O entretenimento parece inerente à vida do empresário Leonardo Rizzo, 41 anos. Mas poucas vezes ele foi tomado por tamanha adrenalina e felicidade como no último dia 16. O juiz-forano nascido no Bairro São Mateus, na região central da cidade, passou de espectador e intermediador, da sua rede de camarotes em grandes eventos do futebol nacional, para o papel de protagonista nas mesas de poker em São Paulo. In the game (ou dentro do jogo), expressão popularmente usada na modalidade, Léo deixou para trás um “field” de 88 adversários, metade deles de profissionais, e cravou o evento de número cinco da grade do BSOP Millions, o “Brazilian Series of Poker”, principal competição ao vivo do esporte da mente no país, com um prêmio de R$ 1.055.000,00 no bolso.
“Foi uma adrenalina máxima que eu acho que já tive na minha vida, porque ganhei mais de R$ 1 milhão jogando poker, então é uma sensação surreal. A gente sabe que muitas pessoas tentam a vida inteira ganhar R$ 1 milhão, e eu consegui jogando o Brasileiro de Poker, então é algo indescritível. Não lembrava nem da minha reação na hora, tive o ápice da adrenalina da minha vida”, recorda Léo à Tribuna, que investiu R$ 50 mil para entrar no torneio.
O inédito título e a premiação histórica foram sacramentados após o juiz-forano receber um par de setes em sua mão na última jogada, que foi trincado logo no flop – as três primeiras cartas exibidas na mesa -, contra um KJ de Eduardo Pires, oponente que detém um bracelete do WSOP, a Série Mundial de Pôquer (World Series of Poker, em inglês).
“No poker, quando você atinge uma premiação que você nunca conseguiu, é chamado de big hit. Quando eu entrei na final e tive a sensação de dar o all in (apostar todas as fichas) com o 77, abre o flop e eu vejo que trinquei (apareceu outro 7), foi um sonho”, comemora.
Confira o vídeo:
No vídeo da competição, é possível acompanhar a emoção do momento da vitória de Leonardo Rizzo.
Poker, cerveja, pizza e amigos
Como acontece com muitos jogadores de poker, Léo conheceu o esporte da mente em sua casa, ao jogar com amigos. “Comecei a jogar em 2014. Era todas as quartas-feiras à noite. Poker, cerveja e pizza na minha casa”, conta.
Formado em Educação Física, a veia competitiva de Léo o levou à evolução como jogador, tendo a prática sempre como hobby. “Me identifiquei muito com o poker depois que eu parei de jogar futebol. Por ser um esporte individual, que só depende de mim para ter bons resultados, e ter essa adrenalina, a vontade de vencer todo mundo que tiver em um torneio. Isso me motiva demais. E sempre encarei como um hobby, para me divertir e poder distrair do meu dia a dia.”
Apesar do lado recreativo, Léo joga torneios do BSOP há quase uma década e coleciona pódios. “Já tenho bastante troféus de BSOP, são mais de 15. Também tenho oitavo lugar do campeonato mundial, terceiro de outro mundial, títulos em países como México, Panamá, França, Estados Unidos, Uruguai e Argentina.”
De mesas com Neymar ao maior reconhecimento do esporte
Por desconhecimento da dinâmica do jogo, os amantes de poker ainda acabam tendo que lidar com o preconceito, sobretudo por uma relação inexistente, mas invencionada com os jogos de azar. No entanto, Léo Rizzo vê um reconhecimento crescente na modalidade.
“O poker é, mais do que nunca, um esporte super reconhecido. É legalizado, está na mesma prateleira que damas, xadrez, outros grandes esportes da mente. E virou essa febre nacional. Hoje, a gente tem federações em todos os estados brasileiros. Eu já tive a oportunidade de jogar desde Neymar até com lutadores do UFC, atores americanos, jogadores europeus, então o poker hoje é um esporte que muita gente aprecia”, avalia o empresário.
“Acho que o preconceito existe pra quem não conhece o esporte, pensando que é um jogo de azar. E muito pelo contrário, poker é habilidade. Se você não tiver inteligência emocional, for bom de estatísticas, de matemática, você nunca vai conseguir chegar a uma semifinal de BSOP, de um campeonato mundial. O poker é um jogo de estratégias e, acima de tudo, de pessoas. É você saber lidar com aquela situação, com as duas melhores cartas que você tem naquele momento e conseguir trabalhar. A sorte é mínima quando você sabe jogar.”
Juiz de Fora e Seleção Mineira
Léo conta, ainda, que é comum encontrar juiz-foranos pelas mesas no país. “Viajando e estando no circuito brasileiro, recentemente encontrei dois juiz-foranos na mesa. Até postei no meu Instagram. Eram três jogadores de Juiz de Fora, a cidade tem bons nomes no esporte. E, com certeza, no ano que vem eu espero estar na Seleção Mineira representando Minas Gerais e Juiz de Fora também”, projeta.