Ícone do site Tribuna de Minas

Com talento e maturidade, juiz-forano de 16 anos se destaca no Vitória

luiz gustavo DESTACADA by leo

(Foto: Leonardo Costa)

luiz gustavo3 by leo INTERNA1
Atleta saiu de Juiz de Fora para fazer sucesso em times de expressão nacional (Foto: Leonardo Costa)
PUBLICIDADE

Ao trocar poucas palavras com Luiz Gustavo da Silva, de 16 anos, já é possível entender o sucesso que ele tem construído no futebol. Com um sorriso no rosto, o atacante do Vitória exala humildade e simplicidade. Faz questão de exaltar os pais, Alexandre e Hildilane, a todo momento, e mostra um tom de conversa extremamente maduro para a pouca idade. Cria do Bairro Floresta, na Zona Sudeste de Juiz de Fora, o garoto é um dos destaques da base da equipe sub-17 time baiano, o qual disputará, no profissional, a Sul-Americana, a Série A do Brasileirão e a Copa do Brasil no ano que vem.

Se a maturidade do jogador chama a atenção, o futebol também. Antes da entrevista à Tribuna, realizada na Arena Furacão, no Bairro Santa Maria, na Zona Norte, Luiz brincava com a bola, com chutes no ângulo e lances que deixavam claro sua habilidade. Qualidade essa comprovada no Vitória – ele é titular absoluto e dono da camisa 7 do Leão.

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

Início no futebol e chance no Atlético-MG

Luiz Gustavo começou no futebol aos 9 anos, em um núcleo do Furacão no Bairro Retiro. Nessa idade, já jogavam com os meninos de 15 e 17 anos. Depois, foi levado para treinar na escola principal do time, no Bairro Santa Maria. Em seu primeiro campeonato, a Copa Zico de 2018, ele foi vice-artilheiro do sub-11, na época com 10 anos. No ano seguinte, jogou a Comary Cup, em que foi campeão e fez cinco gols.

Parado pela pandemia, o atacante retornou em 2021 com o título e artilharia da Copa Zico – 16 gols em cinco jogos. Nessa competição, o Atlético-MG começou a monitorá-lo. Mas foi no ano seguinte, em um campeonato em Rio das Ostras – no qual foi quem mais fez gols novamente – que a ida para um time grande no cenário nacional se consolidou. Após receber propostas de Flamengo, Atlético Mineiro, Red Bull Bragantino, Santos e Bahia, a escolha foi pelo Galo.

PUBLICIDADE

Já no primeiro clássico contra o Cruzeiro, Luiz sofreu uma entrada dura e precisou ficar parado por um mês e meio. Retornou e já assumiu rapidamente a artilharia do Mineiro e da Copa do Brasil sub-14. Porém, voltou a sentir dores e ficou mais um mês parado. A volta foi na semifinal do estadual contra o América-MG, em que fez dois gols. Na final, o Galo foi derrotado para o Cruzeiro nos pênaltis.

Destaque no Vitória

Em 2023, o juiz-forano perdeu espaço no Atlético-MG devido às lesões. Decidiu dar um passo atrás e foi para o SK Brasil, de São Paulo. Lá, foi artilheiro do Paulista, com 20 gols. O desempenhou chamou atenção do Vitória, que acertou com o jogador no início de 2024.

PUBLICIDADE

“Minha experiência no Atlético foi incrível e me ajudou muito na maturidade. Saí muito novo, com 13 para 14 anos, e aprendi bastante. Tive contato com os profissionais no CT, o que me motivava muito. Conversava bastante com Rubens e Savinho, que hoje está no Manchester City. No Vitória, a experiência também tem sido fantástica. O clube valoriza muito a base, e às vezes estamos com os profissionais. Já treinei com Alerrandro, artilheiro do Campeonato Brasileiro, que é uma grande inspiração.

Neste ano, o camisa 7 disputou a Aldeia-Cup, em Recife, pelo time baiano, terminando na segunda colocação, atrás do Palmeiras. Foram cinco jogos, nos quais Luiz marcou três gols. Em 2025, ele disputará, na categoria sub-17, o Baiano, o Brasileiro, a Copa do Brasil e a Copa do Nordeste.

Apoio dos pais e gratidão a treinador

Como conta Luiz, desde que ele foi para o Atlético-MG, seus pais largaram tudo para o acompanhar. “Meu pai era gerente e virou motorista de aplicativo para estar comigo. Ele dirigiu 32 horas de carro para me levar ao Vitória, também tinha o sonho de ser jogador de futebol. Minha mãe, que era costureira, deixou o trabalho. Eles enfrentaram muitas dificuldades para que eu pudesse realizar meu sonho, e tudo que faço é pensando em dar uma vida melhor para eles. Por tudo o que já fizeram por mim”, almeja.

PUBLICIDADE
Rafael Novaes, ex-treinador do Baeta, foi importante para a evolução de Luiz (Foto: Leonardo Costa)

Outra pessoa que o atacante demonstra gratidão é Rafael Novaes, seu treinador em Juiz de Fora, na Escola Furacão. “Eu gostava de jogar de meia. Ele sempre me falava para jogar de centroavante, mas não gostava, porque pegava pouco na bola, eu queria correr mais. Decidi ouvi ele e deu certo. Sempre terei muita gratidão”, diz o garoto, cujo sonho é fazer seu primeiro jogo profissional o mais breve possível.

Espelho em Vini Jr.

Perguntado sobre seus principais atributos, Luiz entende que são finalização, drible curto e velocidade. “O que posso prometer para a torcida do Vitória é que nunca vai faltar raça. Tenho um psicológico bom, busco estar com a mente tranquila. Me inspiro muito no Vinicius Júnior, pelo futebol dele e pelas críticas que enfrenta devido ao tom de pele. Ele consegue lidar com isso e desempenhar o máximo que pode. Por isso, ele é uma referência”.

Aos novos meninos da Escola Furacão, ele deixa um recado. “Quando era mais novo, eu ouvia pessoas dizendo aos meus pais que futebol era ilusão, que só virava jogador quem tinha dinheiro ou empresário, e eu não tinha ninguém na época. Então, dei meu máximo, queria provar que essas pessoas estavam erradas. É preciso acreditar nos pais e não ouvir pessoas de fora que só querem desanimar. É ter foco. Se você quer algo, tem que buscar, acreditar que é capaz”.

PUBLICIDADE

‘Tudo indicava que ele chegaria longe’

Responsável por transformar Luiz em atacante, Rafael Novaes diz que, desde cedo, a “força, potência, explosão e faro de gol impressionavam”. Além disso, o poder mental do jovem era um ponto de destaque. “É um líder dentro de campo, sempre ajudando os outros. Olhávamos para ele e sabíamos o que queria, o que buscava. Tudo que vimos indicava que ele chegaria longe. O orgulho para nós é imenso, fico muito feliz com o sucesso”, declara o técnico.

Fora do campo, o aluno também mostrava ser especial, garante o treinador. “É um menino tranquilo, alegre, que vem de uma comunidade. Ele viveu uma realidade semelhante à da maioria da população brasileira, com os pais se desdobrando para sustentar a família. Isso valoriza ainda mais o que ele conquistou. Sempre teve força para lutar. Tudo que acontece na vida dele é merecimento. Deus olhou para ele e disse: ‘esse menino merece'”.

*Sob supervisão do editor Gabriel Silva

Sair da versão mobile