Ícone do site Tribuna de Minas

Juiz-forano supera sedentarismo e conquista títulos no jiu-jítsu

PUBLICIDADE

Luta. Para a vida de Victor Henriques, essa palavra é fundamental em dois sentidos. Tanto na sua paixão, o jiu-jítsu, quanto na batalha pela saúde, contra a obesidade. Como diz o atleta, nunca será só um esporte. A arte marcial salvou sua vida, como ele relata, enquanto a busca pela perda saudável de peso continua. ”Sou analista de sistemas e com a pandemia me tornei ainda mais sedentário. O home office estava realmente acabando comigo. Me sentia cansado ao acordar e ao subir as escadas para a minha casa, que tem dez degraus. Mas comecei no esporte em janeiro de 2021, vi uma chance de me cuidar e consegui sair do sedentarismo. Agora, venho lutando contra a obesidade pela primeira vez”, conta o morador do Bairro Francisco Bernardino, de 28 anos, que treina no Brooklyn Masmorra, unidade da Zona Norte da Bravo Jiu Jítsu, mesma região de onde mora.

Victor não apenas tem melhorado sua qualidade de vida, como almeja participar de importantes torneios pelo país (Foto: Fernando Priamo)

Desde que começou no esporte, o lutador tem acumulado conquistas também esportivas. “Venci a Copa Rio Branco, um campeonato que acontece todo ano na cidade de Visconde do Rio Branco, organizado pelo Thales Brown, que leva muitos lutadores de cidades vizinhas, como Juiz de Fora e Viçosa. Ano passado também conquistei a Copa Barbacena”, diz o atleta, que integra a categoria pesadíssimo com a faixa branca.

PUBLICIDADE

Mas a luta, em ambos os contextos, ainda não acabou. ”Perdi 10kg, é motivador, e quero melhorar ainda mais. Vou estar melhor a cada luta, mesmo que meus adversários sejam muito fortes. Eu sou sempre o mais baixo, como sou obeso e luto na última categoria, sou o menor. Mas é muito legal competir, pela primeira vez eu me sinto com saúde. Antes, para subir os degraus da escada da minha casa eu já me sentia cansado. Esse ano pretendo disputar os campeonatos da CBJJO, que são o Estadual, em abril, o Brasileiro, em maio, o Mundial, em julho, o Pan-Americano, em setembro, e a World Cup, em novembro, além do Open Juiz de Fora em maio. Eu sonho em ganhar uma medalha no Mundial, pode ser de qualquer colocação”, conta Victor à Tribuna.

PUBLICIDADE

Nada se conquista sozinho

Caminhada de Victor foi impactada também pela relação construída com o mestre Jackson Silverio (Foto: Fernando Priamo)

Mas o começo não foi fácil. Para conseguir superar o sedentarismo e se tornar um bom atleta, Victor recebeu muitos conselhos de seu mestre, Jackson Silverio, e incentivo também de atletas mais experientes. ”Um amigo me chamou para conhecer o CT do Brooklyn Masmorra, cheguei muito envergonhado por ser obeso e não ter mobilidade, mas fui muito bem recebido pelo sensei Jackson e pelos companheiros de equipe. No início, às vezes me sentia frustrado por não conseguir fazer uma determinada posição, só que meu sensei sempre me aconselhava para eu me adaptar. Também fui apadrinhado pela Ana, faixa azul da Academia, que sempre me incentivava, e comecei a gostar, me sentia muito à vontade. Comecei a ganhar qualidade de vida aos poucos, mesmo sem perceber. Passei a dormir melhor e me sentir menos cansado”, garante o lutador.

A superação e o companheirismo de pessoas como o mestre Jackson formaram combinação de sucesso para o atleta chegar onde está, ativo e conquistando títulos. ”Eu sou professor e amigo, porque no jiu-jítsu a relação vai muito além do que aluno e professor. Somos uma família, e é muito gratificante ter a oportunidade de poder incentivar outras pessoas, provando que as limitações estão nos pensamentos delas. O Victor é um atleta muito esforçado, inteligente e dedicado, por isso a evolução dele é bem acima da média. Apesar de ser mais pesado, está se superando a cada dia, a cada treino a gente vê evolução”. Ele vai chegar mais longe, vem perdendo peso gradativamente, ainda vamos ouvir falar muito do Victor”, acredita o sensei.

PUBLICIDADE

“A derrota me motivou demais”

Mesmo com uma rotina de treino semanal na arte marcial, outro esporte foi importante para Victor dar a volta por cima. ”O jiu-jítsu foi uma válvula de escape em meio à pandemia, e nesse ano fui competir o Sul-Americano pela CBJJO e fiquei em segundo lugar. A derrota me motivou demais, voltei a fazer dieta e comecei na natação, pois queria voltar melhor fisicamente. Hoje estou com 144kg. Meu sensei sempre me diz: ‘é você contra você mesmo'”, relata o atleta, que enxerga viver com muito mais qualidade de vida.

Apesar do preconceito sentido pela sociedade em geral com as pessoas obesas, exclusivamente na luta Victor conta que não sofre julgamentos. ”O jiu-jítsu é para todos, independentemente de biotipo. Ali todos somos iguais. É muito importante se sentir parte de algo, incluso, independente das dificuldades que temos”, ressalta o lutador. Inclusive, há um atleta em especial, do peso pesadíssimo, no qual o juiz-forano se inspira . ”Me inspiro no multicampeão Otávio Nalati, e espero um dia conhecer ele. É muito mais fácil quando a gente tem uma referência em qualquer coisa que seja”, elogia Victor.

PUBLICIDADE
Victor com as medalhas das duas últimas conquistas na arte marcial (Foto: Fernando Priamo)
Sair da versão mobile