“O esporte me ajudou muito porque eu estava em depressão, não estava bem. Tudo começou em uma corrida na UFJF, em que o professor Leo Lima me inscreveu. Dei uma arrancada nela, e o Gedair Reis (guia e maratonista) já me convidou para participar da equipe do JF Paralímpico. A partir disso ganhei muitas medalhas principalmente em provas da cidade.” O relato do paratleta Érico Veríssimo, 31 anos, deficiente intelectual, embasa tema principal do “Algo em (In)Comum”, evento desta sexta-feira (27), às 14h, que abordará o esporte adaptado da cidade. O encontro ocorre na sede do organizador da iniciativa, o Departamento de Políticas Para a Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos (DPCDH, Rua São Sebastião, 750, Centro) da Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF).
Segundo a gerente do DPCDH, Thaís Altomar, “o Algo em (In)Comum é um programa criado a partir do olhar sobre as políticas públicas do município, para focar o assunto de fora para dentro, conhecer as maiores necessidades das pessoas com deficiência e transformá-las em política pública.” O nome do projeto, ainda de acordo com Thaís, foi definido porque abrange “coisas comuns a todas as pessoas, como paternidade, saúde, educação e o esporte, mas com o viés das dificuldades encontradas pelas pessoas com deficiência.”
Érico estará na roda de conversa. Praticante de atletismo, futebol e vôlei pelo programa JF Paralímpico, da PJF, desde 2006, o estudante de pedagogia vê no número de ônibus com espaço para o deficiente um ponto a ser melhorado. “Acredito que será um bom debate sobre nossas possibilidades e espero que as coisas possam melhorar. Uma das principais mudanças é no número de linhas com espaço para cadeira de rodas. Essa é uma reclamação de amigos que tenho”, conta. Este assunto também foi abordado por Gedair Reis, que desde 2009 é guia no JF Paralímpico entre mais de dez voluntários.
“Vejo uma grande dificuldade deles na locomoção de sua residência para o local da atividade, seja o treino ou o evento. Independente da deficiência, todas necessitam de alguém acompanhando. E algumas famílias não conhecem a atividade física para o deficiente, ou não confiam, por um motivo ou outro, e acaba não tendo ciência da importância do esporte na vida dessas pessoas. Muitas acabam, infelizmente, deixando às vezes essas pessoas de lado”, analisa Gedair.
Até o momento, não há um projeto específico para o transporte dos atletas. Contudo, chegar a estas demandas é meta do encontro. “É justamente este um de nossos objetivos. Se esta demanda surgir no encontro, vamos ouvir e, em contato com a Settra e a SEL, analisaremos de que forma isso pode ser realizado para ajudar os PCDs”, destaca Thaís.