O discurso no Tupi, independentemente do tema abordado, tem sido pautado pela reestruturação nos últimos meses. E essa retomada, que vai muito além do que acontece nas quatro linhas, envolve, necessariamente, as categorias de base, não somente pelo aspecto financeiro. Isto porque, na gestão anterior à do atual presidente Eloísio Pereira, o então mandatário José Luiz Mauller Júnior, o Juninho, e a agremiação alvinegra foram alvos, há um ano e meio, de uma investigação da Polícia Civil após denúncias de promessas de profissionalização e outras irregularidades no projeto de base carijó. O episódio, somado a outras insatisfações de torcedores e frustrações esportivas, enfraqueceu, conforme os próprios diretores do Galo, a imagem do clube em diversas esferas. A volta do time sub-20, confirmada neste mês e já com treinamentos realizados, também passa por este processo. Diante disto, o presidente carijó, o gerente de futebol Guilherme Aníbal e o coordenador técnico e treinador Wesley Assis responderam questionamentos da Tribuna sobre os próximos passos e objetivos, além das características que comprovem uma mudança de rumo, de fato, aos torcedores.
Além do trio, compõem o sub-20 carijó o diretor de futebol Thiago Cardoso, o preparador físico Afonso Filho, o preparador de goleiros João Rinco, o roupeiro Celso Boró e o massagista Castelo – todos profissionais de Juiz de Fora. Conforme Gulherme Aníbal, a retomada faz parte de um processo maior vivenciado pelo clube e não é planejada apenas com metas imediatas.
“A idealização do projeto foi mirando a médio e longo prazos, e não apenas para 2023. O Tupi, como muitos sabem, vem se reestruturando, não só no futebol, mas administrativamente também, com uma nova gestão, um novo perfil e perspectivas. Sabemos que não será fácil, mas o primeiro passo teria que ser dado, e foi. Agora é ir estruturando, organizando, prospectando parceiros que possam ir viabilizando essa reestruturação, com muita transparência e organização“, explica o gerente. “A marca Tupi é extremamente forte e respeitada em todo o país. Infelizmente o clube passou por momentos em que essa marca foi impactada, mas estamos focados em mudar essa história. Todo o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo presidente e toda a diretoria já vem colhendo frutos, os olhares dos empresários e dos torcedores já estão mudando, e temos a certeza que o Tupi será forte novamente”, complementa.
Conforme o presidente Eloísio, não há, no entanto, parcerias com a iniciativa privada ou empresários firmadas até o momento. “Como tem sido ao longo dos anos, a grande dificuldade ainda tem sido a captação de investidores e parceiros. Fundamental para o êxito do projeto é encontrarmos pessoas e/ou empresas que queiram investir no futebol através do Tupi Foot Ball Club. A nova diretoria vem se esforçando para mostrar a todos que há necessidade de olhar para frente e que investir em um time de futebol com a marca do Tupi é sim um excelente negócio. Estamos caminhando e temos certeza que a história do Tupi voltará a ter páginas que encherão de orgulho seu torcedor”, reforça. “Já estivemos reunidos com diversas pessoas ligadas ao futebol que manifestaram interesse em participar, ao lado do Tupi, desse novo rumo. Esperamos agora um melhor acolhimento por parte das empresas para que essas ouçam as propostas do clube em um negócio que seja bom às partes”, deseja.
‘O Tupi pensa em abastecer o mercado e o time profissional’
O meio-campista Max, hoje na Major League Soccer, dos Estados Unidos, despertou o interesse do Flamengo quando atuava pelo Tupi na Copa São Paulo de Futebol Júnior, em campanha histórica na temporada de 2020. A participação na Copinha foi possível graças ao inédito vice-campeonato estadual sub-20 na temporada anterior. Para 2023, porém, o clube ainda não confirmou a participação no Mineiro da categoria, que deve começar em abril.
“O Tupi trabalha com os pés no chão. Disputar o Mineiro é um dos objetivos do projeto, mas para isso acontecer, precisamos de apoio financeiro, já que sem dinheiro é impossível fazer futebol. Há um grupo trabalhando na captação de parceiros para que essa participação se torne realidade. Se for possível, ótimo, se não, vamos nos preparar para os próximos anos e, enquanto isso, manteremos os treinamentos e iremos realizar jogos amistosos. Não queremos criar falsas expectativas em nosso torcedor, o trabalho será dia após dia. O importante agora é viabilizarmos parcerias para que o projeto se consolide”, esmiuçou o presidente carijó Eloísio Pereira.
Treinador das campanhas no Mineiro de 2019 e Copinha de 2020, Wesley Assis voltou para Santa Terezinha nesta temporada, agora também como coordenador técnico. O juiz-forano participa, desde o começo, da formação de um elenco que já possui 25 nomes, número que deve ser mantido entre saídas e chegadas. “O processo já vem acontecendo há algum tempo. Tenho sempre o interesse de acompanhar o futebol de base da cidade, mesmo que de longe. Desta forma, conheço muitos atletas na região e essa escolha passa por um perfil que o clube quer. Selecionamos também alguns jovens que passaram em uma avaliação recente do clube. Daremos oportunidade, logicamente, a atletas com potencial. Hoje o clube pensa em abastecer o mercado, mas também ser um elo com o futebol profissional“, explica Wesley.
A ideia, conforme Guilherme Aníbal, ainda é a de filiar os jogadores que permanecerem para a sequência da temporada. “Nosso objetivo é o de trabalhar na formação de atletas tanto para fortalecer o time principal, quanto focar no mercado. Sabemos o quanto é importante para os clubes os negócios envolvendo os jogadores da base, no que diz respeito ao incremento das receitas. Nosso objetivo, portanto, é trabalhar na formação desde às escolinhas, passando pelo sub-15, sub-17 até chegar ao sub-20, e se tornar, a longo prazo, um clube formador.”