A participação durante 31 anos em corridas de rua deu ao aposentado Gilberto de Mello, o Giba, muito mais do que medalhas e troféus conquistados em provas de curta e longa distância, no Brasil e no exterior. Aos 76 anos, ele gosta mesmo é de colecionar amizades, sendo referência para adeptos da modalidade pela sua atitude positiva diante da vida. Nem o marcapasso, que já trocou duas vezes, tira o seu ânimo. “A doença está na cabeça das pessoas”, ensina.
Nessa trajetória onde buscou, inicialmente, saúde e qualidade de vida, Giba fez muitos amigos. Na verdade, Super Amigos. Esse é o nome de uma das equipes que ajudou a fundar, em 1990, e que pode ser considerada precursora do movimento que inspirou a criação de outros grupos de amigos atletas e favoreceu o crescimento da modalidade esportiva, em Juiz de Fora, entre os anos de 2010 e 2011. Foi nesta época que surgiu a Corrida do Rodoviário Camilo dos Santos, já tradicional no circuito de rua da cidade, e que, a cada ano, registra mais atletas inscritos. Além dos treinos e encontros frequentes, os Super Amigos já apadrinharam pessoas com deficiência que tinham dificuldade financeira para participar das primeiras competições. “Lá se vão 27 anos de atividade, colecionando vitórias e muito companheirismo”, conta.
Giba também se orgulha de ter ajudado a formar a equipe dos Panga Runners, hoje com 40 pessoas. “É uma grande família, pois a maioria é casada e tem filhos. Além da prática semanal dos treinos para as competições, sentimos prazer em estar juntos em almoços, jantares, aniversários e viagens. Mesmo quando só alguns do grupo participam de uma competição, a turma vai junto para apoiar. Tudo é motivo para a gente se reunir”, conta.
Estímulo na hora certa
A integração que a prática da corrida naturalmente proporciona, por questões de proximidade e afinidade entre as pessoas, também pode ser estimulada. É o que acredita a empresária Carolina Hallack, da Saúde e Performance, assessoria esportiva para iniciantes e atletas, há dez anos no mercado. Para fortalecer os vínculos, a empresa investe em eventos de confraternização com os alunos. “Fazemos festa julina, comemoração de aniversariantes do mês, festa de final de ano, promovemos as viagens para as competições. Nessas oportunidades, as pessoas estabelecem um contato ainda mais próximo e aprofundam os laços de amizade”, diz.
Ter amigos por perto ajuda o atleta a manter a constância na prática esportiva. “Se um desanima, o outro está ali para encorajar”, destaca o empresário Gilberto Roque Júnior, da Tri Runner, assessoria esportiva. Segundo ele, as relações de amizade criadas entre os alunos são potencializadas nas viagens, ocasiões nas quais o grupo passa ainda mais tempo junto. As redes sociais, como o whatsapp, também ajudam. “Quando as pessoas começam a postar que já estão nos treinos e compartilham fotos, aqueles que estavam desanimados logo mudam de ideia”, conta.
O experiente Giba lembra que a amizade também é importante para manter aceso o espírito competitivo que faz as pessoas darem o melhor de si, superando as próprias limitações e dificuldades, nos treinos e nas competições. “Todo mundo é amigo, mas até a hora da largada”, diverte-se o bem-humorado Giba.