É comum que muitos jogadores profissionais de futebol, após encerrarem sua carreira, continuem envolvidos com o esporte. Mas há situações raras, como a de Samuel Souza, que, ao mesmo tempo em que era jogador, conseguia conciliar com a faculdade de Educação Física. Ex-Tupi, o juiz-forano optou por pendurar a chuteira aos 28 anos para poder ajudar atletas com suas habilidades adquiridas tanto em campo quanto nos cadernos. Hoje, com 17 anos de experiência, ele atua como preparador físico de cerca de 40 jogadores, um deles na base do Bayern de Munique, outro na Seleção Brasileira e vários em diversos times renomados do país.
Além de atletas de categorias de base, o preparador já trabalhou e levou o nome do futebol de Juiz de Fora a jogadores conhecidos no cenário nacional, como Euller, o “filho do vento”; Ceará, lateral-direito campeão do mundo com o Internacional; e Leandrinho, lateral-esquerdo com passagem pela Seleção Brasileira.
Como é o trabalho?
Para traçar a melhor preparação física de atletas da base de times como Cruzeiro, Atlético-MG, América-MG e Atlético-PR, Samuel busca aliar seu conhecimento com as mais novas tecnologias. “Além de ter vivenciado tudo o que os jogadores passam hoje, fui adquirindo muito conhecimento e trabalho com equipamentos importados que não são encontrados no Brasil. Com eles, tenho a capacidade de avaliar um atleta de forma profunda, podendo ter a confiança de abordar e intervir para que ele melhore”, explica.
Pela alta performance exigir dos atletas tomadas de decisão em milésimos de segundos, conforme diz Samuel, o trabalho desenvolvido precisa identificar déficits e desequilíbrios para que o esportista consiga otimizar potência, velocidade de reação e raciocínio. “Isso tudo deve estar aliado à motivação, constância, entrega e energia nos treinamentos. Nada vem fácil, precisa ser uma construção diária, 1% a cada dia. A disciplina é que vai fazer o atleta alcançar seu espaço”, enxerga o preparador, que trabalhou no último time profissional do Sport Club JF, em 2010.
Aliado à preparação física, o futebol moderno exige que os jogadores tenham um trabalho multidisciplinar, na visão do juiz-forano. “Tento provocar a parte emocional, a autoestima, a capacidade de superação e a atenção, que são fundamentais para que os atletas consigam colher resultados em campo. Por ter sido jogador, sei como é a sensação que cada um tem ao entrar em uma partida por grandes equipes, e busco ajudar”.
Futebol de Juiz de Fora
Além de atletas que jogam nos Estados Unidos e na Europa e fazem consultoria on-line, Samuel também realiza a preparação física de jogadores do futebol local: o goleiro Danilo, ex-Villa Real e que esteve no Tupi nesse ano; o meia Kassinho, também do Tupi, e o zagueiro Rayan, ex-Tupynambás e Manchester. No seu pensamento, a cidade tem muitos talentos, mas que não são desenvolvidos pela falta de solidez dos clubes. “Falta ter raízes, só tivemos alguns picos. A mudança precisa começar na base, visto que Juiz de Fora tem pouca representatividade nas competições estaduais e nacionais. Aqui, não há um centro de treinamento de alta performance que o futebol de hoje exige. Falta um investimento alto em infraestrutura”, opina Samuel.