A bandeira do Brasil foi hasteada nos Jogos Olímpicos de Paris por 20 vezes em cerimônias de entrega de medalhas, e o Hino Nacional foi executado em três ocasiões, porém, para o esporte de Juiz de Fora, um dos momentos mais especiais foi a final do lançamento de dardo. Em 2024, a prova voltou a ter um finalista brasileiro depois de 92 anos: o juiz-forano Luiz Maurício da Silva, natural do Bairro Nossa Senhora de Fátima, na Cidade Alta. Com um arremesso de 85,56 m na fase classificatória, recorde sul-americano, o atleta de 24 anos emocionou a cidade com sua conquista.
A final do lançamento de dardo foi disputada na tarde do dia 8 de agosto. Alunos da Escola Municipal Presidente Tancredo Neves, onde Luiz Maurício estudou na infância, se reuniram no ginásio do colégio para acompanhar a decisão. Simultaneamente, a reportagem da Tribuna esteve na casa onde o atleta cresceu para assistir a decisão pela medalha com sua família e amigos, que compareceram em peso à decisão.
Durante a final, o sentimento que ecoava naquela casa se alternava entre a felicidade, a tensão e o alívio. Luiz Maurício realizou o seu primeiro arremesso às 15h25 e a marca de 80,67 m foi muito celebrada por todos os presentes que, logo em seguida, realizaram uma oração para o juiz-forano. Cláudia Dias e Julio Oliveira, pais do atleta, estavam nitidamente emocionados.
O desempenho de Luiz Maurício no segundo arremesso foi inferior ao primeiro: 78,22 m, mas isso não foi suficiente para acabar com o otimismo naquela sala. Na terceira e última tentativa, o juiz-forano queimou o arremesso. Logo em seguida, os pais de Luiz Maurício se levantaram, dizendo que “valeu a pena”, demonstrando o orgulho de ver o filho alcançar uma final olímpica.
“Você foi longe, você é capacitado, você pode mais, e daqui a quatro anos, se Deus assim permitir, você vai fazer muito melhor. É por isso que você treina, é por isso que você cresceu lutando. Então, que Deus te abençoe, nós te amamos, você fez o seu melhor. Hoje em dia, você não é mais o Luiz Maurício. Você é o Luiz Maurício, atleta que chegou a uma final de uma Olimpíada”, disse Julio à época, muito emocionado.
Em cerca de um ano e nove meses que estou na Tribuna, essa foi, de longe, a minha cobertura mais especial. Poder estar junto da família de Luiz Maurício nas semanas que antecederam as Olimpíadas e enquanto acontecia a disputa dos Jogos Olímpicos foi algo marcante na minha trajetória, e tenho certeza que levarei o dia 8 de agosto de 2024 comigo durante toda a minha vida. São dias como esse que comprovam que acertei em seguir a carreira de jornalista.
*Sob supervisão do editor Gabriel Silva