couri
“Tem dia que um de nós levanta indisposto (…). Mas um apoia o outro e sempre vamos correr” (Foto: Felipe Couri)
PUBLICIDADE

Cloves Bordinhon e Enilce Elvira enfrentaram desafios de saúde que surgiram como tempestades inesperadas, mas encontraram refúgio no esporte e na força do amor que compartilham. Com resiliência e foco, o homem, de 62 anos, natural de Laranjal; e a mulher, de 44 anos, de Coronel Pacheco – provas vivas do poder do esporte – disputam, há oito anos, o Ranking de Corridas de Rua de Juiz de Fora. Juntos, eles colecionam vitórias que vão além da linha de chegada. Pelas suas histórias, os dois são os personagens da sexta reportagem da série “Qual é o seu Corre?”, que conta a trajetória de vida de corredores a cada etapa da disputa mais movimentada da cidade.

O casal, que mora no Bairro Morro da Glória, região central, estará, neste domingo (27), junto aos 800 inscritos na Corrida do Independência, sexta etapa do Ranking. A largada acontece às 8h, no estacionamento do Independência Shopping, com percurso principal de 5km. Haverá, ainda, a opção de caminhada, com 2,5km, além de uma corrida infantil. Todos os participantes receberão medalha, e os cinco primeiros no masculino e no feminino recebem troféus, assim como as três melhores equipes e o melhor time PCD.

PUBLICIDADE

História dupla de superação

A trajetória de Enilce nas corridas começou há oito anos, por incentivo do seu marido. Antes sedentária, ela começou a caminhar, depois evoluiu para o trote, até, de fato, correr. Entretanto, justamente quando estava em sua melhor fase, descobriu um tumor maligno na pelve e precisou fazer uma cirurgia. O momento foi de tensão para marido e esposa. Mas, por conta da prática de atividade física, o tratamento foi rápido.

PUBLICIDADE

“Era para eu ficar três meses afastada do esporte, mas voltei em um mês. A corrida me ajudou durante todo esse tempo, três anos de quimioterapia e cinco de controle. Hoje, estou curada, toquei o sininho da Ascomcer em junho”, diz Enilce.

Já o início de Cloves na prática de atividade física surge após ele entrar para a Polícia Militar, há mais de trinta anos. Apaixonado pela modalidade, sempre teve como meta de vida ter foco na saúde. Mas, por “ironia do destino”, como define, em maio de 2022, sofreu um AVC por causa de um problema genético no coração. O momento foi de desespero para o casal, mas logo uma notícia – que já havia os tranquilizado anos atrás – trouxe alívio.

PUBLICIDADE

“O médico falou comigo que eu não morri porque pratico atividade física. A corrida salvou a minha vida, não fiquei com nenhuma sequela. Hoje, tenho a pressão e o triglicérides controlados, muito bem-estar e saúde adequada”, fala Cloves, que voltou a correr seis meses após o AVC. “Nesse tempo sem o esporte, fiquei muito triste, aborrecido, sentindo falta, parecia que faltava algo”, relembra.

“Se tornou estilo de vida, ter companheirismo e o nosso corpo em movimento”

Apoio no relacionamento

Antes e depois de superar as doenças, o casal manteve o hábito de participar de competições juntos. “Eu incentivei a Enilce, mas hoje ela corre até mais do que eu. Tem dia que um de nós levanta indisposto, querendo ficar na cama. Mas um apoia o outro e sempre vamos”, conta Cloves. A esposa comenta que os dois fazem todas as atividades do dia a dia juntos, e que a preferida é a corrida. “Se tornou estilo de vida, ter companheirismo e o nosso corpo em movimento”, define. 

PUBLICIDADE

Além do fortalecimento do vínculo como casal, Cloves e Enilce comemoram os laços afetivos formados com outros corredores. “Fazemos muitas amizades, a corrida traz afeto e socialização. Você está sempre saindo de casa e viajando para outras cidades”, avalia a mulher. 

“O sofá faz mal”

Sempre que consegue, o casal disputa provas em outros estados, como o Rio de Janeiro. Cloves acredita que, nesses locais, há mais incentivo para os corredores locais. “As corridas são mais baratas e existem lugares adequados para treinar. Em Juiz de Fora, falta muito incentivo. Temos que treinar na orla do Rio Paraibuna, que é irregular e acontecem muitos acidentes”, critica.

Apesar de entender que deve haver melhorias estruturais no Ranking e no cenário das corridas da cidade como um todo, o casal pretende correr por muitos anos. “Enquanto meu corpo aguentar e Deus estiver nos dando saúde, estaremos praticando. Até porque me dá mais disposição para trabalhar, diminui minha ansiedade e me torna uma pessoa mais alegre”, enumera Enilce. Já Cloves pede para que os outros corredores também incentivem mais pessoas a correr. “O sofá faz mal. Chame um amigo e vá liberar endorfina”, recomenda.

PUBLICIDADE
Sair da versão mobile